08/08/2020 às 14:38, atualizado em 10/08/2020 às 11:45

Cultura para tudo quanto é lado

Exuberantes equipamentos culturais localizados nas regiões administrativas também ganham atenção especial do GDF

Por Lúcio Flávio, da Agência Brasília | Edição: Freddy Charlson

Agência Brasília publica uma série de matérias que mostram ações do Governo do Distrito Federal em relação à reforma e manutenção dos espaços culturais. Na sexta-feira (7), o destaque foi para os monumentos culturais do Plano Piloto. Neste sábado (8), apresentamos as reformas no Catetinho e nos complexos culturais de Planaltina e Samambaia.

 

Foto: Acácio Pinheiro | Agência Brasília

No Catetinho, placas externas de educação ambiental foram instaladas próximas ao estacionamento, pela trilha ecológica e do lado de uma famosa nascente. Foto: Acácio Pinheiro | Agência Brasília

Ele foi a primeira construção com traços modernistas da cidade. Para o poeta Nicolas Behr, mato-grossense de alma candanga, o espaço é filho do cateto, não se sabe se com a hipotenusa, mas, de nome Catetinho, entrou para história de Brasília como o marco da construção da saga que foi o surgimento da nova capital. E mais: “É um lugar estratégico no DF, com acesso à água nascente e um pôr do sol lindo”, observa Behr. “Sempre que passo por ali, indo para o Gama ou Valparaíso, fico pensando como aquele lugar é bonito”, constata, deslumbrado.

Não há como se encantar. Construído em apenas dez dias, após amigos do presidente Juscelino Kubitschek ficarem indignados em ver o chefe da nação dormindo numa barraca do exército, enquanto visitava os canteiros de obras, um dos museus mais peculiares do País tem relevância histórica inenarrável. É um patrimônio cultural como poucos. E a preservação, cuidado, zelo e manutenção de toda sua estrutura, mais do que indiscutível. É o que está fazendo nessa gestão, de forma sistemática e carinhosa, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec), com a ajuda de órgãos parceiros.

“O lugar tem uma importância inquestionável, é um dos símbolos da transferência da capital”, chama a atenção Artani Grangeiro Pedrosa, no comando há um ano e, desde 2017, servidora do agradável ambiente. “São equipamentos que fazem parte da história da nossa cidade, alguns tombados e que precisam ser zelados. Essa é a nossa preocupação”, enfatiza o secretário de Cultura, Bartolomeu Rodrigues.

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As novidades por lá são muitas e estão em duas fases. A que estão em execução, a que já foram realizadas e as que ainda não saíram do papel. Mas vão sair. Há algumas vitórias, mesmo que no âmbito virtual, como as tratativas para o Acordo de Cooperação Técnica com o Brasília Country Club, parceria que visa a interligação de ações entre Museu do Catetinho e Museu Casa Velha Fazenda Gama, um pedaço dos primórdios do DF.

“Foi uma das grandes conquistas que tivemos, esse acesso permite que os visitantes percorram um circuito histórico, era uma ligação histórica que foi resgatada”, diz, exultante Artani, formada em Biblioteconomia, com especialização em cultura patrimonial e museografia. “O novo acesso pelo Country diminuiu consideravelmente a distância do museu para a comunidade e visitantes”, observa.

Sinfonia da Alvorada

Na prática, placas externas de educação ambiental foram instaladas próximas ao estacionamento, pela trilha ecológica e do lado da famosa nascente onde um dia JK tomou a água de beber que deu origem à canção homônima que se tornou o primeiro registro musical na capital. O ano? 1959…

Seus autores dispensam apresentação. “Essa história é muito emblemática na gênese da cidade, o Tom e o Vinícius passaram um tempo lá para compor a Sinfonia da Alvorada”, contextualiza Nicolas Behr. “Essas sinalizações são importantes porque dão ênfase de que estamos dentro de uma área de proteção ambiental”, explica a gestora Artani.

