13/07/2017 às 18:21, atualizado em 13/07/2017 às 19:06

Duas cobras do Zoo de Brasília retornam à natureza

Depois de tratados e avaliados como aptos a voltar à vida livre, os répteis foram soltos nesta quinta-feira (13) pelo Ibama

Por Mariana Damaceno, da Agência Brasília

Diferentemente do informado antes, os 32 animais soltos nesta quinta-feira (13) não são do Zoológico de Brasília. Apenas as duas jiboias estavam na fundação. Os outros bichos estavam sob os cuidados do Ibama

Foi preciso viajar 200 quilômetros até a área onde agora viverão Cláudia Raia e Marines. As duas jiboias foram tratadas pela Fundação Jardim Zoológico de Brasília durante alguns anos. Nesta quinta-feira (13), puderam retornar à natureza.

Duas jiboias que eram tratadas pela Fundação Jardim Zoológico de Brasília puderam retornar à natureza

Duas jiboias que eram tratadas pelo Zoológico de Brasília puderam retornar à natureza. Foto: Tony Winston/Agência Brasília

A ação foi coordenada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e ocorreu em uma área particular cadastrada como área de soltura, em Goiás.

Além das duas cobras, o órgão devolveu à natureza um porco-espinho, uma família de saruê, dois tucanos e outra variedade de pássaros. Foram soltos 32 animais.

No caso das cobras, um funcionário do zoológico acompanhou a missão. A ideia, segundo o assessor de Conservação e Pesquisa da fundação, Igor Morais, é dar auxílio no manejo dos répteis e checar se o comportamento deles está de acordo com o habitual.

Acompanhamento pós-soltura dos animais

Uma equipe do Ibama permanece em Goiás para checar se os bichos não ficarão próximo de onde foram deixados e se estão se adaptando à vida livre. Quando isso não ocorre, eles são reencaminhados ao zoológico ou entregues a criadores autorizados.

Uma família de saruê também estava entre os animais que retornaram à natureza

Uma família de saruê também estava entre os animais que retornaram à natureza. Foto: Tony Winston/Agência Brasília

Isso é necessário porque, depois de muito tempo em cativeiro, diversos animais não conseguem sobreviver procurando comida na natureza e se defendendo de predadores. No caso dos répteis, o processo é mais simples, já que são altamente instintivos, não vivem em grupo e não aprendem com a mãe a caçar.

Cláudia Raia e Marines, por exemplo, chegaram ao zoo em 2013 e 2016, respectivamente. Ambas tinham problema de saúde. A mais velha, que hoje mede 1,74 metro, foi levada à fundação por uma equipe da Polícia Militar Ambiental e precisou tratar uma lesão na pele.

Depois de anos em cativeiro, elas foram avaliadas antes de serem soltas para ver se ainda tinham habilidade para caçar. O procedimento, segundo Morais, consistiu em soltar roedores vivos no recinto e verificar se as cobras estavam indo atrás da presa.

Uma terceira cobra, que seria solta com a dupla, não foi considerada apta para a vida livre, pois não conseguia engolir o alimento. Ela vive no zoo desde 2004.

Falta de áreas disponíveis para a soltura

O Zoológico de Brasília abriga atualmente cerca de 120 animais aptos para soltura. O que dificulta o processo é a falta de áreas preservadas.

Segundo o superintendente do Ibama no DF, Antônio Wilson Pereira da Costa, na maior parte das vezes, o órgão precisa viajar para fora do Distrito Federal, onde já não há tantas áreas para colocar os bichos em segurança.

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Para que uma área particular seja classificada como de soltura, é preciso que o proprietário procure o instituto e se cadastre. Uma equipe vai até o local e checa os tipos de espécies que podem ser soltas ali e se o espaço tem água, comida e é seguro. Ele deve ficar longe de áreas residenciais. “Precisamos ter todo o cuidado para não desequilibrar o ecossistema.”

Por isso, é imprescindível que a saúde do animal esteja boa e ele não tenha nenhum tipo de vírus, por exemplo. Além disso, cada lugar só pode abrigar espécies naturais da região.

Zoológico ganhou novas moradoras

Com a despedida de Cláudia Raia e Marines, o zoo recebeu duas novas jiboias, desta vez amazônicas. Elas foram apreendidas e levadas ao local pelo Ibama. Os animais não poderiam ser soltos aqui e ainda não há condições de levá-las ao lugar de origem.

Edição: Marina Mercante