02/05/2017 às 09:00, atualizado em 11/07/2017 às 17:03

Central de Interpretação de Libras ajuda surdos na resolução de problemas

Unidade que funciona na estação de metrô da 112 Sul fez quase 12 mil atendimentos em 2016

Por Saulo Araújo, da Agência Brasília

Manhã de terça-feira (25) na estação de metrô da 112 Sul. Por alguns minutos, quem dá voz aos problemas de Marcos Aurélio Pires, de 44 anos, é Raquel Melo Silva, de 21 anos.

Surdo desde os primeiros dias de vida, Marcos Aurélio Pires contou com o auxílio da jovem Raquel Melo Silva que é servidora da Central de Interpretação de Libras, para recadastrar o cartão que lhe concede gratuidade no transporte público do Distrito Federal.

Surdo desde os primeiros dias de vida, Marcos Aurélio Pires contou com o auxílio da jovem Raquel Melo Silva, servidora da Central de Interpretação de Libras, para recadastrar o cartão que lhe concede gratuidade no transporte público do Distrito Federal. Foto: Andre Borges/Agência Brasília

Surdo desde os primeiros dias de vida, Marcos contou com o auxílio da jovem para recadastrar o cartão que lhe concede gratuidade no transporte público do Distrito Federal.

Para um ouvinte, seria um problema simples de resolver, mas, para uma pessoa com deficiência auditiva, fazer-se entender sem auxílio se torna uma missão difícil.

Por meio da língua brasileira de sinais (libras), o trabalho de Raquel é justamente ser a ponte entre surdos e os mais diversos serviços prestados pelo Estado.

Servidora da Central de Interpretação de Libras, ela é uma das tradutoras que ajudam pessoas sem audição na solução de diversas demandas.

“Sem o auxílio dela, seria muito difícil para eu conseguir explicar exatamente o que quero. Facilita demais a vida da gente”, contou Marcos, interpretado por Raquel.

Somente em 2016, a Central de Interpretação de Libras fez 11.971 atendimentos. Surdos podem contar com intérpretes para ir a bancos, cartórios, audiências na Justiça e diversos outros serviços.

O órgão tem um carro para os deslocamentos e basta o deficiente auditivo agendar a saída com o intérprete por e-mail, WhatsApp ou pessoalmente.

Filha de surdos, Raquel não se vê exercendo outra profissão. “Libras é minha língua materna, pois meus pais são surdos e, desde muito pequena, me acostumei a ser intérprete deles. Agora, tenho a oportunidade de ajudar outras tantas pessoas. Faço o que eu amo”.

[Olho texto='”Libras é minha língua materna, pois meus pais são surdos e desde muito pequena me acostumei a ser intérprete deles. Agora, tenho a oportunidade de ajudar outras pessoas”‘ assinatura=”Raquel Melo Silva, servidora da Central de Interpretação de Libras” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Inserção no mercado de trabalho

A Central de Libras fica na estação da 112 Sul, batizada em setembro de 2016 de Estação Cidadania. Nela, estão diversos serviços voltados para a pessoa com deficiência.

No local há unidades do Transporte Urbano do DF (DFTrans), da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do DF (Codhab-DF) e da Agência do Trabalhador, entre outras.

Paulo Beck é quem dirige a Coordenação de Pessoa com Deficiência, ligada à Secretaria Adjunta de Desenvolvimento Social, da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos.

Ele explica que a Central de Interpretação de Libras e os outros serviços prestados no local servem para dar dignidade a esse público. “Trabalhamos a chamada transversalidade de políticas públicas, pois facilitamos a relação do deficiente com os mais diversos serviços do Estado.”

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O local também é responsável pela articulação de políticas públicas para inserir pessoas com deficiência no mercado de trabalho, que resultou em 669 contratados por empresas no DF nos últimos dois anos.

Central de Interpretação de Libras

Estação da 112 Sul

Atendimento de segunda a sexta-feira

Das 8 às 17 horas

Edição: Paula Oliveira