23/09/2019 às 13:59, atualizado em 21/10/2019 às 11:55

Remédio certo na hora certa: pacientes terão todos os rótulos disponíveis

Batalha prevista no Planejamento Estratégico 2019-2060 prevê que o GDF ofertará 100% de produtos básicos, estratégicos e especializados. Bem antes do prazo, Saúde já atua para facilitar o acesso

Por Jéssica Antunes, da Agência Brasília*

Orlando Camargo, que sofre de reumatismo: custo de R$ 9 mil pelo rótulo. Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

O Distrito Federal, como todas as unidades da Federação, enfrenta desafios relacionados ao acesso da população a medicamentos. A logística para armazenamento e distribuição também precisa de melhorias. De olho nisso, o governo estabeleceu, no Plano Estratégico 2019-2060, uma batalha específica para garantir remédios certos na hora necessária aos pacientes da capital. A meta é aumentar para 100% a disponibilidade de rótulos. Até lá, a Secretaria de Saúde atua para facilitar a vida do paciente.

A gestão de medicamentos considera o ciclo da assistência farmacêutica: aquisição, armazenamento, distribuição e uso. Na rede, os rótulos são dispensados de acordo com os Componentes de Assistência Farmacêutica, que são básico (para tratamento precoce), estratégico (que previnem endemias) e especializado.

Eles são distribuídos nas Unidades Básicas de Saúde, nos hospitais (para pacientes internados) e nas Farmácias Ambulatoriais Especializadas (conhecidas como Farmácias de Alto Custo).

Cerca de 30 mil pacientes buscam medicamentos nas farmácias ambulatoriais especializadas da Asa Sul, de Ceilândia e do Gama. É o caso do aposentado Orlando Machado de Camargo. O idoso de 66 anos foi diagnosticado com reumatismo há 19 anos. Na época, ele não teve acesso ao medicamento e a falta de tratamento o deixou com sequelas, como a perda de mobilidade na cervical e de seis centímetros na altura. 

[Olho texto=”Essa farmácia é primordial na minha vida. Ter um maior número de unidades seria muito bom, um facilitador. Muitos que precisam são idosos que têm problema com locomoção” assinatura=”Orlando Machado de Camargo, paciente com reumatismo” esquerda_direita_centro=”direita”]

“Eu sentia febres e dores horríveis antes de tomar o medicamento, sem essa medicação eu estaria perdido”, conta o morador de Vicente Pires. Gratuitamente, ele consegue ter em mãos o rótulo que chega a custar R$ 9 mil.

Foco estratégico
“O Plano priorizou ações capazes de fortalecer a gestão da assistência farmacêutica, por meio da instituição de diretrizes que possibilitam a adoção de uma política pública mais consistente nesse campo da saúde e de relevância para a recuperação da bem-estar e da qualidade de vida da população”, explica Adriana Lorentino, secretária-adjunta de Planejamento da Secretaria de Economia.

A secretária-adjunta diz que a questão de medicamentos constitui um dos mais importantes focos estratégicos, contemplando iniciativas voltadas ao acesso da população a medicamentos, bem como aquelas relacionadas à logística para seu armazenamento e distribuição.

“É um grande desafio o aprimoramento para que haja medicamentos em quantidade suficiente para atender as demandas da população do DF. Como o é garantir que a qualidade dos medicamentos seja mantida até o seu uso”, ressalta Lorentino. 

No DF há três unidades de Farmácias Ambulatoriais Especializadas (conhecidas como Farmácias de Alto Custo). Uma está em reforma e as outras duas também podem receber obras. Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

Iniciativas caminham
A meta para os próximos 40 anos é abrir ao menos uma unidade de farmácia de alto custo por região de Saúde. Até lá, a unidade de Ceilândia passa por reforma, medida que é avaliada para chegar às outras duas. Ainda está em andamento a abertura de uma farmácia de média complexidade na Policlínica da Asa Sul (114/115 Sul).

Além disso, para facilitar a o atendimento ao usuário, a pasta diz que um sistema para agendamento da retirada de medicamentos por dia e horário está sendo adquirido para funcionar nas três farmácias. 

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Com base no Plano Estratégico, o governo planeja contratar serviços de operação logística para armazenamento e distribuição de materiais e medicamentos. A Secretaria de Saúde explica que o processo foi aberto. A equipe de planejamento faz estudos de viabilidade e análise de riscos. Pelos prazos legais, caso não haja atrasos, a previsão é que o edital seja publicado até o fim de 2019.

Além disso, o plano é reformar a Farmácia Viva, localizada no Riacho Fundo I, e ampliar a estrutura física do laboratório de farmacotécnica do Hospital Regional de Taguatinga (HRT), onde são produzidos 75 tipos diferentes de medicamentos na forma de solução oral. O projeto está em fase de aprovação pela Vigilância Sanitária. 

Segundo gestores da Saúde, o recurso disponível via emenda parlamentar é suficiente para iniciar a obra. Pioneiro no Brasil em fornecimento de medicamentos fitoterápicos para a rede pública de saúde, o local atende 21 unidades básicas de saúde e fornece medicamentos para 143 equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF). 

José dos Reis, morador de Planaltina: com apenas 20% do pulmão direito, busca dois medicamentos por mês. Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

Também está em estudo a implantação do Projeto do Complexo de Assistência Farmacêutica, que pode contribuir para universalizar a disponibilidade de medicamentos. 

Todas as mudanças planejadas vão beneficiar pacientes como José dos Reis Oliveira. O morador de Planaltina tem apenas 20% do pulmão direito e busca, todos os meses, dois rótulos fornecidos gratuitamente.

Se fosse comprar, teria que tirar do bolso quase R$ 500 a cada 30 dias. “Quando fico sem tomar o remédio me sinto muito cansado. É por isso que este serviço me ajuda muito. Tem gente aqui que se não recebesse o remédio de forma gratuita já estaria sem vida”, diz o homem de 62 anos. 

* Colaborou Daniela Brito