03/07/2020 às 17:15

Tecnologia aproxima familiares e pacientes internados com Covid-19

Videochamadas e atendimento psicológico estão entre as opções para diminuir os impactos da doença

Por Agência Brasília* | Edição: Isabel De Agostini

Saudade. Esse é o sentimento de quem está isolado no tratamento contra à Covid-19 e que não pode se aproximar das pessoas que ama. Para estreitar essa distância, os hospitais do DF oferecem um novo modo de aproximar quem não pode ter contato com os parentes através de cartas em papel, ou videochamadas.

No Hospital Regional da Asa Norte, referência no DF para o tratamento da doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) , as chamadas por vídeo são oferecidas desde o início da pandemia. A unidade também disponibiliza acompanhamento psicológico aos familiares dos pacientes, dando suporte emocional nesse momento difícil para os dois lados.

O diretor de Atenção Secundária da Região de Saúde Central, Pedro Zancanaro, destaca a atuação dos profissionais de psicologia. “Quando o médico detecta um familiar ansioso ou preocupado, aciona os psicólogos da equipe e estes fazem uma ação com a família por telefone ou presencialmente, dependendo do caso. Esse atendimento é importante principalmente quando ocorre óbito que, por mais que a família esteja esperando, o impacto é muito grande”, observa.

No estacionamento do Hospital de Campanha do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha foram instalados dois contêiners. Lá foi desenvolvido um sistema de televisitas, em que os membros da família dos internados podem agendar uma videochamada que ocorre dentro desses contêiners. Para Renata Vitoriano, coordenadora multidisciplinar do hospital, o fato de a unidade ser um hospital de portas fechadas, onde o paciente entra e deixa de ter contato com o lado externo até ter alta, exige um cuidado especial.

“A maior importância é manter o elo familiar do paciente. Com as televisitas nós conseguimos aproximá-los de seus familiares e a gente sabe que isso traz inúmeros benefícios, tanto na recuperação como na informação à família”, pondera.

O agendamento ocorre pela internet. É necessário fazer um cadastro e, após esse procedimento, é possível agendar a televisita de acordo com as datas e horários disponíveis. O hospital foi inaugurado em maio de 2020 e dedica-se exclusivamente ao atendimento de pacientes com Covid-19 que estão com necessidade de internação.

Já o Hospital Regional de Taguatinga (HRT) criou uma central de atendimento à família dos pacientes internados por Covid-19 que passa informações e atualizações sobre o quadro de saúde. “A gente tem que se colocar nessa posição de ter empatia pelo paciente que está ali sozinho, vulnerável e fragilizado. Eles precisam de um apoio e seus acompanhantes precisam de informação”, afirma o diretor da unidade, Wendel Moreira.“

Em Ceilândia, o HRC desenvolveu um projeto semelhante. Por lá, uma central de atendimento por videochamadas já está quase finalizada. Um número de celular será disponibilizado para que esse contato possa ser feito.

As demais unidades da rede pública fornecem um boletim diário com as informações do paciente.

Pessoa única

Nem só de tecnologia vive a comunicação. No Hospital Regional do Gama (HRG), o projeto “Cartas para uma pessoa única” leva, por meio de cartas em papel, mensagens de apoio, carinho e força de quem está na expectativa de rever seu ente querido para aquele que permanece em tratamento na unidade de saúde.

Uma caixa é colocada à disposição dos familiares e amigos e as mensagens são depositadas e lidas individualmente por uma enfermeira.

A precursora da ideia foi Matilde Assis da Silva, enfermeira do HRG, que se sensibilizou ao ver a aflição dos acompanhantes de pacientes infectados pelo coronavírus.

“Como nós somos a porta, o primeiro contato, somos nós que acompanhamos a chegada dos pacientes e eu percebi que a maioria dos acompanhantes chega muito entristecido, muito aflito por não saber a situação em que o seu ente vai ficar. Daí um dia assistindo a TV eu vi uma enfermeira – também daqui de Brasília – falando dessa ideia, de quem tivesse uma carta poderia levar ao hospital. Achei incrível e quis fazer”, relata a enfermeira.

Após a infecção, o paciente que necessita de internação pode ficar na UTI por, no mínimo, sete dias. Este período pode parecer ou até se tornar mais longo. Nesse caso, explica a coordenadora de classificação de risco da unidade, Michele Almeida, esse tipo de assistência é fundamental para um bom desenvolvimento do paciente.

“É uma queda brusca para o ente familiar, porque a UTI é um local que ninguém pode entrar, a não ser a equipe médica. Isso gera um abalo emocional, acho que mais até para a família do que para o paciente”, finalizou.

 

*Com informações Secretaria de Saúde