05/06/2020 às 12:07

Dia Mundial do Meio Ambiente, oportunidade para reflexão

Sema trabalha em ações pela recuperação da biodiversidade, tema escolhido, este ano, para marcar a data

Por Agência Brasília * | Edição: Chico Neto

Orla do Lago Paranoá: projeto prevê recuperação de 65 hectares | Foto: Arquivo / Agência Brasília

Desde 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) e diversas outras entidades promovem ações de conscientização no Dia Mundial do Meio Ambiente –  5 de junho. O tema escolhido para marcar a data em 2020 é a biodiversidade. O GDF, por meio da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), órgãos vinculados e outras áreas de sua esfera, segue com foco nessas iniciativas, mesmo em tempos mais complicados.

“Precisamos utilizar esse momento complexo e difícil que a pandemia nos impôs para repensar nossas ações em relação ao meio ambiente”, defende o secretário do Meio Ambiente, Sarney Filho. “Esse é um momento singular. A reflexão e a ação são mais do que necessárias.”

[Olho texto=”“Precisamos utilizar esse momento complexo e difícil que a pandemia nos impôs para repensar nossas ações em relação ao meio ambiente”” assinatura=”Sarney Filho, secretário do Meio Ambiente” esquerda_direita_centro=”centro”]

O secretário destaca a importância de atuar contra a destruição ambiental.  “Cuidar da saúde ambiental é condição essencial, e não secundária, para preservar a saúde humana”, afirma. “É ponto pacífico, entre médicos e cientistas, que outras pandemias virão. Para enfrentá-las, será necessário conduzirmos a sociedade sobre novas bases. É fundamental, para nossa sobrevivência, que elas sejam mais justas, igualitárias e sustentáveis”.

As ações da Sema obedecem a esse princípio, ressalta o titular da pasta: “[A secretaria] está cumprindo o seu dever de casa, protegendo o Cerrado, cuidando das bacias hidrográficas, com programas de proteção de nascentes, implementando sistemas agroflorestais mecanizados, recuperando áreas degradadas, revitalizando e ampliando os parques, cuidando do clima e desburocratizando as licenças ambientais”.

Centro de Triagem

Foto: Divulgação / Novacap

O GDF vai entregar, em agosto, o Complexo de Reciclagem, que  funcionará para a recepção, triagem, classificação, prensagem, armazenamento e comercialização dos materiais recicláveis provenientes da coleta seletiva do DF.

[Numeralha titulo_grande=”R$ 24 milhões” texto=”Custo estimado do Complexo de Reciclagem, que vai gerar mais de 2 mil empregos” esquerda_direita_centro=”direita”]

Em uma área de 80 mil metros quadrados, o empreendimento engloba duas centrais de triagem e reciclagem (CTRs) e uma Central de Comercialização (CC). Orçada em R$ 24 milhões, a obra e vai gerar mais de 2 mil empregos.

Os trabalhos são executados pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Já o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) será responsável por gerir os centros de triagem, junto a cooperativas e associações de catadores ligadas à Central das Cooperativas de Materiais Recicláveis do DF (Centcoop), que conta com 27 associados.

Agricultura familiar

A agricultora Maria Ivanildes Souza integra o projeto-piloto Sistemas Agroflorestais (SAF) Mecanizados, implantado nas bacias do Paranoá e do Descoberto sob a coordenação da Sema. “Estamos ajudando a preservar o meio ambiente; a terra é muito importante para nós, agricultores”, diz ela. “Ano passado os poços secaram. Este ano, graças aos SAFs, os poços estão com água”.

A iniciativa tem como meta a execução de boas práticas agrícolas inovadoras em bacias hidrográficas estratégicas para contribuir com a segurança hídrica do DF. Já foram implantados 16 hectares com o modelo. Até o final deste ano, serão totalizados 20 hectares.

[Olho texto=”“Plantamos água, vida, e o meio ambiente agradece”” assinatura=”Ilnéia Rocha, agricultora integrante do projeto SAF Mecanizados” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

No sistema agroflorestal, tem sido feito o plantio de espécies agrícolas e florestais diferentes em uma mesma área, o que torna possível a produção sem que a natureza seja prejudicada. “Plantamos água, vida, e o meio ambiente agradece”, ressalta a agricultora Ilnéia Rocha, que também participa do projeto.

Ações pelo clima

Em maio, a Sema iniciou um levantamento de espaços com potencial para serem utilizados como sumidouros de carbono, áreas que retiram os gases de efeito estufa e os armazenam por um período, lançando oxigênio na atmosfera.

