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09/06/2017 às 09:02, atualizado em 09/06/2017 às 11:53
Prioridade inicial para essas intervenções de baixa e média complexidades em centro criado no hospital regional é de pacientes daquela cidade e de Taguatinga, mas atendimento será estendido a todo o DF
O aposentado Orlando Sampaio, de 70 anos, esperava desde 2015 para retirar uma hérnia. Em maio, ele conseguiu ser submetido ao procedimento graças à criação do Centro de Referência em Cirurgias Eletivas de Baixa e Média Complexidades, do Hospital Regional de Samambaia.
De 1° de junho — dia em que a nova unidade de saúde passou a funcionar oficialmente — até segunda-feira (5), 16 pacientes passaram por operações de hérnia ou de vesícula. O serviço começou por essa região administrativa e por Taguatinga, mas será estendido a todo o Distrito Federal.
A intervenção de Orlando foi uma das 140 desses tipos feitas na fase experimental do centro, que começou a operar em novembro de 2016. Agora, a expectativa é que a média mensal chegue a 150.
Para dar conta desse movimento, as cirurgias gerais, que costumavam ser encaminhadas ao hospital de Samambaia pelo Corpo de Bombeiros Militar e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), serão transferidas para o Hospital Regional de Taguatinga. Com a mudança, o aumento da demanda em Taguatinga ficará em cerca de 45 pacientes por mês.
[Numeralha titulo_grande=”150″ texto=”Estimativa de cirurgias de hérnia e de vesícula que serão feitas por mês no centro de referência do Hospital Regional de Samambaia” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Segundo a diretora do Hospital Regional de Samambaia, Luciana de Melo Russo, inicialmente, o centro de referência atenderá apenas essas duas modalidades — hérnia e vesícula — e moradores de Samambaia e de Taguatinga.
“Isso foi possível no hospital de Samambaia exatamente por ele ser pequeno e por não ter outras subespecialidades que concorrem com o centro cirúrgico”, explica. Ela adianta que outras intervenções de baixa e média complexidades serão incluídas.
O atendimento será feito por uma equipe multiprofissional, com cirurgião-geral, cardiologista e anestesista, que deverá ter um nutricionista posteriormente. Coube a esse grupo, por exemplo, definir os exames necessários para cada procedimento e a validade de cada um deles.
Durante a organização do local, foi definido todo o fluxo do paciente, da atenção básica ao pós-operatório. Assim, o usuário da rede pública terá acesso a exames laboratoriais e de risco cirúrgico e consultas.
Para que a unidade de referência se tornasse possível, o hospital passou por adequações no laboratório, na radiologia, no centro cirúrgico, no ambulatório e nas salas de clínica médica. Além disso, o número de leitos de internação foi ampliado de 16 para 20.
A diretora Luciana conta que o centro de referência surgiu graças às conclusões de uma dissertação de mestrado, com a participação da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências de Saúde (Fepecs), da Universidade de Brasília (UnB) e de uma universidade da Califórnia.
O trabalho acadêmico mostrou que as cirurgias de hérnia e de vesícula não eram feitas na rede pública de saúde por sempre concorrerem com outras mais graves. “Só se operavam essas pessoas quando elas se tornavam emergência e ingressavam nos hospitais pelo pronto-socorro”, detalha a gestora.
[Olho texto='”São cirurgias de baixa e média complexidades, mas que têm um potencial muito grande de se tornarem emergência”‘ assinatura=”Luciana de Melo Russo, diretora do Hospital Regional de Samambaia” esquerda_direita_centro=”direita”]
Em Samambaia, a fila reprimida reunia cerca de 450 pessoas antes das primeiras cirurgias em novembro. Segundo Luciana, 7 mil aguardam por esse tipo de intervenção, mas essa relação precisa ser atualizada e unificada. “Não sabemos quantos pacientes estão inseridos em mais de uma fila ou quantos já foram operados como urgência, por exemplo.”
As novas marcações serão por meio das unidades básicas de saúde (UBS) de cada cidade. Tudo isso possibilitará ainda que os pacientes sejam atendidos conforme a classificação de risco, e não pela data em que solicitaram a cirurgia.
De acordo com a diretora do Hospital Regional de Samambaia, tratar casos de hérnia e de vesícula no início evita que eles cheguem aos hospitais de forma mais grave. “São cirurgias de baixa e média complexidades, mas que têm um potencial muito grande de se tornarem uma emergência”, explica Luciana.
Além do conforto e do bem-estar do paciente, o tratamento precoce, aponta ela, representa menos gasto para o Estado. “O tempo de internação é menor.”
[Olho texto=”O tratamento precoce representa menos gasto para o Estado” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Em uma cirurgia eletiva, o tempo que a pessoa fica no hospital varia de 18 a 72 horas. Já na emergência, dependendo do caso, existe a probabilidade de se estender por semanas. “Sem contar que podem ser necessárias outras operações para a reconstrução do trânsito intestinal”, exemplifica a diretora.
Todo o trâmite é repassado em planilha para acompanhamento no Ministério da Saúde, que destina verba específica para essa modalidade.
A pasta federal define como procedimento cirúrgico eletivo aquele feito com base em diagnóstico estabelecido e com possibilidade de agendamento, sem caráter de urgência ou emergência.
Edição: Raquel Flores