13/08/2019 às 19:00, atualizado em 14/08/2019 às 11:42

GDF lança licitação para construção de viaduto no Sudoeste

Negociação para liberação dos recursos, na ordem de R$ 21 milhões, foi iniciada na gestão Ibaneis ainda no governo de transição

Por Gizella Rodrigues, da Agência Brasília

Objetivo é retirar os semáforos que interferem no fluxo de veículos | Fotos: Joel Rodrigues / Agência Brasília

O governo do Distrito Federal (GDF) se prepara para lançar a licitação para construção do viaduto da Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig) — que vai ligar o Sudoeste, na altura da Avenida das Jaqueiras, ao Parque da Cidade (veja mais no vídeo abaixo). Os recursos, na ordem de R$ 21 milhões, foram liberados pelo Ministério de Desenvolvimento Regional e, por ordem do governador Ibaneis Rocha, a Secretaria de Obras começa a providenciar imediatamente os trâmites para o lançamento do edital da concorrência pública.

Do total de R$ 21,4 milhões estimados como custo da obra, R$ 3,8 milhões são contrapartida do GDF. A negociação para a liberação dos recursos para a execução da obra teve início na gestão Ibaneis ainda no governo de transição. “Semana passada conseguimos o aval do Ministério do Desenvolvimento Regional e do agente financeiro para licitar a obra. E assim tem sido desde que assumimos a gestão. Temos trabalhado diuturnamente para garantir os recursos necessários para o crescimento da cidade”, afirma o secretário de Obras, Izídio Santos Júnior.

Assista ao vídeo:

Devido aos prazos da licitação e aos procedimentos de liberação de recursos, as obras devem demorar de 120 a 150 dias para serem lançadas, ou seja, devem começar entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020. Depois de iniciados os trabalhos, o prazo para o término da construção da estrutura é de 12 meses.

O viaduto será construído na intersecção da Epig com o Sudoeste e o Parque da Cidade – local por onde passam, em média, 22 mil veículos por dia. O objetivo é retirar os semáforos que interferem no fluxo de veículos. Hoje, quem passa pela Epig no sentido Plano Piloto é obrigado a parar em dois semáforos: um para a passagem de pedestres em frente ao Complexo da Polícia Civil e outro logo em frente à saída de carros do Parque da Cidade.

O mesmo acontece no sentido contrário. Quem vai do Plano Piloto sentido Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) precisa parar no semáforo para a passagem dos automóveis que saem do Parque da Cidade (estes ou seguem pela Epig sentido Taguatinga ou viram à direita rumo ao Sudoeste). Quem toma a primeira opção – rumo a Taguatinga – se depara logo à frente com o semáforo diante da Polícia Civil.

Nó no trânsito

Quem sai do Parque da Cidade pega um sinal e quem retorna na Epig para em outro sinal. A abertura e o fechamento de tantos semáforos contribui para dar um nó no trânsito na região, principalmente no começo da manhã e no final da tarde. Os trevos na Epig serão feitos em trincheiras, ou seja, de forma subterrânea, de modo que os veículos permaneçam no nível da via.

Gilvan Júnior Rodrigues da Silva trabalha na 504 Sul, mora em Taguatinga Sul e passa pelo Parque da Cidade todo dia: 10 minutos para passar pelo semáforo

“Se estou no parque e quero ir para Taguatinga, vou passar por baixo da Epig, fazer uma tesourinha e ir para Taguatinga. Se quero ir para o Sudoeste, também passo por baixo e sigo reto, em vez de fazer a tesourinha”, explica o assessor da Secretaria de Obras Maurício Canovas.

“O mesmo acontece no outro sentido. Quem está no Sudoeste e quer ir para o Parque da Cidade passa por baixo e não precisa ir lá na frente para fazer o retorno. Quem vem de Taguatinga e quer ir para o Sudoeste, passa por cima do viaduto”, acrescenta.

A reclamação dos motoristas que passam por ali é justamente a demora dos semáforos. Gilvan Júnior Rodrigues da Silva, 27 anos, trabalha na 504 Sul e mora em Taguatinga Sul. No caminho de casa, ele passa todo dia pela saída do Parque da Cidade para pegar a Estrada Parque Taguatinga Guará (EPTG). E conta que demora cerca de dez minutos para passar pelo semáforo na saída do parque.

“O sinal demora e o fluxo de carros é muito grande. Hoje está mais tranquilo, tem dia que é mais cheio, especialmente às sextas-feiras. Um viaduto aqui vai ajudar muito”, diz.

Corredor Eixo-Oeste

O projeto do viaduto faz parte do Corredor Eixo-Oeste, via de ligação entre o Sol Nascente e o Plano Piloto, passando por Taguatinga. Com 38,7 quilômetros de extensão e orçado em R$ 750 milhões (valores de 2015), o projeto prevê alargamento de pistas e construção de faixas exclusivas nas principais vias do trajeto, como a Hélio Prates, a Epig (chegando ao Eixo Monumental) e a Estrada Parque Polícia Militar (ESPM), que passa pelo Setor Policial até o Terminal da Asa Sul.

As obras são feitas por trechos para aproveitar os recursos à medida que eles são liberados. E também porque seria inviável fazer as intervenções de uma só vez no trânsito.

Esse será o primeiro conjunto de viadutos de um total de três previstos para a Epig. Segundo Canovas, a ideia é acabar com os semáforos na via. Um outro viaduto será feito na chegada à Octogonal e um terceiro na altura dos postos de combustíveis na chegada ao Setor de Indústrias Gráficas. Quando o Corredor EIxo-Oeste estiver concluído, toda a Epig terá quatro faixas em cada sentido, uma delas exclusiva para o BRT.

Licitação revogada

Em agosto de 2014, o governo chegou a publicar o edital de licitação para a construção do viaduto, mas ela foi questionada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), por causa dos recursos federais, e por grupos de ciclistas. Assim, a obra acabou revogada.

“Os ciclistas queriam que tivesse uma ciclovia no viaduto e o TCU questionou o remanejamento de uma adutora da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) que passa pelo local. Pelo projeto, a empresa que fosse construir o viaduto faria o remanejamento, mas o tribunal alegou que a empresa não poderia ser a mesma”, lembra Maurício Canovas.

Segundo ele, a Secretaria de Obras fez as devidas alterações e o novo projeto foi aprovado pela Caixa Econômica Federal e pelo então Ministério das Cidades. “A Caesb fez uma licitação a parte e mudou a rede de abastecimento de água de lugar. Com os ciclistas fizemos uma série de reuniões e chegamos ao consenso de que a ciclovia não precisa passar em cima do viaduto, elas vão ser nas marginais e vão se integrar com as ciclovias do Parque da Cidade”, acrescenta.