10/08/2020 às 11:47

Núcleo rural Tabatinga: motivação para melhorar a realidade

Ações da Emater e da comunidade levam desenvolvimento socioeconômico à região, localizada em Planaltina. Confira como tudo aconteceu

Por Agência Brasília * | Edição: Renato Ferraz

Educação ambiental, revitalização de um canal de irrigação, saúde preventiva, tecnologias de plantio mais econômicas e produtivas são alguns dos projetos colocados em prática pela Emater-DF no núcleo rural Tabatinga (região administrativa de Planaltina) nos últimos cinco anos. Tudo isso, que transformou para melhor a realidade dos moradores locais, foi capitaneado pela equipe da empresa no escritório local – e planejado e executado em conjunto com a comunidade, numa ação participativa.

Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

O engenheiro-agrônomo Lucas Pacheco, que gerenciou o escritório até junho de 2020, explica que o motor das iniciativas foi a motivação dos extensionistas e dos agricultores, trabalhadores rurais e suas famílias. “Motivação é um motivo que leva à ação”, define. “O foco é a transformação das vidas, o que só foi possível graças à coesão e integração da nossa equipe”, completa. Segundo Lucas, a cada ano foi escolhido um projeto, de acordo com indicação dos moradores da região.


Confira as ações 

2015 – Educação ambiental
Um dos grandes problemas do núcleo rural Barra Alta, ao lado de Tabatinga, era a falta de água, consequência da degradação ambiental. Pensando nisso, o primeiro grande projeto foi feito junto aos estudantes da Escola Classe Barra Alta. “Fizemos um concurso interno com as crianças e batizamos o programa de ReflorestAÇÃO”, conta Lucas. 

[Numeralha titulo_grande=”8 mil” texto=”quantidade de mudas plantadas no núcleo rural Tabatinga desde 2015″ esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Ao final do ano letivo, que coincide com o início do período chuvoso no Distrito Federal, os alunos recebem aulas de educação ambiental e plantam mudas de árvores nativas em locais degradados, como nascentes e matas. As mudas são doadas pela Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri). “Desde 2015, já foram plantadas pouco mais de 8 mil mudas”, comemora o agrônomo.

Segundo a vice-diretora da escola, Glayce  Oliveira Teixeira, a mudança na rotina escolar fez com que os alunos reforçassem o compromisso e o respeito ao meio ambiente. “Hoje, eles estão mais conscientizados, alertam os adultos quando veem alguma atitude inadequada, por exemplo”, relata a professora.

2016 – Revitalização do canal do Rio Jardim
O canal de irrigação do Rio Jardim possui 9 km e é o segundo mais extenso do Distrito Federal. Há pouco mais de 30 anos, ele seguia a céu aberto e sem revestimento, o que causa perda de água tanto por evaporação como por infiltração no solo. Para 2016, a equipe do escritório elegeu a obra de canalização, cuja primeira etapa custou R$ 275 mil. “Fizemos o projeto e conseguimos o recurso via emenda parlamentar”, narra o extensionista.

Foto: Agência Brasília/Arquivo

O produtor José Eduardo Gonçalves de Azevedo foi um dos beneficiados com a revitalização do canal. “A maior vantagem foi a redução da conta de energia, que era usada para bombear água”, conta. José Eduardo cria tilápias, e está com mil alevinos para colocar em outro reservatório. “Meu plano é instalar algumas estufas para plantar hortaliças. Estou apenas esperando a tubulação completa do canal”, revela o produtor, que já possui uma produção de ovos e galinhas caipiras.

2017 – Saúde preventiva
As áreas rurais sempre foram mais carentes em equipamentos de lazer e entretenimento, principalmente para a juventude. Para evitar a ociosidade entre os jovens, a comunidade escolheu, em 2017, oferecer aulas de educação física aos moradores. “Para esse projeto, conseguimos sensibilizar os grandes produtores da região, que se cotizaram para pagar um professor que comparecia uma vez por semana”, relembra Lucas Pacheco.

A iniciativa foi atropelada pela crise hídrica daquele ano, que forçou produtores e governo a rever estratégias de produção e gestão do território. “No entanto, mostramos que é possível realizar parcerias como essa em prol da comunidade”, conclui o ex-gerente.

2018 – Revitalização do canal do Rio Jardim – segunda etapa
Para 2018, o escritório elaborou um projeto de continuação da tubulação do canal do rio Jardim. Foram alocados R$ 500 mil para a segunda etapa do projeto, que abrangeu mais 3km. A última fase será a conclusão total do projeto.

Foto: Agência Brasília/Arquivo

2019 – Integração Lavoura – Pecuária
Estimular a bovinocultura de corte é uma das estratégias para reaproximar a Emater-DF dos produtores médios e grandes, além, claro, de aquecer a economia do campo e oferecer alimento de qualidade para a população urbana. Pensando nisso, a equipe do escritório de Tabatinga investiu numa proposta de integração lavoura – pecuária (ILP) na propriedade do produtor José Guilherme Nepomuceno.

“Num primeiro momento, ele possuía 30 bois em 50 hectares. Hoje, ele está com 130 animais. Oferecemos uma alternativa técnica e tecnológica de otimização do pasto e do solo”, explica Lucas. No intervalo das culturas, a terra ficava parada. Com o pasto, o produtor consegue manutenção da renda mesmo em épocas menos produtivas. “A possibilidade é de uma rentabilidade de 3% ao mês”, completa o extensionista da Emater-DF.

2020 – Energia solar
Para diminuir as dificuldades de obtenção de água e reduzir as contas de energia dos produtores, a Emater-DF propôs, em 2020, a implantação de energia solar para bombear água do rio Jardim. Os beneficiários serão 37 propriedades da comunidade da Barra Alta.

Orçado em R$ 1 milhão, o programa aguarda aprovação da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), já que o manancial faz parte da bacia do rio São Francisco. “A pandemia nos obrigou a adiar o planejamento, mas temos certeza que quando o projeto for aprovado e estiver concluído, será um grande passo para melhorar a qualidade de vida e da produção das famílias que vivem no local”, vislumbra o técnico da Emater-DF.

* Com informações da Emater-DF