12/11/2019 às 13:12, atualizado em 13/11/2019 às 14:26

Cesta Verde, um reforço na hora certa

Programa do GDF complementa cesta básica que já é entregue a famílias em situação de vulnerabilidade

Por Gizella Rodrigues, da Agência Brasília

Fotos: Acácio Pinheiro / Agência Brasília

Lançado no último sábado (9) pelo governador Ibaneis Rocha em Planaltina, o programa Cesta Verde fez a primeira entrega de alimentos na manhã desta terça-feira (12). A partir de agora, famílias em situação de vulnerabilidade com renda per capita inferior a meio salário mínimo (R$ 499) receberão do GDF uma cesta composta de frutas e vegetais juntamente com a cesta básica de produtos não perecíveis entregue todo mês.

Na manhã desta terça-feira, 200 cestas secas e verdes foram entregues de casa em casa pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) em várias localidades do DF, como Candangolândia, Gama, Recanto das Emas e Ceilândia. Mas as entregas dos produtos de necessidade básica para as famílias carentes do Distrito Federal serão diárias, feitas por nove caminhões, totalizando oito mil por mês em todas as regiões administrativas. Para receber o alimento, a família deve estar cadastrada pelo Centro de Referência de Assistência Social (Cras).

Na cesta básica tradicional, distribuída desde o início da gestão do governador Ibaneis Rocha, são 15 itens, como arroz, feijão, macarrão, óleo, café, sardinha e carne de charque. Na cesta verde, cenoura, repolho, batata doce, cebola, limão, tomate e banana complementam a alimentação das famílias em situação de extrema pobreza.

“É recomendado que a população inclua três porções diárias de frutas e verduras na alimentação; sem a assistência do governo, dificilmente as pessoas fariam essas refeições”, afirma a nutricionista Glauca Melo Wernik, diretora técnica da Subsecretaria de Segurança Alimentar e Nutricional da Sedes.

Glauca Wernik, da Subsecretaria de Segurança Alimentar e Nutricional da Sedes: “É recomendado que a população inclua três porções diárias de frutas e verduras na alimentação”

Dificuldade

Na Vila Contorno, na Candangolândia, as cestas chegaram no momento certo para a família de Daniela Cruz, 31 anos. Ela vive com o marido e os dois filhos, de oito meses e oito anos, em uma casa cujo aluguel consome mais de metade da renda familiar mensal. Desempregado desde março, o marido de Daniela sobrevive de bicos na construção civil, enquanto ela fica em casa cuidando das crianças. “Tem semana que aparece serviço, tem semana que não. Ele consegue ganhar uns R$ 900 por mês, mas só de aluguel pagamos R$ 500”, conta.

Os R$ 400 que sobram por mês não são suficientes para a família viver com dignidade, reconhece a dona de casa. “A gente passa dificuldade sim”, revela. “Nunca passamos fome, mas já fizemos refeições só com o básico, arroz, feijão e ovo”. Daniela fez a inscrição no Cras em janeiro, quando seu marido ainda estava empregado. “Depois que ele perdeu o emprego, as coisas ficaram mais difíceis”, relata. “Voltei ao Cras na semana passada, desesperada. Estava ansiosa por essa cesta”.

Investimento

Por ano, o GDF vai investir R$ 2,3 milhões no programa. Cada cesta custa R$ 24,50, e 96 mil delas serão distribuídas anualmente. As famílias vão receber os produtos durante dois meses, em uma ação de assistência emergencial. Depois disso, farão uma nova avaliação e serão encaminhadas a outros programas assistenciais do governo.

[Numeralha titulo_grande=”R$ 2,3 milhões” texto=”Verba que o GDF investirá anualmente no programa Cesta Verde” esquerda_direita_centro=””]

O Cesta Verde é uma parceria entre a Sedes e a Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri). Os alimentos são adquiridos por meio do Programa de Aquisição da Produção da Agricultura do Distrito Federal (Papa-DF) e vêm da agricultura familiar, bem como da produção de povos e comunidades tradicionais e beneficiários da reforma agrária do DF e do entorno.

Além de combater a fome, o programa incentiva a economia do DF. Os produtos distribuídos na terça-feira saíram antes do amanhecer do Núcleo Rural Rio Preto, em Planaltina. Foram cultivados por 74 agricultores, que comemoram a possibilidade de ampliar seus negócios. “Existem estudos que mostram que cada 1 real investido na agricultura familiar gera renda de 3 reais com a contratação de empregados e compra de insumos”, informa o presidente da Cooperativa de Agricultura Familiar Mista (Coopermista), Ivan Engler.