25/02/2020 às 20:44, atualizado em 25/02/2020 às 20:55

E teve blocos para todas as idades e gostos

No último dia de folia, desfiles de grupos tradicionais – como a Baratinha, o Pacotão e a Ventoinha da Tesourinha – encheram as vias de várias regiões. As crianças foram os protagonistas em boa parte deles

Por Agência Brasília*

A programação da terça-feira (25) carnavalesca no Distrito Federal foi intensa em várias regiões. O último dia das manifestações populares foi estrelado por blocos infantis e veteranos da capital. Além da movimentação bairrista dos pequenos blocos, nomes tradicionais da folia brasiliense foram às ruas, atraindo diversos tipos de públicos.

Banho de espuma, pintura de rosto, bolhas de sabão, brinquedos infláveis e uma abordagem pedagógica agitaram a tarde de pais e filhos no Bloco Baratinha. Localizado no Estacionamento 12 do Parque da Cidade Sarah Kubitscheck (Parque Ana Lídia), o bloco reviveu alguns clássicos da cultura popular brasileira para envolver os pequenos. Sucessos internacionais como o “Baby Shark” também ganharam o destaque no repertório.

A área estava repleta de crianças jogando confete e interagindo com a magia de cada fantasia representada na festa. Estavam presentes na festa inúmeros homens-aranhas, unicórnios, bebês maravilhas, anjinhos e outras indumentárias criativas. Entre um brinquedo e outro, os brincantes dançaram e cantaram ao som da Orquestra da Baratinha e Banda Trem das Cores.

Foto: Ludimila Barbosa/Secec-DF

Comemorando seu o 33° ano, o bloco infantil Baratinha, que teve apoio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), contou com um tema de grande relevância social. O bloco trouxe a campanha “A criança longe das drogas”, onde entre uma música e outra as famílias receberam orientações para curtir o Carnaval de forma saudável.

Para o diretor do Bloco, Paulo Henrique de Oliveira, a agremiação, veterana em Brasília, tem como principal missão educar o folião desde criança para aproveitar um Carnaval saudável com toda a família. “Celebramos os 33 anos do Baratinha com uma grande satisfação. Este ano resolvemos abordar o combate às drogas, pois acreditamos que através da informação podemos preservar o futuro das crianças”, acrescenta.

A dona de casa Samanta Rodrigues, de 28 anos, moradora do Recanto das Emas, trouxe pela primeira vez toda a sua família para brincar o carnaval. Acompanhada dos seus três filhos (Emily, Heitor e Brayan), ela considerou o evento muito seguro e divertido para interagir e fazer um programa diferenciado com parentes. “Acho legal um bloco dedicado à educação e ao futuro das crianças, onde se ensina que é possível com educação e responsabilidade”, completa.

O Irreverente Pacotão

O folião também curtiu o clima jocoso e extrovertido do tradicional “Pacotão”. Considerado o mais antigo de Brasília, o Pacotão leva às ruas da capital, desde 1978, marchinhas irreverentes escritas por moradores da cidade. Fundado por jornalistas, o bloco tradicional ficou conhecido pelas mensagens críticas e protestos.

Foto: Ludimila Barbosa/Secec-DF

Com marchinhas que remetem aos noticiários, o bloco que desfilou com apoio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) movimentou a comercial da 302/303 norte nesta tarde. Frequentado por foliões de mais idade, os músicos subiram no trio ao som de marchinhas compostas pela diretoria do bloco, abordando alguns temas de teor político e econômico relacionados ao país.

De acordo com um dos diretores do Pacotão, José Sóter, o bloco desfila e transmite ao seu público de forma alegre e irreverente com mensagens afiadas de fatos ligados aos noticiários do Brasil. “A história do Pacotão preserva o título de um Carnaval democrático, sem distinção de classe social ou idade, é um carnaval acessível à todos”, conta.

Para a foliã Miriam Raposo, o Pacotão marca parte de sua trajetória de vida. Ela argumenta que peso social das mensagens transmitidas pela agremiação carnavalesca é um dos principais reflexos de cidadania da população brasiliense. “O Pacotão é conhecido pela ousadia e rebeldia”, ressalta.

A leveza do Ventoinha da Tesourinha

Foto: Ludimila Barbosa/Secec-DF

O bairrista bloco Ventoinha da Tesourinha, que também recebeu apoio do FAC, desfilou com o foco em ocupar as quadras de modo respeitoso e alegre, assim como faziam os pioneiros de Brasília. O bloco, que nasceu em 2004, foi a atração para quem resolveu se fantasiar e curtir o fim de tarde ensolarado na 205/206 Norte. Como atração musical o bloco trouxe a banda de pífanos brasiliense “Ventoinha de Canudos”.

Bebês de colo, crianças e até cachorros estavam com vestimentas apropriadas para acompanhar o cortejo do bloco, que traz em seu repertório diversos ritmos da cultura popular brasileira. Baiões, marchinhas, frevos, xotes, cirandas, entre outros fizeram a alegria dos brincantes em uma festa muito acolhedora e familiar.

A jornalista Alessandra Bijos levou o pequeno Liam e o amiguinho Daniel e contou sua estima pelo bloco. Ela considera uma movimentação muito tranquila no local, onde, inclusive, encontra amigos de longa data, também com seus filhos. “O Ventoinha faz parte da história da minha vida e venho todo ano para dar continuidade a esse ciclo evolutivo de modo alegre e gostoso”, revela.

Para a coordenadora do bloco, Mariana Baeta, o principal lema do bloco é o direito à ocupação artística e cultural da cidade sem atrapalhar o espaço privado de ninguém. Ela conta que o ambiente pacífico atrai famílias. Sobre as músicas tocadas, Mariana associa o repertório às tradições regionais do cidadão de Brasília, que acolhe várias culturas. “O nosso repertório vais desde Asa Branca até Caboclinho. São músicas com mais de 60 anos de  história”, completa.

* Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec)