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19/01/2018 às 08:55, atualizado em 20/02/2018 às 15:16
Mantidas no banco de germoplasma, células e gametas de animais que morreram no parque podem futuramente ajudar na conservação das espécies
O elefante Babu morreu em 7 de janeiro, e não em 8 de janeiro, como informado anteriormente.
Em temperatura controlada e espaço adequado para que permaneçam vivos, materiais genéticos de 23 espécies do parque — dez delas com alto risco de extinção — são mantidos pela Fundação Jardim Zoológico de Brasília.
O banco de germoplasma do zoo é mantido em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que faz o cultivo e o congelamento das células.
A unidade do órgão federal onde está o laboratório, no Recanto das Emas, já trabalha com técnicas de reprodução bovina e replica a técnica para os animais silvestres.
O zoológico tem projeto básico pronto para licitar seu próprio laboratório, mas ainda não há data para a abertura do processo.
Entre as 23 espécies com material congelado, há onça-pintada, lobo-guará e gato-palheiro, todos ameaçados de extinção. A última a entrar na lista, sem estar ameaçada, é o elefante-africano.
Uma amostra de pele de uma das orelhas de Babu, que morreu em 7 de janeiro, foi cultivada e agora é observada para que a quantidade de células aumente até poderem ser congeladas.
[Numeralha titulo_grande=”-60ºC” texto=”Temperatura média em que serão conservadas células do elefante Babu” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Quando suficientes, elas serão conservadas em um botijão com nitrogênio a uma temperatura média de 60 graus (ºC) negativos.
O material conservado no banco são células somáticas — que compõem o corpo de uma maneira geral — e gametas. No primeiro caso, elas podem ser retiradas de pele ou gordura. No segundo, por enquanto, utilizam-se apenas espermatozoides.
Além dos fins de pesquisa, o objetivo é que, no futuro, esse material genético seja usado para conservação dessas espécies. “Não é reproduzir animais e devolvê-los para a natureza, mas recompor esses animais em cativeiro”, esclarece a analista responsável pelo banco na Embrapa, a bióloga Heide Bessler.
A chefe do Núcleo de Bem-Estar Animal do zoo, Letícia Gobbi Arantes, explica que, no caso dos sêmens, a utilização é mais simples e pode ser feita, por exemplo, em intercâmbio com outros zoos.
[Olho texto='”Guardando o material genético aqui, temos a possibilidade de aumentar a variabilidade genética”‘ assinatura=”Letícia Gobbi Arantes, chefe do Núcleo de Bem-Estar Animal, do Zoológico de Brasília” esquerda_direita_centro=”direita”]
“Como animais de zoológico têm um cruzamento muito restrito, acaba que a genética é pouco variada. Guardando o material genético aqui, temos a possibilidade de aumentar a variabilidade genética”, detalha Letícia.
A utilização dos espermatozoides ainda não tem data definida para acontecer. No entanto, a primeira espécie a ser reproduzida com o banco deve ser a do cervo-nobre, que guarda semelhança com os animais já estudados pela Embrapa.
No Zoológico de Brasília, há duas fêmeas do cervo, e elas estão aptas a receber o sêmen congelado de um macho que morreu.
Quanto às células somáticas, o processo é um pouco mais demorado e exige um estudo aprofundado sobre formas de reprodução e até hábitos de cada espécie.
“Nosso esforço é para que, quando houver o domínio total das técnicas, haja clonagem e possamos ver a capacidade de eles [os clonados] se reproduzirem”, conta Letícia.
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A estrutura para manter o banco, que já existe desde 2010, é a básica de um laboratório. Ali se preparam pequenas biopsias, normalmente de pele ou gordura, em placas de vidro. Nelas, são colocados meios de cultura específicos, enriquecidos com nutrientes e fatores de crescimento.
O material vai, então, para uma estufa de cultivo, com atmosfera de dióxido de carbono e temperatura controlada em 38 graus. Lá, ele é armazenado por uma semana e depois fica em observação para ver o ritmo de crescimento das células. Quando chegam à quantidade suficiente, elas são congeladas, como no caso de Babu.
Edição: Raquel Flores