29/07/2019 às 12:07

HRT dobra capacidade de atendimento com reestruturação do pronto-socorro

Em seis meses, unidade internou 2,2 mil pessoas a mais do que no mesmo período do ano passado

Por Agência Brasília *

O Hospital Regional de Taguatinga (HRT) dobrou a capacidade de atendimento a pacientes graves levados à unidade pelo Corpo de Bombeiros e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Nos primeiros seis meses deste ano, foram internadas 2.282 pessoas a mais do que no mesmo período de 2018 – o que gerou maior número de cirurgias e mais atendimentos ambulatoriais.

De acordo com os dados do próprio hospital, de janeiro a junho de 2018, foram internados 13.210 pacientes. No somatório do mesmo período deste ano, 15.492 pacientes deram entrada no HRT. Os bons resultados se devem à adoção da metodologia Lean nas Emergências, estratégia que alterou processos de trabalho e que está se refletindo, positivamente, no hospital inteiro.

[Numeralha titulo_grande=”15.492″ texto=”Número de pacientes atendidos pelo HRT de janeiro a junho deste ano” esquerda_direita_centro=”direita”]

Com o objetivo de prestar assistência de qualidade e atender à grande demanda, o hospital buscou, no Ministério da Saúde, um projeto que auxiliasse na melhoria dos serviços. Financiado pelo Ministério da saúde por meio do Proadi-SUS, o Lean nas Emergência é conduzido pelo Hospital Sírio-Libanês e se fundamenta em uma gestão destinada à melhoria de processos, baseada em tempo e em valor, desenhada para assegurar fluxos contínuos e eliminar desperdícios e atividades de baixo valor agregado.

O HRT foi um dos 20 hospitais selecionados no Brasil para participar do Lean.  “O projeto recebeu a consultoria quinzenal do Hospital Sírio-Libanês, que encerrou a parte presencial em maio de 2019”, explica a superintendente da Região de Saúde Sudoeste, Lucilene Florêncio. “Agora, somos monitorados a distância, e os dados são apresentados mensalmente ao Ministério da Saúde”.

Quantitativo

 Os números apontam um aumento na quantidade de pacientes que chegam nas ambulâncias do Samu e do Corpo de Bombeiros: de uma média de 17 doentes graves por dia, em 2018, o montante chegou a 40 nos primeiros seis meses de 2019. O hospital também registrou um aumento significativo nas cirurgias, que passaram de 257, em outubro do ano passado, quando começou o projeto, para 459 procedimentos, somente no centro cirúrgico, no último mês de junho.

 “Os resultados que o hospital está alcançando com o projeto são de extrema relevância e afetam a toda a população da Região de Saúde Sudoeste”, destaca Lucilene Florêncio. “Isso se estende até a algumas cidades do entorno que buscam atendimento no HRT, o que corresponde a cerca de 1,5 milhão de habitantes. Então, viabilizar que mais pessoas possam ser atendidas no mesmo espaço de tempo e mesmo espaço físico pode significar mais vidas salvas. E é para isso que trabalhamos.”

Atendimento

 A paciente Gleidys Corrêa Marques, 83 anos, chegou à emergência em estado considerado grave pela classificação de risco, recebendo pulseira vermelha. Sua filha Meire conta que o atendimento foi rápido: “Não demorou nada e logo ela já estava internada, porque teve convulsão e caiu. O atendimento está muito bom, e os profissionais daqui são muito atenciosos”.

O pouco tempo de espera por acolhimento também mereceu elogios de Daniela Cristina Marques. Ela está com o filho de dois anos e dez meses internado. “O atendimento está sendo ótimo. Chegamos aqui e fomos recebidos em menos de uma hora, o que me surpreendeu”, relatou.

Já Kely Fernandes teve sua bebê, Lorena, encaminhada pela Unidade Básica de Saúde (UBS) para o hospital. A criança foi conduzida ao HRT de ambulância devido a uma crise de bronquiolite. “Chegamos aqui e o atendimento foi rápido e muito bom. Já é a segunda vez que ela é internada aqui. Eu gosto muito deste hospital”, afirma a mãe.

Reconhecimento

 Os servidores do HRT endossam a impressão dos pacientes. “Há alguns meses, tenho observado que o volume de pacientes no espaço do pronto-socorro diminuiu, facilitando nosso trabalho”, relata a técnica de enfermagem Monique Machado Maciel. “Tudo está muito mais organizado”.

Para o técnico de enfermagem Luís Ricardo Mota do Nascimento, que trabalha há cinco anos no pronto-socorro do HRT, a mudança também está sendo significativa. “O projeto está envolvendo inclusive outros andares [enfermarias]”, diz. “Temos um fluxo melhor de pacientes, o que ajuda a esvaziar as enfermarias e a receber os novos”.

O médico emergencista Isaac Ferraz, por sua vez, destaca as qualidades da metodologia selecionada para implementar as mudanças necessárias: “O projeto é muito bom. É uma metodologia há muito estudada e, quando implementada em sua totalidade, funciona muito bem”.

Redirecionamento

 Para que mais pacientes pudessem ser atendidos, a estratégia adotada pelo hospital foi o redirecionamento dos atendimentos que, na classificação de risco, não foram identificados como urgência ou emergência. Dessa forma, pacientes da pediatria com classificação de risco amarelo, verde ou azul passaram a ser encaminhados a consultas no ambulatório do HRT ou na Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência.

As consultas de retorno dos pacientes da ortopedia também passaram a ser agendadas no ambulatório do hospital, dando mais agilidade ao acolhimento e desafogando a demanda da emergência. A medida resultou no aumento significativo no número de consultas ambulatoriais.  Em junho de 2018, foram realizadas 8.227 consultas – número que, no mesmo mês deste ano, saltou para 9.600.

[Numeralha titulo_grande=”9.600″ texto=”Total de consultas ambulatoriais realizadas em junho deste ano” esquerda_direita_centro=”direita”]

Redução de permanência

 Uma das estratégias para implementar o projeto foi envolver todas as áreas do hospital, não apenas o pronto-socorro. A maneira de aproximar os setores com a troca de informações foi estabelecer uma reunião diária, durante a qual é feito um check list da situação de cada área, levando os servidores a interagir, conhecer e participar das decisões.

A superintendente Lucilene Florêncio ressalta que um dos avanços foi a diminuição do tempo de permanência dos pacientes no hospital. Segundo a gestora, o tempo médio de demora na unidade hospitalar, em janeiro de 2019, era de 11 dias. Em junho, caiu para sete dias.

“Isso significa que conseguimos tratar, de forma mais eficiente, um número maior de pacientes, maximizando a desospitalização”, comemora. “Houve aumento no número de pacientes atendidos, com maior segurança, agilidade e rápida resolutividade, com o mesmo número de profissionais envolvidos. Com as mudanças, o HRT avança na implantação das melhorias necessárias para atender à crescente demanda”.

Encaminhamento

 Está sendo implantado no hospital o sistema conhecido por Encaminhamento Responsável. Com essa medida, ao receber alta da internação, o paciente saberá onde deve fazer o retorno para concluir seu tratamento de saúde, podendo ser no ambulatório do próprio HRT ou na sua UBS de referência, com o médico da família.

O HRT dispõe de 464 leitos e 32 especialidades ambulatoriais, que funcionam das 7h às 12h e das 13h às 19h. A área total do hospital corresponde a 33 mil metros quadrados, sendo que o pronto-socorro possui 1.407 metros quadrados, comportando 68 leitos adultos, mais um de isolamento e outros 20 leitos de pediatria.

* Com informações da Secretaria de Saúde