14/05/2017 às 10:15, atualizado em 14/05/2017 às 10:18

Simulador de palato doado ao Hran ajuda no sucesso de cirurgias em crianças

Instrumento simula fenda palatina para diminuir riscos de complicações

Por Vinícius Brandão, da Agência Brasília

Mesmo com o rosto por trás da máscara e da touca cirúrgicas, os olhos do coordenador de Serviço de Fissuras Labiopalatinas do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), o doutor Marconi Delmiro, não escondem o entusiasmo ao descrever o simulador de palato que a unidade de saúde recebeu em abril.

Médicos utilizam simulador de palato em cirurgia realizada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).

Médicos utilizam simulador de palato em cirurgia realizada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Foto: Andre Borges/Agência Brasília

Desenvolvido no Canadá, o equipamento simula uma [tooltip title=”A má formação congênita no céu da boca acomete fetos durante a gestação. Uma das consequências é conhecida como lábio leporino” placement=”right”]fenda palatina[/tooltip] em uma criança. “Com o aparelho, o processo pode ser feito sem risco de sangramento ou complicações maiores, já que as cirurgias ocorrem, em geral, dos 6 meses aos 2 anos — quando o paciente tem estrutura fraca e delicada”, explica Delmiro.

Feito de silicone em uma base de acrílico, o objeto tem textura e resistência similares aos de uma criança. Com valor de R$ 15 mil, ele foi doado, por meio da Associação Brasiliense de Apoio aos Fissurados, por um casal que teve o filho tratado no Hran para a fenda palatina.

Feito de silicone em uma base de acrílico, o simulador de palato tem textura e resistência similares aos de uma criança

Para inaugurar o simulador e conscientizar a população sobre o tratamento de crianças com deformidades craniofaciais, um evento ocorreu em 19 de abril em uma das salas de cirurgia do hospital regional. Na ocasião, duas operações foram feitas: uma no simulador de palato e outra em uma criança.

Com o objetivo de conhecer a nova tecnologia, estudantes e profissionais de cirurgia plástica, de fonoaudiologia, de odontologia e de enfermagem acompanharam o procedimento.

Hran é referência nacional em tratamento de fendas palatinas

De acordo com o médico Delmiro, o Hran possui o único centro de atendimento de fissuras labiopalatinas no Distrito Federal e recebe pacientes da rede pública e de hospitais privados de Brasília e de todo o País.

Quem precisar do serviço deve procurar o pronto-socorro do Hran ou diretamente o Serviço de Fissuras Labiopalatinas — nesse caso, o atendimento ao público é às segundas-feiras.

O atendimento ao público no Serviço de Fissuras Labiopalatinas do Hran ocorre às segundas, e o dia de cirurgias é quarta-feira

Um dos pacientes é Nicolas, de 7 anos, que faz o tratamento acompanhado da mãe, Marileide Ferreira de Sousa, auxiliar de restaurante de 33 anos. “O destaque é a atenção dos médicos conosco. Eles me explicam coisas e me sinto segura”, compartilha Marileide.

Delmiro garante que esse é o diferencial do tratamento no Hran. A equipe multidisciplinar avalia cada caso e segue protocolos para tratar os pais e as crianças de forma humanizada.

A expectativa de operações feitas pela equipe é de oito por semana. O dia de cirurgias para fendas palatinas é a quarta-feira, e a média anual de intervenções fica de 150 a 170.

Tratamento de fenda palatina é feito com os pais desde a gravidez

O tratamento começa durante a gestação, quando a deformidade pode ser identificada por meio de ultrassonografia. “Nossa junta médica acolhe os pais e já os tranquiliza. A angústia da mãe é tão grande que ela pode até rejeitar o filho, o que exige envolvimento psiquiátrico”, explica o coordenador Marconi Delmiro.

No dia do nascimento, a equipe orienta os pais caso a fissura impeça o bebê de mamar o leite materno. A primeira cirurgia ocorre com 6 meses, para fechar o espaço aberto entre os lábios e o nariz.

Em torno de 1 ano e meio a 2 anos da criança, o operatório lida com o céu da boca, para permitir que a criança fale e respire bem. Mas a condição do paciente pode fazer com que esses processos levem mais tempo, com início dos 6 meses até os 21 anos.

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