20/06/2020 às 11:04, atualizado em 22/06/2020 às 16:34

Com a aprovação de moradores, Viva W3 já colhe êxitos

Cresce adesão popular ao projeto que fecha a via para esportes e lazer aos domingos e feriados

Por Hédio Ferreira Júnior, da Agência Brasília | Edição: Freddy Charlson

Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

“As pessoas respeitam o uso de máscaras e se distraem. O projeto dá muito mais vida à W3”, define o prefeito da avenida Paulo Melo. Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

A proposta surgiu de uma ideia do governador Ibaneis Rocha de revitalizar e resgatar a história daquela que já foi a principal avenida comercial de Brasília. Começava em 2019 um debate com comerciantes e moradores para criar na W3 Sul um dia de lazer. Inicialmente, a sugestão era fechar o trânsito de veículos aos sábados, de manhã ou à tarde, priorizando a circulação de pedestres em frente às lojas ainda abertas.

O projeto enfrentava resistências e buscava amadurecimento, até que a sugestão de criar o Viva W3 aos domingos e feriados, aos moldes do Eixão do Lazer, ganhou força em meio à necessidade de expandir os espaços públicos de esporte e lazer da população durante a quarentena.

Sem carros e ônibus e com policiamento reforçado, a segurança na via aumentou, assim como o silêncio dos motores, que sumiu das 6h às 17h.

Neste domingo (21), o fechamento da avenida entre as quadras 503/703 e 515/915 Sul segue em sua terceira edição e surpreende pela adesão popular à iniciativa do Governo do Distrito Federal (GDF). “Pela primeira vez eu olhei para a W3 Sul. Caramba, a W3 é um lugar legal, que existe, apesar de esquecida e degradada, com muita história. E é pensada para ser a principal avenida comercial da cidade”, comenta o bancário Roberto Nogueira Zambon, 60 anos.

O Viva W3 é gerido pelo GDF por meio de um comitê integrado envolvendo diversas secretarias – como a de Transporte e Mobilidade; de Esportes; de Políticas Públicas; de Governo; de Segurança Pública; e órgãos, como a Novacap e o Serviço de Limpeza Urbana (SLU).

Consulta popular

Em agosto de 2019, o GDF já se reunia com o setor produtivo da avenida para ouvi-los sobre a proposta de humanização da via. “A premissa do nosso governo, tanto nesse quanto em outros projetos, é, desde o início, ouvir os moradores e comerciantes da região, numa tomada de decisões que partisse de baixo para cima”, explica o governador Ibaneis. Vários estudos de intervenção do trânsito, desvio das rotas do transporte coletivo para as W4 e W5 e mapeamento dos pontos, além dos impactos na região, foram feitos até o resultado final.

“Foi uma decisão muito acertada. Não duvido que esse movimento do GDF vai resgatar a avenida e todos vão sair ganhando”, aprova Roberto Nogueira Zambon, que mora na 705 Sul e se tornou um entusiasta da proposta de trazer o lazer para mais perto da vizinhança. Nos dois primeiros dias de fechamento da via, ele aproveitou para correr e diz ter ficado muito impressionado com o que viu.

Para as pessoas

Já Marcontoni Montezuma morou na W3 de 1984 a 1997. Casou-se e saiu de lá, mas em 2014 voltou com a mulher e filhos. Com eles, caminha nos finais de tarde pela Asa Sul e curtiu fazer isso na porta de casa, no feriado de Corpus Christi. Nas palavras do engenheiro de 50 anos, o que se viu foram “famílias e mais famílias, ciclistas e só rostos alegres e pessoas se divertindo”. Em conversa com a Agência Brasília, ele resume aquele que considera o melhor comentário que ouviu. “Não se fechou a W3 para os carros, e, sim, a abriu para as pessoas.”

A advogada pública Renata Lima, 47 anos, pretende experimentar a caminhada no asfalto da W3 Sul neste domingo (21). O marido e o irmão já estiveram por lá duas vezes com os filhos e a aprovação foi entusiasmada. “Como toda iniciativa, requer a adaptação das pessoas que cada vez mais aprovam a ideia”, diz ela, que participa de um grupo de WhatsApp da vizinhança, na 705 Sul, onde a resistência era grande no começo. “Foi conhecer e as opiniões mudaram drasticamente.”

Vida à W3

É o que também pode perceber o prefeito da W3 Sul, Paulo Melo. Desde o lançamento do projeto, as queixas de quem não o conhecia foram tomadas por elogios à proposta de criar um espaço de lazer gratuito, ao ar livre e que atende um público diferente do Eixão do Lazer e do Parque da Cidade, com mais casais com crianças, idosos e até cadeirantes. “Não há aglomerações, as pessoas respeitam o uso de máscaras e se distraem. Dá muito mais vida à W3”, define.