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16/12/2020 às 15:46, atualizado em 16/12/2020 às 20:42
Ele queria conhecer o Lago Paranoá e foi surpreendido com um passeio de lancha
Enquanto muitos sonham com viagens internacionais, carros de luxo, celulares de última geração, o pequeno Kaynan Dias Oliveira, de 9 anos, sonhava em conhecer o Lago Paranoá. Esse desejo foi realizado na manhã desta quarta-feira (16) pela equipe do Núcleo Regional de Atendimento Domiciliar (Nrad) de Ceilândia, que faz parte do Hospital Regional da Ceilândia, da Secretaria de Saúde.
Kaynan é morador do Sol Nascente e tem Atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo 2. Ele é assistido em casa pela equipe multiprofissional do Nrad e faz fisioterapia respiratória e motora no Hospital da Criança. A doença é irreversível, porém com as terapias e assistência que ele recebe pela rede pública de saúde, o garoto consegue ter mais qualidade de vida.
A mãe Jusceli Dias Gonzaga, de 33 anos, não trabalha fora e dedica seu tempo exclusivamente para cuidar do filho. Ela conta que teve uma gravidez tranquila e que quando nasceu Kaynan não apresentava sinais da AME.
“Descobrimos que ele era especial aos nove meses após o nascimento. No início ele parecia ser um bebê normal, porém tinha dificuldade em fazer a sucção do leite materno”, relata. Com o passar dos meses, ela passou a observar alguns sinais da doença manifestando no filho.
“Ele começou a mostrar fraqueza muscular, na sucção, dificuldade de equilíbrio no tronco. A partir do sexto mês ele não levantava mais as pernas. Só sentava com encosto. Então, eu procurei o hospital Sara e lá tive o diagnóstico de AME tipo 2”, explica.
Atendimento na rede pública
O primeiro atendimento após o diagnóstico foi numa unidade básica de saúde. Kaynan foi avaliado e encaminhado para atendimento no Hospital da Criança. Desde o primeiro ano de vida, ele é atendido na unidade, onde faz fisioterapia.
No início, a mãe de Kaynan contou ter sido “desesperador saber que ele tinha uma doença sem cura”, mas que encontrou na rede pública de saúde do DF um alento diante dessa situação. “Ele tem asma e as terapias aliviam as crises respiratórias.
Com o quadro de doença respiratória, ele era internado frequentemente na Emergência do Hmib. A equipe da unidade então avaliou o caso e decidiu direcioná-lo para atendimento em casa. Foi aí que mãe e filho conheceram a equipe do Nrad, que cuida dele desde 2019.
“Tem sido maravilhoso. Reduziu e muito o atendimento na emergência. Sempre que preciso a equipe vem aqui atendê-lo, são maravilhosos”, agradece Jusceli.
O Nrad de Ceilândia possui uma equipe formada por quatro clínicos, dois pediatras, 6 enfermeiros, 12 técnicos de enfermagem, uma dentista, uma assistente social, duas nutricionistas, três fisioterapeutas, duas terapeutas ocupacionais, duas psicólogas e uma fonoaudióloga.
Sonho realizado
A ansiedade era grande. Ainda em casa, Kaynan aguardava a chegada da equipe da Secretaria de Saúde, pois sabia que teria grandes surpresas nesse dia. Ele sabia apenas que conheceria o Lago Paranoá, porém a equipe havia pensado além disso.
Um passeio de lancha foi programado sem que o paciente soubesse. A surpresa logo arrancou um largo sorriso no rosto do garoto. Tímido e de poucas palavras, ele expressou o que sentiu ao conhecer o lago. “Muito bonito. Lindo!”.
A dentista do Nrad, Raissa, ressalta a dedicação da equipe nos cuidados prestados ao paciente. “É muito importante para ele manter esse convívio social. Nós do Nrad estamos sempre atentos a isso. A prova de todo esse cuidado é que estamos trazendo-o para realizar o sonho”.
Para a profissional, Kaynan “é um paciente muito querido, adorável, estuda e que precisa manter as atividades diárias que são possíveis que ele faça”. Ela conta que a equipe faz de tudo um pouco para que ele possa ter suas funcionalidades todas atendidas.
A lancha saiu da Asa Sul e percorreu vários pontos, passando pela Ponte Costa e Silva, Ponte JK, Pontão do Lago Sul e, no retorno, outra surpresa: um piquenique para fechar o passeio pelo lago.
Sílvia Brito, terapeuta ocupacional, fala sobre a importância desse momento para Kaynan. “Ele tem limitações físicas e acaba sendo muito privado do convívio social em alguns momentos”.
Para ela, “algumas oportunidades de interação e passeios são atividades prazerosas para ele. Conhecer o lago era o sonho dele e possibilitar isso além de trazer alegria e satisfação para nós, faz com que ele se sinta ainda melhor”, conclui.
* Com informações da Secretaria de Saúde