17/06/2020 às 19:07, atualizado em 18/06/2020 às 16:10

Mesmo com a seca, prevenção contra a dengue continua no DF

Só nesta terça-feira, equipes do Sanear Dengue, inspecionaram 1.312 imóveis no Setor Leste do Gama

Por Gizella Rodrigues, da Agência Brasília | Edição: Isabel de Agostini

O trabalho de prevenção contra à dengue não para nem na época de seca. Mesmo sem chover no Distrito Federal há 32 dias, a equipe do Sanear Dengue continua a inspecionar imóveis em busca de possíveis focos do mosquito Aedes aegypti. Nesta quarta-feira (17), os agentes de saúde, com apoio de militares do Corpo de Bombeiros, passaram pelo Setor Leste do Gama. Durante o dia de trabalho, eles inspecionaram 1.312 imóveis e trataram 229 depósitos que poderiam acumular água.

Equipes inspecionam casas e orientam moradores no combate ao mosquito transmissor da dengue | Fotos: Divulgação

A ação envolveu 90 pessoas entre agentes de saúde e bombeiros. Eles percorreram seis quadras da região, que tem um alto índice de casos da doença. Ao lado de Ceilândia e Santa Maria, o Gama tem mais de 3 mil casos prováveis. Observa-se em 2020 um aumento de 34,1% no número de casos prováveis, quando comparado ao mesmo período de 2019, em que foram registrados 27.251.

A Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival) atua em todo o DF e as ações são focadas nas localidades com mais casos. Além de vistoriar imóveis, a equipe utiliza armadilhas para capturar mosquitos, aplica UBV pesado (fumacê), coloca solução na água para matar larvas e recolhe lixo e inservíveis.

“Nosso trabalho nunca para. No período de estiagem, ocorre uma queda de casos. Mas o trabalho de prevenção continua a ser feito”, afirma Edgar Rodrigues, diretor de Vigilância Ambiental. “Infelizmente, ainda temos encontrado situações de conforto para a proliferação do mosquito Aedes aegypti. É muito fácil para ele se alastrar. Basta ter um recipiente que possa acumular água para ele ter o berçário perfeito. E podem ser muitos ovos em apenas um local”, enfatizou.

Na quadra 50 do Setor Leste, todo mundo conhece alguém que teve dengue. Agnaldo Rosa ficou doente e conhece três pessoas na rua dele que também foram infectadas. “Foi logo no começo da pandemia, não sabia se era dengue ou Covid-19. É a sensação mais horrível do mundo, não desejo pra ninguém”, diz. Francisca Carvalho, diz que mantém a casa limpa, mas não esconde a preocupação com o vizinho. “Aqui a gente mora em chácara e tem muitos casos. Aqui em casa nunca teve ninguém com dengue. Mas não adianta eu limpar minha casa e o vizinho não limpar a dele. Nem planta eu tenho”, afirma.

Nesta quarta-feira, moradores de 16 imóveis se recusaram a receber as equipes. Edgar Rodrigues explica que a população costuma receber os agentes, mas a pandemia de coronavírus tem dificultado o trabalho. “Mudamos o procedimento, só entramos no quintal, nos cômodos da casa não tem como porque não queremos aumentar os casos de Covid-19. Mas tem gente que não quer ter contato”, relata.

Um total de 478 imóveis estavam fechados. Quando isso ocorre, as equipes têm utilizado drones para auxiliar no trabalho.

Na segunda e terça-feira, a equipe do Sanear Dengue passou por Sobradinho II e Santa Maria e inspecionou 5.752 depósitos de água. Em Sobradinho II, que recebeu a ação na segunda-feira (15), a equipe visitou cinco localidades: Buritizinho, Vale do Sol e Condomínio Mansões Sobradinho. Em Santa Maria, terça-feira (16), ao todo foram oito quadras, totalizando, nas duas regiões, a visitação de 2.207 imóveis.