20/11/2019 às 16:00, atualizado em 20/11/2019 às 16:02

Famílias de prematuros relatam suas experiências em evento no HRT

“Quando o amor chega mais cedo” foi o tema de ensaio fotográfico com bebês internados

Por Agência Brasília *

No dia em que Lara nasceu, Maria Fernanda recebeu alta da Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTI Neo) do Hospital Regional de Taguatinga (HRT). A incubadora antes ocupada por Maria Fernanda recebeu Lara, que veio ao mundo após 24 semanas de gestação, pesando apenas 700 gramas e poucas chances de sobreviver. Maria Fernanda também nasceu prematuramente, na 26ª semana de gestação e pesando 1.005 gramas.

Tudo isso aconteceu há cinco anos e a história das duas rendeu uma bela amizade entre as meninas e suas famílias, que partilharam dificuldades e alegrias dentro do hospital. Agora, superados os desafios, houve um reencontro entre Lara, Maria Fernanda e suas mães durante a exposição de fotos de bebês prematuros do HRT.

“Todos os dias travávamos uma luta aqui dentro. A gente fica emocionada porque virou história e dá para contar em livro o que se passou aqui. Lara até surpreendeu muito pelo desenvolvimento, pelo que ela passou. A única coisa (sequela) que ficou, foi um pouco de miopia e ano passado começou a usar óculos. É inteligente, é tudo. Está na escola, escreve o nome sozinha, sabe contar”, se emociona a mãe, Eliane da Costa Souza, ao relatar um pouco de sua grande vitória com a filha. Elas ficaram seis meses internadas no HRT.

Já a mãe de Maria Fernanda, Zelma Soares, acredita que seu ‘pequeno milagre’ só foi possível graças ao atendimento que sua bebê recebeu durante e após a internação. “Eu fiz todos os acompanhamentos. Esta fase terminou. Minha filha leva uma vida normal. É saudável e não tem nenhuma sequela. Os profissionais daqui são maravilhosos, a equipe é muito boa e ajudou bastante. Eu não tinha esperança de que ela iria sobreviver, mas está aqui o milagre”, conta Zelma, emocionada.

Saída

O momento de ir para casa é tenso e de muita expectativa. Há quem tenha pressa em sair e há quem tenha medo por enfrentar o cuidado de um prematuro. De acordo com a responsável técnica da Neonatologia do HRT, Ana Clara de Lira, há um protocolo a ser seguido após a alta e a continuidade dos cuidados com os bebês.

“Eles precisam de acompanhamento oftalmológico para investigar a retinopatia da prematuridade, que pode ser causada por diversos fatores da UTI e leva a risco de deficiência visual. Também necessitam de acompanhamento ambulatorial, com o primeiro retorno em 48 horas na primeira semana; uma vez por mês, até os seis meses de vida; a cada dois meses, entre seis meses e um ano de idade; e a cada três meses, entre um ano e dois anos. Há aqueles que precisam de acompanhamento por mais tempo, realizado pela equipe multidisciplinar”, explica Ana Clara.

A equipe que atende a essas crianças, no HRT, é formada por pediatra, neonatologista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, nutricionista (amamentação exclusiva), enfermeiros, assistente social e neuropediatra (nos casos de bebês nascidos abaixo de 32 semanas).

Evento

Essas e outras histórias forma partilhadas por cerca de 50 famílias internadas ou que já passaram pela UTI Neo do HRT. Um emocionante encontro reuniu crianças, pais e servidores para celebrar o mês da prematuridade, o Novembro Roxo.

Famílias como a de Nayra Camila Rocha dos Santos e Jonas, mãe e pai do Lorenzo, hoje com sete meses. Ele permaneceu no hospital por 45 dias depois de nascer na 31ª semana de gestação e pesando 1,410 kg. Para Nayra, esse momento foi de reviver um pouco daquelas primeiras experiências com o filho.

“Só de ver essas fotos fico emocionada, porque a gente acaba meio que esquecendo, vai ficando para traz conforme a criança vai crescendo. A gente vai esquecendo um pouco a dificuldade que passou aqui, mas é bem gratificante”, reflete a mãe.

Uma exposição com fotos em preto e branco tomou conta do saguão do 5º andar, com imagens feitas por fotógrafos voluntários. Com o tema Quando o amor chega mais cedo, os retratos mostram imagens do cotidiano, cenas das famílias com seus bebês internados, realizando o pele a pele e, em alguns casos, tendo o contato do colo pela primeira vez.

Referência

O HRT é referência, no Distrito Federal, para o nascimento e cuidados de prematuros a partir de 25 semanas de gestação. Além da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, o hospital dispõe de Unidade de Cuidados Intermediários e aplica o método canguru.

São disponibilizadas 11 vagas na unidade da Mãe Nutriz para que as mães dos bebês internados permaneçam no hospital, acompanhando tudo o que acontece com seus filhos, e doem seu leite enquanto a criança ainda não é capaz de mamar no peito.

Em média, cada prematuro permanece dois meses no hospital, passando por diferentes estágios até receber a alta médica. A prematuridade está caracterizada quando os bebês nascem antes da 37ª semana de gestação e isso pode ocorrer por diversas causas.

De acordo com um levantamento realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), a taxa de prematuridade brasileira ficou em 11,5% dos nascimentos no ano de 2017.

* Com informações da Secretaria de Saúde