22/06/2018 às 08:43, atualizado em 22/06/2018 às 08:47

Método do enriquecimento ambiental muda a rotina dos animais no zoológico

Pelo menos duas vezes ao mês, todos os bichos recebem atividades que promovem bem-estar e estimulam o comportamento natural

Por Mariana Damaceno, da Agência Brasília

A vida do grupo dos seis macacos-japoneses na Fundação Jardim Zoológico de Brasília está longe de ser tediosa. Além de brindados com itens como escadas e redes para deixar o recinto mais interativo, os primatas recebem pelo menos duas vezes ao mês atividades para quebrar a rotina.

Macacos-japones do Zoológico de Brasília recebem bambus recheados de alimentos como forma de estimular o comportamento natural do animal. Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

Macacos-japoneses do Zoológico de Brasília recebem bambus recheados de alimentos como forma de estimular o comportamento natural do animal. Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

Conhecido como enriquecimento ambiental, o método pode ser:

  • alimentar
  • cognitivo
  • físico
  • sensorial
  • social

Em todos os casos, o objetivo é dar bem-estar e estimular o comportamento natural do bicho. Isso aliado ao que a equipe espera do animal. Por serem curiosos, os macacos-japoneses, por exemplo, receberam, no início do mês, bambus recheados de bananas e sementes.

A ideia foi fazer com que descobrissem sua própria forma de pegar o alimento dentro do bambu. Alguns jogaram o objeto de cima dos troncos e depois desciam para catar o que se esparramava, outros descascavam o caule na esperança de alcançar o que havia dentro.

“Cada indivíduo vai ter seu comportamento diante disso”, explica a chefe do Núcleo de Bem-Estar Animal do zoo, Letícia Gobbi Arantes, ao destacar que nesse caso se trabalha o lado cognitivo.

[Olho texto=”Onças-pintadas com tendência de obesidade retomaram o peso ideal com programa desenhado especialmente para elas” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Além disso, os objetos foram escondidos em vários cantos do recinto, para também proporcionar enriquecimento alimentar e para que eles agucem o instinto de procurar pela comida.

A chefe de núcleo conta que todos os alimentos oferecidos nas atividades não fazem parte do cardápio diário. “Se eles não conseguirem encontrar a comida, não são prejudicados.”

As atividades são pensadas de acordo com cada espécie, e os itens, que sempre priorizam materiais naturais, são colocados em quantidade superior ao número de animais. Isso porque não se quer promover competição entre eles.

Os exercícios também não devem frustrar o animal. Por isso, sempre devem ser de execução simples. Além de tornar a rotina mais dinâmica, as práticas ainda diminuem o risco de estresse.

“Todo enriquecimento tem um objetivo”, resume Letícia, ao usar o exemplo das onças-pintadas, que estavam com tendência à obesidade e retomaram o peso ideal depois de um programa desenhado especialmente para elas.

Durante o trabalho, as atividades foram intensificadas. Eram espalhados cheiros diferentes por extremidades variadas do recinto no intuito de fazer com que elas andassem mais.

Outro método consistiu em colocar troncos que chamassem a atenção dos felinos para que eles tivessem interesse em carregá-los.

Trabalho em conjunto

Tudo é preparado em conjunto pelas biólogas do Núcleo de Bem-Estar, pelos tratadores e pelo grupo de nutrição.

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No recinto dos bugios-da-mão-ruiva, o enriquecimento aplicado foi do tipo físico. O zoo instalou um túnel feito com aros e tela de aço para dar aos primatas a sensação de que o espaço é maior. A iniciativa será utilizada no restante do micário.

Além disso, o lugar, adaptado a partir de um recinto no Zoológico da Filadélfia, ficou mais dinâmico, tanto para o animal, quanto para os visitantes, que passam embaixo das estruturas.

Edição: Vannildo Mendes