05/02/2017 às 20:32, atualizado em 06/02/2017 às 11:25

Mais de 5 mil pessoas curtem os blocos de pré-carnaval neste domingo (5)

Entre eles, com recursos da Lei de Incentivo à Cultura, o Virgens da Asa Norte estimula o respeito à diversidade e a apropriação da cidade pela comunidade

Por Maryna Lacerda, da Agência Brasília

Com recursos da Lei de Incentivo à Cultura, o Virgens da Asa Norte estimulou o respeito à diversidade e a apropriação da cidade pela comunidade

Com recursos da Lei de Incentivo à Cultura, o Virgens da Asa Norte estimula o respeito à diversidade e a apropriação da cidade pela comunidade. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília

Mais de 5 mil pessoas ocupam espaços públicos de Brasília neste domingo (5), segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, para aproveitar a folia no bloco de pré-carnaval Virgens da Asa Norte, promovido com recursos da Lei de Incentivo à Cultura (LIC). Os blocos Abrindo a Roda, festejado por cerca de 300 foliões durante o dia no Sudoeste, e o Coco do Cerrado, que ocorre desde as 17 horas na Praça Central do Paranoá, também receberam apoio do governo local por meio da LIC.

Até as 20 horas deste domingo, nenhuma ocorrência policial grave havia sido registrada nesses e em outros dois blocos que também foram às ruas do Plano Piloto neste fim de semana. Não houve operação especial, mas todos os eventos receberam a segurança de policiais militares.

Ocupação do espaço público

Com o espírito de ocupação do espaço público, o Virgens da Asa Norte começou as atividades às 10 horas no Setor de Diversões Sul (Conic) e segue até a 0 hora desta segunda-feira (6). O objetivo do bloco é incentivar a cultura para todos os públicos e todas as tradições. Para a contratação de infraestrutura, como banheiros químicos, som e equipe de brigadistas, a organização contou com recursos da LIC e patrocínio privado.

[Olho texto=”“Aqui perto tem metrô, tem ônibus. Podemos escolher como voltar para casa”” assinatura=”Najana Alves, professora” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

O tema deste ano é o respeito à diversidade e foi motivado pelos casos de intolerância religiosa registrados no Distrito Federal e no Entorno em 2016. Por isso, a abertura do bloco incluiu a lavagem das escadarias. “Para abrir os caminhos em 2017”, explica um dos organizadores do bloco, Henrique Araújo, de 32 anos.

Esta é a sétima edição do bloco, que integra a Liga dos Blocos Alternativos, apoiada pela Secretaria de Cultura. O Virgens da Asa Norte começou no Setor Bancário Norte. “Desta vez, o Conic nos acolheu. É uma excelente oportunidade para mudar a imagem de local degradado. É uma maneira divertida de ocupar o espaço público e para a população reivindicar a cidade para ela”, afirma Araújo.

Mobilidade facilita o acesso

Para aproveitar o carnaval, o grupo de amigos da servidora pública Carla Rabelo, de 36 anos, pensou em uma fantasia conjunta. “Este ano, decidimos prestar uma homenagem ao artista austríaco Gustav Klimt, e cada um de nós veio representando um quadro dele”, explica. Para ela, o ponto forte da folia em Brasília é o fato de ela ocorrer sem isolamento de cordas ou venda de abadás. “Assim todo mundo se diverte.”

[Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”]

Uma das formas de fazer com que a comunidade se aproprie da cidade é por meio do acesso democrático aos blocos, como destaca a professora Najana Alves, de 23 anos. Ela e os amigos Alef Brito, 23, e Mariana Araújo, 24, que também pensaram em fantasia coletiva — de capitã e marinheiros — afirmam que a escolha do evento foi porque ele ocorreu ao lado da Rodoviária do Plano Piloto. “Aqui perto tem metrô, tem ônibus. Podemos escolher como voltar para casa”, explica a jovem, que mora em Águas Claras.

A Secretaria de Saúde também esteve presente no local com um estande para campanha de combate ao HIV/Aids, com testagem e distribuição de preservativos.

Como funciona a Lei de Incentivo à Cultura

Por meio da LIC, parte dos valores do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISS), que seria arrecadada por atividades de pessoas jurídicas, é revertida em financiamento de projetos culturais aprovados pela Secretaria de Cultura. Para conceder o benefício, a pasta exige que os projetos sejam promovidos no Distrito Federal e executados, total ou parcialmente, com a utilização de pessoal, bens e serviços locais.

Para concorrer é preciso ter cadastro de ente e agente cultural. As inscrições de novas propostas estão fechadas até a publicação da portaria da LIC 2017.

Edição: Renaro Cardozo