07/03/2020 às 07:39, atualizado em 09/03/2020 às 13:06

Dúvidas sobre a dengue no DF? Esclareça-as aqui

Saiba como a Vigilância Ambiental em Saúde combate o mosquito

Por Ian Ferraz, da Agência Brasília

Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília

Diretor da Dival, Edgard Rodrigues defende “participação maior de moradores, condomínios e síndicos” na luta contra o mosquito | Foto: Lúcio Bernardo Jr. / Agência Brasília

Mutirões nas cidades, aplicação de fumacê, contratação de agentes para trabalhar nas ruas. O Governo do Distrito Federal tem agido em várias frentes para combater o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. Parte desse trabalho é feito pela diretoria de Vigilância Ambiental em Saúde (Dival). Nesta conversa com a Agência Brasília, o diretor da Dival, Edgar Rodrigues, esclarece dúvidas e fala sobre o combate à doença. Confira.

Como a Vigilância Ambiental do DF tem atuado no combate à dengue?

A diretoria de Vigilância Ambiental preparou um plano de ação onde cada órgão de governo que tem atuado no combate à dengue trabalha para evitar uma epidemia da doença. O plano envolve, além da Secretaria de Saúde, a secretaria DF Legal, SLU, Detran, DER, secretarias de Segurança Pública e Educação e administrações regionais. As ações diárias se espalham pelas cidades, com visitas às residências e aplicação de fumacê [inseticida] nos locais onde há casos prováveis e confirmados de dengue. Além das visitas diárias, aos sábados há megaoperações nas cidades, sendo cinco visitadas por final de semana. A Vigilância Ambiental também tem instalado armadilhas, chamadas de supressão do vetor. O objetivo é eliminar a prole e a maior quantidade de larvas do mosquito. A diretoria trabalha ainda com a sala distrital, com reuniões semanais envolvendo agentes do governo para tratar das melhores estratégias no combate.

Como a população pode denunciar focos do mosquito da dengue?

Denúncias e sugestões podem ser feitas pela Ouvidoria através do número 162

Qual o perfil de quem pega dengue?

Nas estatísticas foi constatado que a maioria das pessoas que pegam dengue tem mais de 60 anos. Por exemplo, uma pessoa que está com pneumonia e já estava debilitada e acaba contraindo dengue. Temos também muita incidência com crianças porque são as que mais costumam passar tempo dentro de casa. Por isso, os 92% de casos da doença ocorrem dentro ou próximo do perímetro das residências. Eles são os mais expostos.

O que funciona e o que não funciona no tratamento em casa? Muito se fala do uso de água sanitária, repelentes, velas e óleo de citronela…

A melhor receita é não deixar água parada. É trabalhar com o básico. Tire de três a cinco minutos diariamente para cuidar da sua casa, olhar a calha e outros cantos.

O que mais a população pode fazer além de verificar suas próprias casas?

As pessoas precisam conversar. Parte da população só passa a fazer parte ou falar sobre a dengue quando ela ou alguém que ela conhece contrai dengue. A pessoa se sente “não é comigo, é com o governo”, mas no dia em que ela pega a dengue, a casa dela passa a ser objeto de supervisão diária. Precisamos de uma participação maior de moradores, condomínios e síndicos.

Os agentes de saúde têm autorização para entrar na casa de quem se recusa a receber a inspeção?

Os agentes têm alvará judicial que possibilita a entrada, mas não foi necessário usá-lo ainda. No caso de casas abandonadas ou fechadas nós podemos entrar, sim.

Qual a frequências da aplicação dos fumacês?

Diariamente. Se há casos suspeitos de dengue, independentemente de ser confirmado ou não, o carro roda as ruas.

Como o governo atua contra os acumuladores, uma vez que são possíveis focos do mosquito?

Eles têm uma questão psicossocial complexa. São pessoas que têm o hábito de guardar materiais inservíveis e, na cabeça deles, eles têm aquilo como se algum dia fossem usar. Temos feito um trabalho para debater o assunto. Nós entramos nas casas para fazer inspeção, mas não temos autonomia para entrar na residência e retirar aquelas coisas. Tem que ser bem conversado, trabalhado e articulado com os órgãos. Agora, o que está do lado de fora nós mandamos retirar.

O que foi feito de ação preventiva no ano passado pensando em 2020?

O plano de ação, que envolveu vários órgãos, colocando a responsabilidade para cada setor. A compra do inseticida Ultra Baixo Volume [UBV] e o aluguel de motofogs [motos para aplicação de venenos] foram algumas das ações pensadas de forma preventiva.

O mosquito da dengue apresenta algum tipo de mutação? Ele está mais resistente?

Mutação, não. Agora, ele transmite, só para dengue, quatro tipos de vírus, sendo o DEN-2 o mais agressivo. O mosquito também transmite febre amarela, zika, chikungunya, febre oropouche…. Temos que dar um jeito nele. Ele é muito adaptável aos ambientes, mas se for atingido pelo inseticida ele morre.

As condições climáticas influenciam na dengue?

O período chuvoso é o mais perigoso para espalhar o Aedes aegypti. Quando a chuva parar, as condições e metodologias serão outras. Quando não estiver mais chovendo vamos entrar limpando as cidades, retirando os inservíveis. Esse trabalho precisa ser feito para quando a chuva voltar não ter muitos depósitos de larvas. É um trabalho contínuo.