31/03/2020 às 18:27, atualizado em 15/04/2024 às 14:19

Em tempos difíceis, religiões e governo procuram união

Líderes religiosos apresentam propostas ao GDF para aliviar crise no segmento

Por Lúcio Flávio, da Agência Brasília

Um pacto entre o GDF e as igrejas foi a proposta apresentada por lideranças religiosas em tempos de pandemia mundial ao governador Ibaneis Rocha. O encontro, realizado na manhã desta terça (31), no Salão Branco do Palácio do Buriti, contou com a presença de 25 representantes do segmento – entre eles, parlamentares da esfera local e federal – e mediação do chefe da Unidade de Assuntos Religiosos (Unar) e mentor do debate, Kildare Meira.

A meta central do debate foi buscar soluções paliativas para amenizar os impactos financeiros que recaem sobre a categoria, em face das medidas adotadas pelo Decreto n° 40.539, publicado no 19 deste mês, que recomendou o fechamento de “cultos e missas de qualquer credo ou religião”. As medidas propostas serão encaminhadas para avaliação do chefe do Executivo.

“A coragem desse encontro em tempo de quarentena é motivada por decisão política do Governo Ibaneis de sempre ouvir todos os segmentos da sociedade, e a classe religiosa não poderia ficar de fora”, observou o gestor da Unar. “Construímos um documento que vai servir de bússola para as medidas que serão tomadas pelo nosso governo no sentido de socorrer os templos contra os efeitos financeiros que eles terão que suportar.”

Propostas diversificaas

Entre as sugestões apresentadas por líderes de entidades cristãs, espíritas e de matriz africana, estão ajustes nos campos financeiro – como a prorrogação por seis meses da data de vencimento de conta de água, esgoto e energia elétrica – e social, além da proposta de permissão do funcionamento de 25% de capacidade máxima nos templos evangélicos e outros espaços do gênero para cultos ou celebrações. Alguns pontos levantados pelos presentes dividiram opiniões.

“Temos que estar atentos à realidade da situação, preocupados com os idosos, enfim”, destacou Kildare. “Particularmente sou contra essa solicitação [de manter os espaços para cultos em funcionamento], mas isso não impede de as igrejas continuarem os trabalhos e se colocarem à disposição do governo com ações sociais, na distribuição de alimentos, realização de cultos on-line”, concordou o deputado distrital Bispo Renato Andrade, secretário de Articulações Políticas do GDF na Câmara Legislativa.

Crédito e ajuda

Outras solicitações apresentadas durante o encontro foram a abertura de crédito especial junto ao BRB com prazo de seis meses para entidades que se encontram em dificuldades financeiras diante da atual situação e fornecimento de cestas básicas e itens de prevenção contra a Covid-19, como luvas, máscaras e álcool em gel.

Já Adna Santos, a Mãe Baiana, líder das Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e Terreiros, declarou: “O sistema de terreiros é bem diferente, peculiar, as pessoas estão tão carentes, e os membros locais têm dificuldade de colaborar com R$ 20 mensais, que seja, para ajudar no que for à comunidade. Contamos com a ajuda de serviços, como bazar de roupas e doações de alimentos”.

Acredita-se que aproximadamente 80% da população do Distrito Federal está ligada, de uma maneira ou de outra, ao segmento religioso de qualquer natureza.