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07/04/2017 às 08:58, atualizado em 07/04/2017 às 21:00
O atendimento dos 242 grupos formados por profissionais como médicos, enfermeiros e agentes comunitários envolve estudar os hábitos de vida, o domicílio dos pacientes e as relações familiares para prevenir a necessidade de tratamento médico
Saber quem são os pacientes e conhecer o histórico de cada um deles é a base da Estratégia Saúde da Família. O modelo aposta no vínculo com a comunidade para melhorar o atendimento.
Saber das condições da moradia e entender a rotina de cada paciente influencia na manutenção da saúde. Ou seja, a estratégia não trata apenas os sintomas. O objetivo é descobrir o que causa a doença e tratar o mal desde a origem.
[Olho texto=”A estratégia não trata apenas os sintomas. O objetivo é descobrir o que causa a doença e tratar o mal desde a origem” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Para alcançar o objetivo, a rede pública de saúde conta com 242 grupos multiprofissionais, conhecidos como equipes de saúde da família. Elas devem ser compostas, segundo determinação do Ministério da Saúde, por médico e enfermeiro generalistas ou especialistas em saúde da família, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde.
Cada profissional tem uma atribuição (veja a arte) e cada equipe pode ser responsável por 3 mil a 4 mil pessoas.
Os atendimentos ocorrem prioritariamente na unidade de saúde, mas, quando necessário, também podem ser feitos no domicílio ou até em escolas. Cada grupo é responsável pelos moradores de uma área determinada.
Os pacientes são cadastrados e acompanhados sistematicamente, de acordo com um planejamento feito pelos profissionais. Na residência, há o cadastro individual e familiar. Saber, por exemplo, que os pais são fumantes é determinante para o tratamento da bronquite de uma criança.
A inscrição é feita pelo agente comunitário de saúde. Esse contato com a realidade das famílias também auxilia na criação de grupos terapêuticos e na adoção de práticas integrativas para a unidade de saúde.
[Olho texto=”“Não é sempre que o paciente procura a unidade porque precisa de um tratamento para um problema patológico. Às vezes, o que ele quer é ser ouvido por alguém”” assinatura=”Talita Lemos Andrade, superintendente da Região de Saúde Oeste” esquerda_direita_centro=”direita”]
Cada unidade tem seus próprios grupos de atividades, como de artesanato e de violão. A escolha vai de acordo com a necessidade local. A ideia é trabalhar a prevenção e a promoção da saúde. “Não é sempre que o paciente procura a unidade porque precisa de um tratamento para um problema patológico. Às vezes, o que ele quer é ser ouvido por alguém”, destaca a superintendente da Região de Saúde Oeste, Talita Lemos Andrade. O cuidado, segundo ela, representa confiança e um olhar mais humanizado.
A Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 do Itapoã foi inaugurada em 2009. O lugar, antes chamado de Centro de Saúde n° 2, começou a funcionar no modelo tradicional, com médicos especialistas atendendo a demandas espontâneas.
Um ano depois, começou a transição para estratégia de saúde da família. “Percebemos que é o modelo ideal. Antes, o paciente se consultava aqui, mas também ia ao centro de saúde do Paranoá ou ao hospital. Não tinha vínculo”, explica a gerente de Serviço de Atenção Primária da unidade, Eleuza Martinelle.
[Olho texto=”“Percebemos que é o modelo ideal. Antes, o paciente se consultava aqui, mas também ia ao centro de saúde do Paranoá, ao hospital. Não tinha vínculo”” assinatura=”Eleuza Martinelle, gerente de Serviço de Atenção Primária da Unidade Básica de Saúde do Itapoã” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Podem ser acrescentados ao grupo profissionais de saúde bucal — cirurgião-dentista generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar ou técnico em saúde bucal. Na unidade 1 do Itapoã, por exemplo, há cinco duplas que integram as equipes.
Moradora da região, Núbia Regina Reis Melo, de 32 anos, tem duas filhas (de 3 e 5 anos) que fazem consultas semestralmente desde os 6 meses de idade. “Elas aprenderam a importância de cuidar dos dentes desde bebês. Eu acho que agora isso é para a vida toda.”
O Distrito Federal ainda conta com sete Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf). A meta é construir outros núcleos até o meio do ano. Cada grupo, formado por diferentes especialistas, pode dar suporte a no máximo nove equipes.
Trata-se de um núcleo de suporte, em que os especialistas apoiam as equipes da estratégia, seja no atendimento do paciente com um caso mais crítico ou na orientação de outro profissional para continuar a consulta.
A assessora da Coordenação de Atenção Primária à Saúde para o projeto de conversão pelo qual passa a rede, Eliene Ferreira de Sousa, explica que isso ocorre para que, em casos semelhantes, o integrante da equipe de saúde à família já saiba como proceder.
Ela ainda destaca que mesmo que o paciente necessite de especialista, o médico de referência continua acompanhando-o.
O Itapoã é uma das regiões que abrigam um Nasf. Formado por pediatra, fonoaudiólogo, assistente social, nutricionistas e terapeuta ocupacional, o grupo dá assistência às equipes das Unidades Básicas de Saúde 1 e 2.
A nova política de atenção primária do DF foi definida pela Portaria nº 77, de 2017, que prevê que todas as unidades básicas funcionem com equipes da Estratégia Saúde da Família. A conversão do antigo modelo para o novo está sendo progressiva. Até junho, todos os locais que ainda atendem sob as regras tradicionais deverão estar em transição.
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Edição: Paula Oliveira