A ação faz parte da meta do governo de neutralizar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) no DF até o fim de 2022. A expectativa é que a iniciativa aumente o aproveitamento do potencial da natureza de fixar o carbono que circula livre na atmosfera, aumentando a presença de áreas de vegetação.

A recuperação e o enriquecimento da flora permitirão que o DF possa aproveitar ao máximo o potencial da cobertura vegetal para absorver e fixar o carbono atmosférico, além de recuperar a capacidade de produzir água. Os trabalhos representam uma efetiva redução das emissões desses gases no DF.

Combate a incêndios

Foto: Arquivo / Agência Brasília

Ainda em maio, a Sema deu início às ações anuais de combate a incêndios florestais, que fazem parte do Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Ppcif). Para viabilizar esses trabalhos, o governador Ibaneis Rocha liberou recursos de R$ 3 milhões, que serão destinados à contratação de 148 brigadistas. O edital para a seleção dos profissionais será publicado em breve.

Reprodução

Também foi lançado o Almanaque do Fogo, em formato digital, pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram). A publicação dialoga com a sociedade sobre a importância e os perigos do fogo, além de dar suporte às ações de educação ambiental, e está disponível no site do instituto.

Impactos ambientais

A apreensão com os impactos ambientais move também uma das principais ações da Sema: a elaboração de um diagnóstico da contaminação do antigo Lixão da Estrutural, com proposta de remediação para toda a área, por meio de tecnologias inovadoras.

Durante mais de 50 anos, foram acumulados resíduos no local, próximo aos limites do Parque Nacional de Brasília, gerando impactos negativos sobre as nascentes que convergem para o Lago Paranoá. A maior preocupação é com a infiltração do chorume, acumulado durante décadas em formações mais profundas do solo.

Entre as técnicas inovadoras a ser experimentadas no local estão fitorremediação, avaliação do modelo de transporte de contaminantes subterrâneos e o tratamento do chorume. Esses estudos darão subsídio à elaboração do termo de referência para o Projeto de Recuperação da Área Degradada (Prad), de responsabilidade do Ibram.

Água, questão fundamental

Para revitalizar áreas degradadas e garantir os serviços ambientais prestados à população do DF, a Sema está trabalhando em dois projetos: Recuperação de danos nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) na orla do Lago Paranoá e Restauração de 80 hectares em áreas de nascentes, de preservação permanente e de recargas de aquíferos nas Bacias do Rio Descoberto e Rio Paranoá.

O Projeto Orla prevê a recuperação de 65 hectares ao longo das APPs da orla do Lago Sul do Paranoá nos 30 metros às margens do espelho d`água do Lago Sul. A orla do lago tem um contorno total de 102,31 km, sendo 50,31 km no Lago Sul e 52 km no Lago Norte.

Os recursos, de R$ 2 milhões, são provenientes do Fundo Único do Meio Ambiente (Funam). Os valores se referem aos pagamentos de acórdãos judiciais e termos de ajustamento de conduta (TACs) dos moradores responsáveis pelas ocupações irregulares envolvidos em uma ação civil pública.

Cobertura vegetal

Para auxiliar a gestão territorial e monitorar a dinâmica de ocupação, a Sema também atua na elaboração do novo Mapa de Cobertura Vegetal e Uso do Solo do Distrito Federal. O instrumento fornece dados para ações de conservação e recomposição da vegetação natural. O Cerrado, segundo maior bioma da América do Sul, é considerado a mais rica savana do mundo.

O novo mapa ficará pronto em quatro meses e seguirá padrões já convencionados, tendo por base o Manual Técnico de Uso da Terra (IBGE, 2006) e as classificações utilizadas pelo Inventário Florestal Nacional no Distrito Federal, realizado pelo Serviço Florestal Brasileiro (2016).

Pela biodiversidade

Foto: Renato Araújo / Agência Brasília

Um estudo inédito no Brasil, a ser iniciado em breve pela Sema, vai analisar o modo de vida das capivaras e as repercussões de sua presença, maior a cada ano, ao longo do perímetro do Lago Paranoá.

O projeto Capivaras – Identificação e Monitoramento da População de Capivaras no Lago Paranoá será elaborado em parceria com estudiosos da espécie e de instituições como a Embrapa, a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Católica de Brasília (UCB). O prazo de execução é de 12 meses.

Sarney Filho lembra que a preocupação da pasta é proteger a fauna silvestre e os seres humanos. “Estabelecemos critérios objetivos para identificar se a ocorrência de capivaras nos 80 km da Orla pode ser nociva ou não, já que elas vivem tão perto das pessoas”, informa.

* Com informações da Sema