18/10/2020 às 09:52, atualizado em 21/10/2020 às 13:46

JBB investe em orquídeas raras

Laboratório do Jardim Botânico será reformado e ampliado. Ação vai aumentar em 60% o número de mudas de espécies ameaçadas de extinção

Por Jéssica Antunes, da Agência Brasília | Edição: Chico Neto

Reprodução in vitro: cinco espécies  são cultivadas em dois mil frascos, que produzem cerca de 15 mil mudas a cada semestre | Fotos: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília

É em uma antiga residência funcional adaptada que espécies ameaçadas de extinção estão sendo reproduzidas no Jardim Botânico de Brasília (JBB) desde a década de 1990, mas o improviso nesse único espaço vai ficar para trás. Está em andamento uma licitação para reforma e ampliação do local, com recursos estimados em R$ 397 mil. Isso vai tornar o ambiente mais adequado, criar melhores condições para o trabalho de preservação e aumentar o número de mudas para 50 mil ao ano – 60% a mais do que a produção atual, de 30 mil.

Hoje, o foco do laboratório é a reprodução in vitro de orquídeas. São trabalhadas cinco espécies – duas em extinção e três híbridas –  em dois mil frascos, nos quais se produzem cerca de 15 mil mudas semestralmente. “Há várias espécies de orquídeas ameaçadas de extinção na lista do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], e [elas são] de difícil de reprodução”, explica a superintendente do JBB, Lilian Breda. “O que fazemos é ajudar a resgatar espécies”.

[Olho texto=”“Há várias espécies de orquídeas ameaçadas de extinção na lista do Ibama. O que fazemos é ajudar a resgatar espécies” ” assinatura=”Lilian Breda, superintendente do JBB” esquerda_direita_centro=”centro”]

Hoje, as culturas delicadas estão expostas a umidade, mofo, infiltração, forro de amianto e insetos. Mas isso está mudando. “Estamos investindo em reforma porque essa casa foi adaptada a um laboratório, mas precisa ter toda uma condição de assepsia e esterilização”, explica Lilian, que é engenheira florestal. “Vamos sair de um laboratório adaptado para um adequado”.

A verba para viabilizar o projeto da reforma do laboratório de reprodução in vitro vem de emenda parlamentar destinada pelo deputado distrital Martins Machado. A licitação, do tipo tomada de preços, está na fase de recursos, que antecede a homologação do resultado.

Como funciona

O trabalho é minucioso e exige cuidados específicos para cada espécie, explica o gerente do laboratório, Jorge Pinheiro. Ele cuida pessoalmente de todo o processo, que envolve coleta, desinfecção, regeneração – quando os calos são transferidos para um meio de cultura –, multiplicação e repicagem – fase em que as mudas são selecionadas e transferidas para um novo recipiente – e aclimatização, que é quando as plantas são retiradas da sala de cultura e levadas para uma estufa.

Após um ano no laboratório –  espécies  mais raras podem ficar até três anos –, as orquídeas vão para a estufa

As orquídeas ficam por volta de um ano no laboratório. As espécies mais raras podem permanecer por mais tempo, em torno de três anos, até alcançarem o tamanho de 12 a 15 centímetros, quando estarão prontas para a estufa. Lá, elas passam por um período de adaptação até ficarem fortes o bastante para serem colocadas na natureza. São amarradas em um tronco e, num espaço de 15 dias a um mês, se fixam a árvores, podendo também ficar em pedaços de cerâmica para se adaptarem aos vasos.

“O Jardim Botânico é um museu de exposição de plantas vivas”, destaca Jorge. “Nossa função é preservar e conservar o bioma Cerrado, então damos uma mão para a natureza. A atual gestão tem um olhar especial para cá.”

[Olho texto=”“Nossa função é preservar e conservar o bioma Cerrado, então damos uma mão para a natureza” ” assinatura=”Jorge Pinheiro, gerente do laboratório de reprodução in vitro do JBB” esquerda_direita_centro=”centro”]

Cada orquídea tem seu período específico de floração. Depende de fatores como iluminação, umidade e temperatura. As espécies comerciais, encontradas em mercados, são exceção: ficam três meses abertas e podem florescer até três vezes por ano. Já as nativas do Cerrado têm peculiaridades. Há espécies que apresentam uma floração a cada três anos ou anual –  é o caso da conhecida como sapatinho, que atualmente exibe suas folhas roxas no orquidário do JBB.

Investimento em melhorias

Além da reforma que está por vir, o Jardim Botânico de Brasília tem novidades: asfalto novo com quebra-molas, praça repaginada na entrada, banheiros reformados no centro de visitantes, mirante de contemplação melhorado, fraldário construído. A lista de melhorias na área de cinco mil hectares é grande.

No início deste ano, foram entregues intervenções que somam verba de aproximadamente R$ 700 mil referente a execução de emendas parlamentares dos distritais Arlete Sampaio, Reginaldo Sardinha e Rafael Prudente. Os recursos se destinam à nova loja de presentes, à instalação de postos policiais desativados que vão virar quiosques e a um novo restaurante com mais de cem lugares.

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