17/04/2020 às 17:36, atualizado em 17/04/2020 às 18:06

Pessoas em situação de rua, que estão no autódromo, ganharam 400 pães

Ativado em dezembro do ano passado, o projeto de fabricação de pães por detentos da Papuda começou com 40 voluntários ligados à Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap)

Por Lúcio Flávio, da Agência Brasília

As secretarias de Desenvolvimento Social (Sedes) e Justiça e Cidadania (Sejus) deram as mãos e, justas, realizaram, nesta sexta (17), no Autódromo Nelson Piquet mais uma ação em prol das pessoas carentes do DF em tempos de Covid-19. Foram mais de 400 pães doados para 200 pessoas em situação de rua que ocupam o alojamento desde a última quarta-feira (10).

Os pães são fabricados dentro do Complexo Penitenciário da Papuda. Até o fim da crise, 62 reeducandos produzirão 1,2 mil unidades semanais. Há quadro meses, duas empresárias da cidade revitalizaram a oficina de panificação e diariamente a produção aumenta.

“Temos procurado trabalhar juntos para ajudar a dar dignidade para essas pessoas e, no caso desse projeto, conseguindo colocar os presidiários do projeto reeducando a trabalhar em prol da sociedade, contribuindo com ato de solidariedade, alimentando quem mais precisa”, frisou a primeira-dama do DF e titular da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), Mayara Noronha Rocha, que fez questão de conhecer todas as instalações do espaço, desde a lavandeira à cozinha do alojamento.

Ativado em dezembro do ano passado, o projeto de fabricação de pães por detentos da Papuda começou com 40 voluntários ligados à Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap), instituição responsável pela integração de presidiários ao mercado de trabalho por meio da ressocialização. Hoje são mais de 60 reeducandos que contribuem com a alimentação de moradores de asilos da cidade. Além da redução da pena, os voluntários têm a garantia de 70% do salário mínimo. Os insumos e maquinários para o projeto de panificação dos pães da Papuda partiu da iniciativa privada.

“Agora é o momento de todos dividirem o prejuízo causado por esse vírus e olharmos para o próximo, temos que dar prioridade à vida, é a lição que vai ficar para nós do coronavírus”, observa a empresária Patrícia Leal. “Em algum momento de suas vidas, esses presidiários que fazem parte do projeto passaram fome e agora têm a oportunidade de ajudar quem precisa como cidadão”, continua.

Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília

As 200 pessoas em situação de rua que estão alojadas provisoriamente no autódromo também vão poder contar com 434 itens de peças de roupas masculinas. São dezenas de camisas e camisetas de mangas compridas e curtas, além de agasalhos e blusas, doados à Sedes, que vão ajudar os necessitados.

“O tratamento aqui tem sido ótimo, somos atendidos por excelentes profissionais, podemos tirar o chapéu para o governo do DF”, agradeceu Joelson Gomes de Souza, um dos primeiros a chegar ao abrigo temporário.

Mil cestas básicas em Samambaia

Após visita ao autódromo, a secretária participou de outro ato simbólico de doação no 37º Batalhão de Bombeiros de Samambaia. Ao todo, mil cestas básicas arrecadas pela sociedade civil, Rede Solidária de Educação, Polícia Civil e Militar foram distribuídas para a comunidade carente da cidade. Militares do Corpo de Bombeiros de Samambaia e do Departamento de Operações Especiais (DOE) participaram da logística de entrega dos alimentos. Para Mayara Rocha, a entrega tem caráter de socorro emergencial.

“A fome não espera. Cerca de 12 mil pessoas estão na fila de espera de cesta básica e estávamos com tempo médio de 24h para entregar. Com a junção de toda a força policial, conseguimos minimizar, só aqui em Samambaia, a entrega de mil cestas, o que vai zerar a lista de pendências na cidade, cessando a fome de quem precisa”, disse aliviada.