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16/06/2018 às 09:06, atualizado em 16/06/2018 às 09:13
Medida da Secretaria da Agricultura diminui a disseminação de fungo que prejudica a produção local
Para impedir que o fungo Phakopsora pachyrhizi espalhe a ferrugem asiática nas plantações de soja, os produtores de Brasília precisam garantir que as áreas de cultivo não tenham presença dos vegetais por 90 dias. O vazio sanitário, como é chamado esse intervalo, começa em 1º de julho deste ano.
O período é determinado pelo tempo que o fungo leva para morrer sem a presença das plantas. Ele não sobrevive por mais de 60 dias. Para se certificar de que a quantidade dos esporos diminua com o vazio, a Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural estabelece 90 dias de proibição.
A gerente de Sanidade Vegetal da pasta, Marília Angarten, explica que o vazio é planejado para que tenha pouco efeito na colheita local. “A produção de soja depende das chuvas e vai de cerca de outubro até janeiro. Assim, o impedimento não prejudica os produtores.”
Como o fungo se espalha pelo vento, é preciso cuidar para que nenhum grão cresça, pois pode ser o foco para dispersão dos esporos na área de plantio.
A multa para quem desobedecer ao vazio sanitário vai de R$ 15 mil a R$ 50 mil.
[Numeralha titulo_grande=”250″ texto=”Número de produtores rurais do DF que devem manter suas plantações sem soja até 30 de setembro” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Cerca de 250 produtores rurais devem manter aproximadamente 70 mil hectares de plantações sem a presença da planta da soja até 30 de setembro.
Se o produtor encontrar sintomas iniciais da doença na plantação fora do vazio sanitário, deve fazer o controle químico o mais rápido possível. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) observou uma redução da eficiência de fungicidas na safra de 2007 e 2008.
Com isso, cem produtos recomendados para o controle do Phakopsora pachyrhizi foram suspensos em 2016 e em 2017. Sem a perspectiva de novos químicos para o controle da doença, o vazio sanitário se tornou a opção mais viável para a prevenção.
A semeadura de soja pode ser feita durante o vazio sanitário nos seguintes casos excepcionais, mediante assinatura do termo de compromisso e responsabilidade e apresentação de plano de trabalho simplificado para a secretaria:
Com o objetivo de dar continuidade e aprimorar o vazio sanitário, a Secretaria da Agricultura atualizou as normas com a Portaria nº 26, de 6 de junho de 2018.
Entre as mudanças está a possibilidade de fazer a declaração anual da exploração de soja pelo site da pasta. Assim, os produtores não têm de ir até a sede para cumprir o procedimento. O período de entrega do documento é de 1º de outubro a 15 de janeiro.
Outra alteração é na própria declaração, que passa a requerer informações sobre as culturas já existentes — antes, era sobre a intenção do produtor.
A portaria também prevê que o produtor deve relatar caso encontre uma planta em que o fungo resista a um agrotóxico. Além disso, obriga o fornecedor a comprovar que tem condições para fazer plantio excepcional durante o vazio sanitário.
Outra plantação que requer a prevenção por meio do vazio sanitário é a do feijão, que começará em 20 de setembro e irá até 20 de outubro.
Diferentemente da soja, a leguminosa sofre com a disseminação do vírus mosaico dourado, que se espalha com a mosca-branca. O inseto se alimenta da seiva do feijão e se reproduz com a presença da mesma planta. O ciclo de 30 dias de vazio é suficiente para quebrar o ciclo reprodutivo da mosca.
“Como o controle químico não é efetivo por se tratar de um vírus, a prevenção da doença ocorre com a diminuição da presença do inseto”, justifica Marília.
As equipes da Secretaria da Agricultura fiscalizarão cerca de 4 mil hectares de aproximadamente 40 produções.
Edição: Paula Oliveira