27/11/2020 às 08:57, atualizado em 27/11/2020 às 15:11

Cidade da Segurança para reforçar policiamento ostensivo nas RAs

Secretário Anderson Torres detalha novo projeto do GDF, inaugurado nesta semana em Planaltina com objetivo de combater a criminalidade

Por Agência Brasília I Edição: carolina Jardon

Em outubro, o DF registrou uma queda de 14,3% nos índices de crimes contra a vida, em relação ao mesmo mês do ano passado. O número é resultado de uma série de medidas, que a Secretaria de Segurança Pública (SSP) está implementando para combater a criminalidade no DF, inclusive com repercussão nacional. Nesta semana, outra iniciativa foi anunciada: a Cidade da Segurança Pública, uma ação itinerante que vai chegar a todas as regiões administrativas.

A primeira cidade a receber o projeto foi Planaltina, com uma estrutura robusta montada no estacionamento da administração regional. No local, há viaturas das forças policiais, helicópteros para operações específicas e estandes com serviços à população.

Em entrevista, o secretário da pasta, Anderson Torres, detalha o projeto e antecipa parte das estratégias utilizadas no combate ao crime pelas ruas das cidades. “O Distrito Federal tem se destacado no cenário nacional por conta da redução dos crimes contra a vida e contra o patrimônio. Ano passado, tivemos a menor taxa de homicídios dos últimos 35 anos. Na nossa visão, foi preciso inovar para que nossos índices permaneçam em queda este ano”.

 Qual o objetivo da Cidade da Segurança Pública, lançado nesta semana?

É um projeto pioneiro, que integra um programa maior da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF), o DF Mais Seguro, que foi aprovado e tem o total apoio do governador Ibaneis Rocha. A Cidade da Segurança Pública é um projeto itinerante, que leva serviços e reforça o policiamento ostensivo nas ruas, além de manter contato direto com a população, operadores da segurança pública e com representantes de diversos setores da sociedade. Desta forma, podemos entender a necessidade e anseios de cada região de forma individualizada. Essa aproximação e troca de experiências são essenciais para a elaboração e ajuste de políticas de segurança ainda mais precisas para cada localidade.

E o que vem a ser o DF Mais Seguro?

Este é um programa que será determinante para as ações da segurança pública nos próximos dois anos. Ele vai pautar a aplicação ainda mais adequada de nossas políticas e tem quatro eixos: a Cidade da Segurança Pública; a modernização e ampliação do sistema de videomonitoramento; projeto Áreas de Segurança Prioritária, que vai seguir reforçando todas as nossas ações nas regiões administrativas; e a melhoria no atendimento dos canais de emergência. Neste último eixo, já estamos buscando o que há de melhor e mais eficiente no mundo para que o cidadão do DF receba o melhor atendimento possível.

Esse sistema de monitoramento por câmeras está crescendo bastante…

Muito. É uma tecnologia que ajuda nas ações de prevenção e de investigação e reforçam as ações da segurança pública. Nesta gestão, ele encorpou. Investimos na compra de equipamentos e o resultado está nas ruas. Em janeiro de 2019, eram 584 câmeras, atualmente são 928. O que corresponde ao aumento de 60%. Queremos individualizar cada vez mais o acesso a essas imagens. Porque elas já são enviadas para nosso Centro Integrado de Operações de Brasília (CIOB), mas estamos trabalhando de forma que as regiões administrativas, por meio de centrais de monitoramento regionais, também possam utilizar essas imagens para melhor direcionamento de ações.

Então, o recém-inaugurado Centro de Monitoramento Remoto (CMR) de Planaltina é o pontapé desta proposta? Como vai funcionar?

Outras regiões já possuem esse tipo de monitoramento individualizado, como é o caso de Santa Maria. Em Planaltina, o CMR vai funcionar no 14º Batalhão da Polícia Militar (14º BPM). Planaltina já contava com o sistema de câmeras, mas ainda não havia uma central exclusiva para que os próprios policias da unidade monitorassem as imagens. A partir da inauguração de espaços como esse permite um aperfeiçoamento das estratégias nas ações de policiamento preventivo da Polícia Militar. As imagens também podem auxiliar nas investigações realizadas pela Polícia Civil e órgãos do Judiciário, como Ministério Público e tribunais. As câmeras de grande alcance foram distribuídas pela cidade em áreas de interesse permanente, definidas com base em levantamentos realizados pelas subsecretarias de Gestão da Informação (SGI) e de Inteligência (SI), da SSP/DF, e também com orientações de responsáveis por batalhões e delegacias locais.

E o projeto Área de Segurança Prioritária, do que se trata?

O projeto Área de Segurança Prioritária também será voltado para a redução da criminalidade, mas o objetivo é direcionar ações por um tempo maior, de três a seis meses. Ao final, a cidade terá um diagnóstico sob a ótica da segurança pública, que será entregue aos administradores regionais, chefes de delegacias e comandantes de batalhões.

