03/04/2020 às 17:15, atualizado em 03/04/2020 às 18:31

Apoiados pela FAP-DF, pesquisadores da UnB sequenciam genoma do coronavírus  

Com a autorização de um paciente, a amostra foi coletada e pode revelar mutações da Covid-19

Por Ana Luiza Vinhote, da Agência Brasília *

Com o auxílio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF), pesquisadores do Departamento de Biologia Celular do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB) sequenciaram um genoma do novo coronavírus.

O investimento da instituição, juntamente com outras agências de fomento, foi de R$ 2.998.999,94. A ação faz parte de um projeto que desenvolve soluções para a saúde pública e reduz a incidência de viroses na capital.

“A missão institucional da FAP-DF é estimular, apoiar e promover o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação do DF, e é buscando atingir esse objetivo que desenvolvemos nossos editais, chamadas e traçamos nossas parcerias”, destaca o diretor-presidente da fundação, Alessandro Dantas.

Atuação integrada

A fundação, informa Dantas, colaborou para a estruturação do laboratório de microscopia eletrônica e virologia da UnB, especializado no estudo de vírus emergentes.

“É nessa atuação integrada entre governo, academia, setor produtivo e sociedade que nós acreditamos para vencer os principais desafios do DF, especialmente agora, diante dessa grave pandemia”, explica. “Ciência, tecnologia e inovação são as nossas principais ferramentas para superar situações como essa”.

O laboratório conta com dois microscópios eletrônicos – um de transmissão e outro de varredura –, um microscópio confocal (que tem os mesmos focos), um microscópio invertido e de fluorescência. A unidade também é capacitada com infraestrutura para cultura de células de bactérias, células de insetos e de mamíferos, além de possuir equipamentos utilizados para purificação de proteínas, manipulação genética de bactérias e vírus e sequenciamento de ácidos nucleicos.

Pesquisa

Com a autorização de um paciente, uma amostra foi coletada em um laboratório particular e analisada com a ajuda de insumos cedidos pela cientista Ester Sabino, do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IMT/FM/USP). Com o estudo, será possível identificar informações importantes sobre a dispersão e variação do vírus.

Coordenador da equipe, Bergmann Ribeiro explica que a pesquisa pode proporcionar avanços significativos no combate à Covid-19. “Até o momento, a diagnóstico da doença é feito usando técnicas moleculares com análise de uma pequena parte do genoma do vírus, menos que 1% do genoma”, explica. “Essa informação não é suficiente para conhecer a origem do coronavírus, as suas características e as mutações”.

A ideia, adianta o coordenador, é expandir o estudo. “Planejamos incluir mais amostras de pacientes de todo o DF”, pontua. “Essas informações servirão para conhecer meios de disseminação da doença, elaborar estratégias de contenção e monitorar as mutações existentes e aquelas que surgirem e que poderão alterar a patologia da doença”.

Convênio 

Recentemente,  a FAP-DF e a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) firmaram um convênio que beneficiará diretamente a Secretaria de Saúde (SES). A meta é apoiar a execução e o desenvolvimento de projetos e ações de pesquisa, inovação e extensão destinadas ao combate à Covid–19.

A fundação oferecerá recursos orçamentários e/ou financeiros no valor de R$ 30 milhões. O montante será repassado à Finatec de acordo com cronograma de desembolso contido no plano de trabalho.

*  Com informações da FAP-DF