12/04/2019 às 13:21, atualizado em 12/04/2019 às 15:10

Visita estreita relações entre Hospital da Criança de Brasília e Hospital Infantil da África do Sul 

O tratamento de excelência da unidade infantil da capital pode atravessar o oceano e levar conhecimentos específicos à terra de Nelson Mandela com troca de experiências

Por Jéssica Antunes, da Agência Brasília

Segunda-dama do Distrito Federal, Ana Paula Gehm Hoff (esq.) juntamente com a diretora do Hospital Infantil Nelson Mandela, da África do Sul, Mandisa Maholwana (centro), visitaram na manha desta sexta (12/04) o Hospital da Criança José de Alencar (HCB). Fotos: Lúcio Bernardo Jr /Agência Brasília

A diretora do Hospital Infantil Nelson Mandela, da África do Sul, Mandisa Maholwana, fez uma visita técnica no Hospital da Criança José de Alencar (HCB) para conhecer a estrutura e o trabalho de excelência desempenhado na unidade. O encontro aconteceu na manhã desta sexta-feira (12/04) com a presença da segunda-dama do Distrito Federal, Ana Paula Gehm Hoff, e foi coordenado pela Secretaria de Relações Internacionais. A intenção é que ocorra um intercâmbio de conhecimentos.

O Hospital Infantil Nelson Mandela foi criado após pedido do ex-presidente da África do Sul por melhorias do sistema de saúde pediátrica no país. De 2005 a 2017, quando recebeu o primeiro paciente, houve uma campanha global de arrecadação de fundos públicos e privados – o próprio presidente destinou um terço do salário por cinco anos. A unidade tem 29,9 mil metros quadrados de área construída, 200 leitos, e oferece tratamentos pediátricos e especialidades como cardiologia e neurologia, além de diversos tipos de cirurgias.

Diretora do hospital desde julho de 2017, Mandisa Maholwana aproveitou uma passagem pela capital brasileira e aceitou o convite para conhecer cada canto da unidade pediátrica. Ela ficou impressionada com a estrutura, como o tomógrafo todo enfeitado com motivos infantis para diminuir a ansiedade dos pequenos pacientes. Durante o passeio pelos corredores do HCB, deixou escapar elogios.

Na área da Saúde há mais de 20 anos, a doutora revelou similaridades entre o trabalho e a realidade sulafricana com a do Distrito Federal. Ambos, disse, têm a ambição de levar saúde de qualidade a todas as crianças e, citando Nelson Mandela, lembrou que “sempre parece impossível até que esteja feito”. “Temos muito o que trocar no que diz respeito a conhecimentos e experiências”, afirmou.

Agora, a ideia é que as direções se mantenham em contato para tratar especialmente de questões oncológicas. “Podemos ver alguma sinergia nessa área, que ainda não desenvolvemos completamente e aqui funciona de forma plena”, previu. Além disso, a pesquisa em pediatria clínica pode se tornar foco da parceria porque, segundo a diretora executiva, há carência das informações específicas em relação às crianças na África do Sul.

[Olho texto=”Brasília e África do Sul têm a ambição de levar saúde de qualidade a todas as crianças” assinatura=”Mandisa Maholwana, diretora do Hospital Infantil Nelson Mandela” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Atenção especial 

O Hospital da Criança de Brasília José Alencar atende exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ele é gerido pelo Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada (Icipe), financiado pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal e faz 500 mil atendimentos por ano — foram mais de três milhões desde a inauguração, em 2011.

Para o superintendente Gilson Andrade, além da troca realizada durante a visita, abrir espaço para colaborações futuras pode ser muito produtivo. “Nessa área do cuidado com as crianças, que há muita singularidade, é sempre muito importante a gente se espelhar em outras experiências. Nós temos, como princípio, fazer diferente. Mas não necessariamente diferente de todo mundo. A abordagem diferenciada necessária ao público infantil inclui elementos de vários lugares”, relatou.

[Numeralha titulo_grande=”500 mil” texto=”é o número de atendimentos do Hospital da Criança por ano” esquerda_direita_centro=”direita”]

De empatia e cuidado Maria Angela Marini entende. Presidente da Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer (Abrace) e mãe de ex-paciente, ela destaca a diferença de tratamentos quando há “olhar específico e foco principal no bem estar infantil”. “Esperamos que todas as crianças que precisam de tratamento possam contar com um hospital como o HCB e o Nelson Mandela”.

Segunda-dama do DF, Ana Paula Gehm Hoff também aproveitou a oportunidade para conhecer as dependências do HCB. Para ela, “é importantíssima essa troca de experiências entre os serviços de excelência, permitindo levar e trazer coisas boas”. Além de toda a estrutura de excelência, a advogada e empresária esposa do vice-governador Paco Britto enalteceu a pesquisa científica: ”é fundamental para os tratamentos e isso precisa ser divulgado”.

Estreitando relações

Secretária Adjunta da Secretaria de Relações Internacionais, Renata Zuquim revela que o convite foi feito em uma visita do Programa Embaixada de Portas Abertas na representação da África do Sul. Durante a conversa, a atenção especial do GDF à saúde se tornou assunto e o embaixador Ntshikiwane Joseph Mashimbye revelou a vinda da diretora do Hospital Infantil Nelson Mandela à capital.

“Oferecemos apresentar nossa experiência a eles com o Hospital da Criança que é de excelência no tratamento de várias doenças, em especial o tratamento de câncer infanto-juvenil, e, ao mesmo tempo, conhecer o trabalho deles”, conta. A intenção do programa é ampliar a troca de boas experiências, informações e acordos com diversos países, já que, conforme ressalta a secretária-adjunta, “Brasília tem vocação internacional por ter a sede de vários organismos e representações diplomáticas”.