Todas as regiões serão contempladas com o Cidade da Segurança Pública?

Nosso objetivo é implementar um modelo de segurança pública ideal e adaptado à realidade de cada região. No DF, temos reduções relevantes nos índices criminais e queremos que isso seja cada vez mais equilibrado entre as regiões. O formato pensado para a Cidade da Segurança Pública possibilita que todo o sistema de segurança pública se mobilize para atuar de forma integrada em cada cidade, com reforço concentrado das ações policiais, cumprimento de mandados em aberto, fiscalização de estabelecimentos, combate ao transporte pirata e melhorias na sinalização de trânsito. Ou seja, um reforço para atuação ostensiva nas cidades.

Qual foi o critério para escolha de Planaltina?

As cidades são escolhidas com base em diversos critérios, entre eles: a estrutura das forças de segurança locais, levantamentos e análises criminais feitas pelos setores de estatística e inteligência, perfil socioeconômico da região, mapeamento de desordens, entre outros. Por exemplo, antes de chegar à cidade, realizamos uma análise criminal detalhada, fazemos a identificação prévia de desordens, como lixo e entulho descartados incorretamente, mato alto e falta de iluminação adequada. Além desses elementos, há o contexto histórico de Planaltina. É a cidade mais antiga do DF. Essa soma de indicativos foi determinante para escolha da cidade.

A segurança pública do DF tem tido resultados muito bons com registro de redução de crimes contra a vida, inclusive com repercussão nacional. Ao que o senhor atribui esse êxito no combate à criminalidade?

O número de vítimas de crimes contra a vida de janeiro a outubro deste ano caiu 7% no comparativo com o ano passado. Nos crimes contra o patrimônio a queda é ainda maior, de 31,9% no mesmo intervalo. Reforçamos o policiamento nas ruas com diversas operações integradas envolvendo forças de segurança e outros órgãos de governo. Isto somado aos projetos e ações de planejamento que estamos implementando nas cidades. Em Planaltina, por exemplo, as ações da Cidade da Segurança Pública tiveram início antes mesmo do lançamento. A Polícia Civil, com o efetivo das delegacias, tem realizado ações integradas durante a semana, entre elas a Operação Delta, com abordagens e identificações de pessoas, além de força-tarefa para cumprimento de mandados de prisão em aberto. O Departamento Operacional (DOP), da PMDF, empregou tropas especializadas, como os batalhões de Policiamento com Cães (BPCães), de Aviação (Bavop), de Operações Especiais (Bope), Comando de Policiamento de Trânsito (CPTran), Rondas Ostensivas Táticas Motorizadas (Rotam), Patrulhamento Tático Móvel (Patamo) e Batalhão Rural. São ações que serão realizadas inclusive no fim de semana, com o incremento da Operação Quinto Mandamento. Vamos atuar em microrregiões da cidade que apresentam concentração de crimes violentos letais e contra o patrimônio. Desta forma, teremos operações preventivas e repressivas, aliadas a políticas públicas e sociais.

Além do reforço na atuação das polícias, o que mais está sendo oferecido na Cidade da Segurança Pública?

Oferecemos vários serviços à população. No espaço, montado com o apoio da Administração Regional, a população pode tirar carteira de identidade, visitar o Museu de Drogas da PCDF, participar de palestras e oficinas. Importante ressaltar que toda a programação foi pensada de forma a manter o distanciamento social e seguir protocolos sanitários estabelecidos. A Deam Móvel também está presente para atendimento e registro de ocorrências, assim como a equipe do Provid da PMDF, que fará orientações à população. As ações de trânsito foram intensificadas, com operações conjuntas do Detran-DF e do Departamento de Estradas de Rodagem (DER/DF). A Polícia Rodoviária Federal (PRF), por conta da proximidade de Planaltina com a rodovia federal BR-020, também está participando. Foi montada, ainda, programação voltada para educação no trânsito.

Estamos dentro da campanha anual 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. Há alguma ação voltada à temática prevista dentro do projeto da Cidade da Segurança em Planaltina?

Com certeza. O combate a todo tipo de violência contra a mulher é uma das diretrizes não apenas da Secretaria de Segurança, mas de todo o Governo do Distrito Federal. Ou seja, temos o envolvimento das forças de segurança nessa luta e de outros órgãos voltados à proteção e acolhimento das mulheres. Além de palestras e atendimentos realizados pelas polícias, durante o Cidade da Segurança Pública, duas paradas de ônibus da cidade receberam pintura e arte urbana com essa temática. Tivemos o cuidado de escolher os locais pela proximidade com uma área no bairro Arapoanga que será transformada em uma praça em homenagem à Letícia Curado, vítima de feminicídio em 2019. Foi um ato simbólico para chamar atenção para a necessidade da denúncia para que outras mulheres não sejam vítimas, além de reforçar nosso compromisso com a proteção da mulher.