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29/03/2020 às 10:05, atualizado em 30/03/2020 às 11:45
Os kits, compostos por capote, propés e toucas, serão usados nas unidades prisionais do DF e por profissionais da Secretaria de Saúde. Já os internos da ala psiquiátrica fazem rodos com sobras do material usado para confecionar chinelos, canos e madeira
Uma corrente do bem voltada para a prevenção do contágio pelo novo coronavírus se instalou na Penitenciária Feminina do Distrito Federal (PFDF) desde a última semana. Sentenciadas, direção e agentes se debruçaram em conseguir material e expertise para produção de máscaras e kits de proteção – compostos por capote, propés e toucas – para serem utilizadas nas unidades prisionais e por profissionais da Secretaria de Saúde.
Atendendo ao pedido do secretário de Segurança, Anderson Torres, 200 kits já estão prontos para serem utilizados pelos agentes e na última sexta-feira (27) teve início a produção de máscaras de proteção.
“Estamos vivendo um período de escassez desses materiais no mercado e precisamos de uma quantidade grande para proteção de nossos profissionais e para garantir a saúde dos internos nas unidades prisionais. Vamos dar todo apoio necessário para que a produção atenda nossa demanda e também da Secretaria de Saúde (SES). Estamos trabalhando de forma integrada em busca das melhores alternativas”, disse Torres.
[Olho texto=”É uma forma de compensar a falta de visitas, saídas temporárias e trabalho externo” assinatura=”Adval Cardoso, subsecretário do Sistema Penitenciário” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Ao todo, trinta sentenciadas estão participando da produção do material. Elas fazem parte das oficinas de chinelo, uniformes para internas e artesanato que funcionam dentro da PFDF.
Com estoque de uniformes abastecido e a necessidade deste material diante da crise gerada por conta do coronavírus, a produção foi redirecionada. “A mudança foi alinhado com a Vara de Execução Penal (VEP) para viabilizarmos formas de compensar a falta de visitas, saídas temporárias e trabalho externo”, explicou o subsecretário do Sistema Penitenciário, Adval Cardoso.
Para a juíza da VEP, Leila Cury, atividades para compensar a suspensão das saídas temporárias e trabalho externo são importantes para que os reeducandos percebam que estão colaborando para minimizar os efeitos da crise causada pelo coronavírus e, de toda forma, ocupando o tempo.
A juíza instituiu um Grupo de Monitoramento Emergencial composto por servidores da Sesipe, Educação, VEP e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para acompanhar os efeitos da crise no ambiente carcerário. “Diariamente fazemos avaliações das medidas”, disse Cury.
A produção continuará de máscaras e kits continuará a partir desta segunda (30). “Estamos priorizando a distribuição para agentes que fazem a transferência de presos recém-chegados ao sistema penitenciário, pois não sabemos como estavam essas pessoas antes da prisão”, contou Adval.
A disponibilização será feita a partir do protocolo estabelecido pela Saúde, que orienta quem deve utilizar o material.
De acordo com a diretora da PFDF, Rita de Cássia, a Secretaria de Segurança está comprando mais material para produção dos kits para os agentes. “Tínhamos lençóis com filtro de retenção bacteriana para o setor de saúde da unidade, repassado pela SES, que não estava sendo utilizado, e TNT. Buscamos a orientação dos profissionais e produzimos a partir do modelo fornecido por eles. Desta forma, conseguimos produzir um material reforçado e eficaz”. A máscara possui três camadas, sendo duas de TNT e uma de tecido retenção bacteriana.
A SES encaminhou material para a produção das máscaras para seus profissionais, que também será iniciada a partir da próxima semana.
Boas histórias
Desde o início desta semana, as internas envolvidas na produção do material passaram a compartilhar histórias e emoções por poderem contribuir de alguma forma com o combate ao coronavírus. “Elas estão muito empolgadas. Uma delas contou que tem parentes que são da área de saúde e disse estar muito feliz em poder contribuir com a proteção desses profissionais. Ela chegou a me perguntar se eu poderia contar aos seus familiares. Tudo isso é muito compensador”, disse a diretora do presídio.
Rita completou dizendo que é um trabalho conjunto. “Estamos todos muito empolgados com esse novo desafio. O comprometimento é de toda equipe e também das internas. Cada um dentro de espaço procurando fazer o que é melhor para Segurança Pública e para o Distrito Federal. Estamos muito satisfeitos, mesmo num momento tão complicado”.
Rodos para limpeza
Nesta semana, cerca de dez sentenciados – classificados para trabalho interno e da Ala de Tratamento Psiquiátrico – testaram um modelo de rodos para contribuir com a limpeza das unidades prisionais.
“A assepsia de celas e viaturas precisou ser intensificada. Além do material de limpeza, precisamos de equipamentos para realizá-la. Como a demanda tem sido muito grande, a PFDF passou também a produzi-los”, explicou o subsecretário da Sesipe.
Os rodos são produzidos a partir de sobras do material para produção de chinelos, que são feitos no presídio, canos e madeira.
* Com informações da SSP/DF