02/09/2020 às 13:38, atualizado em 02/09/2020 às 22:09

Com redução de casos de Covid-19, sobram leitos

Ontem (1º/9), foram registradas 230 vagas disponíveis de UTI, entre as 719 ofertadas pela rede pública de saúde

Por IAN FERRAZ, DA AGÊNCIA BRASÍLIA I Edição: Carolina Jardon

| Foto: Agência Saúde

Antes mesmo de a pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19) se espalhar pelo Brasil, o Governo do Distrito Federal (GDF) se antecipou nos trabalhos em várias frentes. Uma delas foi na contratação e oferta de leitos públicos no combate à doença. No decorrer do ano, a rede de saúde tem disponibilizado com folga os leitos para a população e, neste 1º de setembro, há 230 vagas disponíveis, de acordo com a Sala de Situação da Secretaria de Saúde.

A partir desses dados, a secretaria começa a planejar a desmobilização gradual desses leitos exclusivos. “Todos os leitos instalados durante a pandemia serão aproveitados para reforçar o nosso sistema de saúde pública. Com a redução dos casos vamos começar a realocá-los”, disse o secretário de Saúde, Osnei Okumoto.

[Olho texto=”“A desmobilização dos leitos de UTI especificamente para pacientes de Covid-19 não será rápida nem abrupta. Será feita com bom planejamento e criteriosamente”” assinatura=”Olavo Muller, secretário-adjunto de Assistência à Saúde” esquerda_direita_centro=”centro”]

A taxa de ocupação dos 719 leitos destinados à Covid-19 na rede pública – incluindo adulto, pediátrico e neonatal – é de 66,42%. Destes, 455 estão ocupados, 230 estão vagos e 34 bloqueados ou aguardando liberação. Uma “folga” que não ocorreu por acaso e, sim, com bastante trabalho e planejamento a longo prazo.

Agora, o cenário mudou e, com a redução dos casos no DF, o governo planeja a desativação de alguns leitos a partir de 26 de setembro, obedecendo um cronograma rígido e controlado por técnicos de saúde e estatísticos.

“A desmobilização dos leitos de UTI especificamente para os pacientes de Covid-19 não será rápida nem abrupta. Será feita com bom planejamento e avaliada criteriosamente”, explica Olavo Muller, secretário-adjunto de Assistência à Saúde. Segundo ele, a desativação dos leitos não será de imediato.

“Primeiro, estamos planejando. Depois, começaremos pelos hospitais particulares e, gradativamente, pelos nossos hospitais. Nada será impensado, tudo será bem planejado”, completa.

O gestor garante que a desativação das camas e estruturas será discutida entre as superintendências e hospitais da rede. E, mais uma vez, com tempo para eles se programarem. “Estas três semanas vão servir para os gestores planejarem os hospitais com um novo foco. Se um hospital tem 40 leitos de UTI, a gente pode desmobilizar 10, 20, a depender da demanda”, acrescenta Muller.

Planejamento e reforço

Quando a doença chegou ao DF – o primeiro caso foi confirmado em 7 de março –, o governo local estava preparado para enfrentá-la. O Hospital Regional da Asa Norte (Hran) foi a unidade habilitada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratar da ocorrência do vírus e, naquela época, já dispunha de um andar inteiro do hospital para combater o vírus.

Desde então, as unidades e os leitos se multiplicaram. Do Hran, a “corrente do bem” para salvar vidas logo se espalhou em toda a rede. Foram construídos os hospitais de campanha do Mané Garrincha (197 leitos) e da Polícia Militar do DF (80 leitos de UTI) e outros hospitais regionais, quatro UPAs e a rede privada passaram a somar esforços nesta luta, chegando a 27 unidades com leitos públicos em todo o DF. A lista completa dos hospitais, a quantidade de vagas e outras informações você pode acessar neste link.

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Para se ter uma ideia do planejamento, lá em março, no início da pandemia, a Secretaria de Saúde fez três projeções de aberturas de leitos. Elas variaram de 700 a mil suportes públicos e privados. Assim, logo passou a trabalhar e concretizar a ampliação da oferta dos leitos.

“É nítido em todos os hospitais que hoje já existe diminuição acentuada dos pacientes que chegam procurando atendimento e possuem sintomatologia grave. O que mais assustava era a necessidade de suporte de ventilação mecânica, e esses casos diminuíram. Tivemos hospitais que há algumas semanas atendiam 30, 40 pacientes a cada 12 horas. Agora, estes mesmos atendem dois, três casos”, observa Muller.

Os hospitais de campanha do Mané Garrincha e da PMDF estão em funcionamento, mas há mais por vir. O GDF trabalha para entregar uma unidade no Complexo Penitenciário da Papuda, com 40 leitos, e um em Ceilândia, com 60 leitos.

Baixa letalidade

| Foto: Agência Saúde

Toda essa infraestrutura ajuda a colocar a capital em destaque no ranking que qualquer estado desejaria estar: o de menor letalidade. A 19ª edição semanal do Boletim Codeplan Covid-19 mostra que o DF ocupa a antepenúltima (25ª) posição no ranking da taxa de letalidade entre os estados, em 16/08, com 1,53% dos casos confirmados vindo a óbito, atrás apenas de Roraima (1,39%) e Tocantins (1,34%).

E, ao contrário do que está ocorrendo em outros estados brasileiros, em que são construídos hospitais de campanha apenas para suprir a necessidade imediata dos pacientes contaminados pelo novo coronavírus, o GDF pensou além da pandemia.

A Secretaria de Saúde realizou contrato emergencial de serviço de gestão integrada, em que a empresa contratada oferece toda a estrutura de equipamentos e recursos humanos necessária para atendimento de pacientes com a Covid-19 nos hospitais de campanha criados no DF.

O contrato prevê a locação de equipamentos, gerenciamento técnico, assistência médica e multiprofissional, de forma ininterrupta, com manutenção e insumos necessários para o funcionamento dos equipamentos, incluindo computadores e impressoras, e atendimento dos pacientes com medicamentos, insumos e alimentação.

“Respiradores, camas, bombas de difusão. Imagina o que Brasília passa a ganhar com respiradores novos, leitos, muito material que vamos dinamizar no pós-pandemia”, comenta Olavo Muller.