Tanto é sério essa preocupação que um acordo firmado com o Museu do Cerrado, da Universidade de Brasília (UnB), irá dar início, no período de chuva, à criação de um espaço revitalizado e reflorestado com plantas nativas. “Essa é uma das missões do Museu do Catetinho, também: a preocupação com a preservação do Cerrado”, destaca.

Foto: Acácio Pinheiro | Agência Brasília

O Complexo Cultural de Planaltina dispõe de galeria e palco em estilo italiano com estrutura para camarins, além de um anfiteatro para 450 pessoas. Foto: Acácio Pinheiro | Agência Brasília

A imponência cultural de Planaltina

Com uma vida cultural intensa, Planaltina há tempos reivindicava a construção de amplo complexo cultural para a cidade mais antiga do DF, algo que aconteceu em 2018. Pela grandeza do local, a manutenção e reparos são serviços recorrentes. “A importância da revitalização se dá na manutenção da estrutura física do espaço público de cultura, garantindo vida útil do equipamento, além do conforto do público e dos agentes culturais que frequentam o Complexo”, explica Júnior Ribeiro, gerente do complexo cultural local.

Então, mãos às obras. De março para cá, aproveitando a ociosidade do local devido à pandemia do novo coronavírus, revitalizações pontuais foram feitas, assim como de grandes portes. Detalhes que, como destaca o gestor da área, vão fazer diferença. Assim, placas de sinalização foram aplicadas nos banheiros, estacionamento e teatro de arena. Na parede do foyer, antes bem descascada, foi colocado um adesivo contando a história da área, o que deu novo frescor ao saguão.

“Percebemos, também, que as árvores em volta do complexo estavam comprometendo a rede elétrica. Então, acionamos a Administração Regional por meio da Ouvidoria e o problema foi solucionado”, detalha Ribeiro, que destaca a poda e roçagem da grama ao redor do enorme prédio.

Localizado no centro da cidade, quase do lado da sede administrativa do centenário município, o edifício cultural dispõe de galeria, palco em estilo italiano com estrutura para camarins, além de arquibancadas para um anfiteatro com capacidade para 450 pessoas. Dentro, o público pode chegar a 340 almas apreciadoras da arte.

“O complexo deu vida nova a uma cidade que é rica em artistas e atividades culturais”, pontua o professor José Manoel, morador há mais de 40 anos de Planaltina. “Sem falar que é um ótimo ambiente para grandes apresentações, não deixando nada a desejar aos que existem no Plano Piloto”, compara.

Foto: Divulgaçãoi | Secec

No Complexo Cultural de Samambaia, banheiros foram consertados, o piso de madeira da Sala de Dança passou por raspagem, lixamento e aplicação de verniz. E os jardins foram impermeabilizados. Foto: Divulgaçãoi | Secec

Em Samambaia, um jovem equipamento cultural

Com sua imponente forma de tenda, o Complexo Cultural de Samambaia, construído em 2018, é um jovem equipamento cultural que, apesar do pouco tempo, já precisou de manutenções regulares. Situação natural para um lugar com 14 mil metros quadrados. De modo que banheiros masculinos e femininos foram consertados, o lindo piso de madeira da Sala de Dança passou por raspagem, calafetagem, lixamento e aplicação de verniz. E os amplos jardins foram impermeabilizados. A água que se acumulou na laje, após a última chuva, foi toda escoada e as luminárias, reparadas. Grades de segurança foram colocadas na bilheteria e o forro da sala de administração foi consertado.

“O Complexo Cultural Samambaia é um palco que abriga várias manifestações culturais, vai do teatro à música, da dança à poesia. E, portanto, precisa ser preservado”, comenta Élvia Sousa, gerente do ambiente. “Neste sentido, as revitalizações que foram e são realizadas pela Secec são importantes para manter o espaço em pleno funcionamento, contribuindo para que possamos atender a comunidade e preservar esse lugar de cultura lindo e que foi tão sonhado pela população de Samambaia”, agradece. 

*Leia neste domingo (9) – A reforma que está sendo feita no Museu de Arte de Brasília (MAB), que está prestes a ser reinaugurado após 13 anos fechado