14/05/2018 às 09:12, atualizado em 14/05/2018 às 11:52

Cuidado mental e natureza andam juntos na Granja do Riacho Fundo I

Espaço abriga um Centro de Atenção Psicossocial, uma casa de passagem e um ambulatório para pacientes com transtornos psíquicos

Por Mariana Damaceno, da Agência Brasília

Em área de preservação ambiental, os 32 mil hectares que formam a Granja do Riacho Fundo são o cenário ideal para os cuidados da mente humana na capital do País.

Em área de preservação ambiental, os 32 mil hectares que formam a Granja do Riacho Fundo são o cenário ideal para os cuidados da mente humana na capital do País.

Em área de preservação ambiental, os 32 mil hectares que formam a Granja do Riacho Fundo são o cenário ideal para os cuidados da mente humana na capital do País. Foto: Tony Winston/Agência Brasília

No espaço estão o Centro de Atenção Psicossocial (Caps), uma casa de passagem para pacientes com transtornos mentais e um ambulatório também específico para esse público. Todos são parte da rede pública de saúde do DF.

“Embora esteja em área urbana, as características são rurais. Você se desassocia da confusão da cidade, o que favorece muito o tratamento”, avalia o diretor de Atenção Secundária da Região Centro-Sul, Evilásio Sousa Ramos.

O lugar, repleto de flora do Cerrado, ainda conta com farmácia (que atende pacientes de dentro ou não da unidade), salas para atividades em grupo, quadra poliesportiva, centro de convivência e tendas. Há ainda trilha e uma piscina de água natural.

Para Naiara Moreira, de 32 anos, a sombra das árvores e o barulho dos pássaros são parte importante do seu tratamento. “Quando eu estou em crise, às vezes, venho para cá só para ficar aqui sentada”, conta a administradora.

[Olho texto=”Embora (a granja) esteja em área urbana, as características são rurais. Você se desassocia da confusão da cidade, o que favorece muito o tratamento” assinatura=”Evilásio Sousa Ramos, diretor de Atenção Secundária da Região Centro-Sul” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Ela destaca que, além do ambiente, também gosta do atendimento humanizado prestado no local. “Sempre vai ter alguém para segurar minha mão e me dar um abraço.” Naiara começou o atendimento há cerca de dois anos e hoje vai à granja pelo menos uma vez por semana.

A mãe dela, Joana, também começou tratamento na mesma época. “Nos ensinam que quando alguém da família passa por alguma coisa, todos são afetados”, explica Naiara. Os grupos de que mãe e filha participam são diferentes.

Ainda há visitas domiciliares para acompanhar a rotina dos pacientes com a família em casa. São encontros de rotina, para avaliar como está a medicação e o ambiente familiar.

Outro tipo de visita domiciliar é o Programa Vida em Casa, que faz busca ativa de pessoas que precisam de assistência, mas não têm condições de se locomover até o Caps. Nesse caso, uma equipe multidisciplinar vai até o usuário até que ele consiga comparecer ao espaço.

Como ter acesso ao atendimento

Antes de iniciar alguma das atividades, o paciente passa pelo acolhimento. O centro recebe tanto demandas espontâneas, quanto encaminhamentos pela atenção primária. Equipes de saúde da família, que atendem nas unidades básicas de saúde, recebem com frequência matriciamento das equipes multidisciplinares.

[Olho texto=”Os pacientes ficam na granja até que o vínculo com a família seja restabelecido, com a ajuda dos profissionais locais” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]

A ideia, segundo a gerente do Caps, Alanna Mara Forrest, é que as equipes responsáveis pelo paciente na atenção primária tenham a maior capacitação possível para recebê-lo de volta.

Para ter acesso ao atendimento, basta ir até o local, de segunda a sexta-feira, das 8 às 18 horas, com documento de identificação, comprovante de residência e cartão do SUS. A granja fica na Avenida Sucupira, no Riacho Fundo I.

O espaço, que no regime militar serviu de residência para membros do governo, foi o primeiro Instituto de Saúde Mental criado em Brasília e um dos primeiros do País. O tipo de atendimento é referência na rede pública.

Atualmente, o serviço é destinado a pacientes da região de saúde Centro-Sul (Asa Sul, Candangolândia, Guará, Estrutural, Lago Sul, Núcleo Bandeirante, Park Way, Riacho Fundo, Riacho Fundo II, Setor Complementar de Indústria e Abastecimento e Setor de Indústria e Abastecimento), além de Santa Maria e Gama, que não contam com assistência de saúde mental.

O plantão psicológico e as práticas integrativas em saúde, no entanto, são abertas à comunidade em geral. São elas:

  • Automassagem
  • Heiki
  • Lian Gong
  • Terapia comunitária integrativa
  • Yoga

As outras atividades oferecidas pelo Caps, são:

  • Coral
  • Dança
  • Espaço criativo
  • Grupo de convivência
  • Grupo de mulheres
  • Grupo de mútua ajuda
  • Grupo Ouvidores de Vozes
  • Horta
  • Oficina de mosaico

Ao todo, 450 pacientes têm prontuário ativo no centro atualmente, e a média de atendimento diário é de 84 pessoas. No caso do ambulatório, 2.500 são cadastradas atualmente.

Já a casa de passagem, que abriga por tempo indeterminado pessoas com algum transtorno mental que tiveram conflito com a lei, mas já cumpriram sua pena, tem 32 moradores hoje.

Eles recebem assistência da equipe 24 horas por dia. Os pacientes ficam na granja até que o vínculo com a família seja restabelecido, com a ajuda dos profissionais locais.

Edição: Vannildo Mendes