26/06/2019 às 21:28, atualizado em 27/06/2019 às 10:04

Deputados distritais aprovam proposta de licença-servidor idealizada pelo GDF

Servidores deixarão de ter direito a receber, em forma de pecúnia, licenças não gozadas e acumuladas ao final de cada cinco anos de trabalho

Por Jéssica Antunes, da Agência Brasília

Aprovado por unanimidade no plenário da CLDF, texto final seguirá para sanção do governador Ibaneis. Foto: Renato Araújo / Agência Brasília

A proposta do Governo do Distrito Federal (GDF) de implementar a licença-servidor foi aprovada em primeiro e segundo turnos pelos deputados distritais nesta quarta-feira (26). O beneficio substitui a licença-prêmio: mantém o afastamento remunerado, mas não permite a conversão em pecúnias que, hoje, constitui uma das maiores despesas do Tesouro Distrital.  A economia prevista pelo projeto é de R$ 190 milhões por ano. O texto final seguirá para sanção do governador Ibaneis Rocha.

“É uma grande vitória para o governo, mas é uma vitória ainda maior do diálogo. Esse era um tema tratado como espinhoso e conseguimos fazer uma construção com sindicatos e oposição de forma que ficasse bom para todos”, valorizou o parlamentar Cláudio Abrantes (PDT), líder do governo na CLDF. A unanimidade da votação é apontada pelo deputado como “grande avanço”.

[Olho texto=”A prova de que não foram retirados direitos é que os próprios partidos de oposição votaram com a gente” assinatura=”Cláudio Abrantes, líder do governo na CLDF” esquerda_direita_centro=”direita”]

De acordo com ele, trata-se de uma sinalização de que a gestão é de um governo não-impositivo, que admite discutir. O sucesso da articulação se apresentou em forma de aplausos após aprovação unânime dos 24 deputados em primeiro turno. Na segunda etapa da votação, os 23 parlamentares presentes confirmaram a aprovação.

A peça legislativa foi construída após discussões entre os envolvidos e acompanhada de perto pela Secretaria de Fazenda, Planejamento, Orçamento e Gestão. Na exposição de motivos que acompanhou o texto do Projeto de Lei Complementar enviado pelo governo à CLDF, o titular da pasta, André Clemente, ressaltou que a medida viabiliza uma “gestão de pessoal moderna e eficaz no Distrito Federal, atrelada a uma política de austeridade fiscal e redução dos gastos públicos”.

Ainda de acordo com o secretário, o novo modelo de gestão “requer mudanças nas regras de concessão de benefícios aos servidores públicos distritais”.

O secretário de Relações Parlamentares destacou a importância da participação do governador no acordo. “O texto anterior foi excelente. Agora está primoroso. É na construção que consegue evoluir”, observou Bispo Renato Andrade, para quem a legislação não levará gastos adicionais ao Executivo, nem afetará a administração pública.

O que muda

Pelo regime em vigor, os servidores têm direito às licenças-prêmio, mas, quando não gozadas, elas são convertidas em pecúnia. O valor deve ser pago ao funcionário público após sua aposentadoria. Essa é, segundo a Secretaria de Fazenda, Planejamento, Orçamento e Gestão (SEFP), uma das principais despesas do Tesouro Distrital.

Atualmente, há 8.150 servidores aposentados aguardando pagamento de R$ 660 milhões. A projeção é que a dívida mais do que dobre a curto prazo, uma vez que a fila para aposentadoria de servidores é composta por cerca de 11.200 pessoas. Todas elas teriam que receber as pecúnias referentes às licenças-prêmio não usufruídas.

Agora o servidor não terá mais direito de receber, em forma de pecúnia, as licenças acumuladas e não usufruídas ao final de cada cinco anos de trabalho. Em vez disso, passará a vigorar a licença-servidor: a cada quinquênio de trabalho, o servidor efetivo terá direito de descansar por três meses, sem prejuízo da remuneração. Ao final de cada prazo, a licença deve ser requerida pelo servidor.

A Administração Pública deve definir o período de afastamento em 120 dias. Caso contrário, o período de descanso será automaticamente concedido, iniciando-se no 121º dia após a entrega do requerimento.

Na CLDF, o texto teve 28 emendas protocoladas. Nos dois turnos, oito foram acatadas. Entre elas, a permissão para que servidores em licença maternidade ou paternidade possam acrescer a ausência com a licença-servidor. Alem disso, a permissão para que diretores de escolas públicas possam usufruir do benefício sem perder a gratificação.

Direito adquirido

A proposta respeita o direito já adquirido por servidores. Aqueles mais de oito mil que aguardam o pagamento receberão a verba, assim como aqueles que também têm direito, mas ainda não gozaram do benefício até a nova lei entrar em vigor. Nesse caso, a pessoa poderá optar entre usufruir a licença ou convertê-la em pecúnia, no momento de sua aposentadoria.

Para garantir e programar o pagamento das pecúnias em atraso, o GDF prepara um decreto. “Primeiro vamos apresentar a proposta aos sindicatos e construir da melhor forma possível a forma de arcar com os atrasados de 2017 a 2019. Vamos equilibrar. Quem tem pouco para receber terá a possibilidade de receber à vista. Quem tem muito, [pagamento] parcelado”, explica Bispo Renato Andrade.Os montantes podem ser divididos em até 48 vezes.