18/12/2020 às 21:00

Um Papai Noel diferente, que toca berrante e come pequi

Crianças da Casa de Ismael, na Asa Norte, curtiram a versão cowboy do bom velhinho da Secretaria da Mulher, em dia de festa e cardápio especial

Por Agência Brasília* | Edição: Freddy Charlson

Foto: Divulgação/Secretaria da Mulher

A secretária da Mulher, Ericka Filippelli, também foi para a cozinha. Ajudou a dar o ponto no arroz, provou o tempero e serviu os meninos que esperavam sentados à mesa | Foto: Divulgação/Secretaria da Mulher

O Papai Noel da Secretaria da Mulher chegou munido de um sino em uma mão e um berrante na outra. No lugar do gorro, um chapéu de cowboy. As crianças perceberam a diferença e ficaram curiosas: “De onde vinha aquele velhinho tão cheio de personalidade?”, perguntavam. “Vim de Goiás!”, respondia Noel que ainda acrescentava gostar mesmo era de pequi, nada de lichias, nozes ou pêssegos rosados. Depois, ele encheu o pulmão de ar e botou o berrante para gritar, roubando as gargalhadas das crianças.

Os meninos e meninas acolhidos na Casa de Ismael Lar da Criança, na 913 Norte, gostaram da brincadeira. Também ganharam bolas, carros, jogos e bonecas de presente. Afinal, era dia de festa do projeto Nosso Natal 2020, idealizado pela primeira-dama e secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha. Outras secretarias e órgãos do governo aderiram à causa e cada um celebrou o Natal em uma instituição do DF e do entorno.

A pequena Luisa (nome fictício), 5 anos, escolheu um vestido rosa de princesa para a ocasião especial. Tímida, só respondia “sim” ou “não” quando lhe perguntavam algo, mas levantou os olhos e sorriu entusiasmada ao ouvir alguém dizer que era dia de visita de Papai Noel. Ela é uma das 70 crianças e adolescentes de até 18 anos que vivem temporariamente na Casa de Ismael, encaminhados pelo Conselho Tutelar, pela Vara da Infância e da Juventude ou pela Promotoria. Elas ficam até ali até voltarem para o convívio familiar ou serem encaminhadas para adoção.

Enquanto esperam, a proposta é que levem uma infância o mais normal possível. Escola, obrigações e, também, diversão. Por isso, elas receberam visitantes tão especiais nesta sexta-feira. Segundo a coordenadora de acolhimento da Casa, Patrícia Morais, “é importante que essas crianças não se sintam mais excluídas, porque aqui é uma casa provisória, mas o lugar delas é lá fora”, afirma.

“A participação da sociedade é de extrema importância porque a comunidade fiscaliza nosso trabalho para que ele continue a existir. Além disso, é a oportunidade de a gente fazer um convite para que se conheça a realidade desses meninos, que vivem uma situação de pobreza, em uma dinâmica familiar violenta e de dificuldade de inserção dos pais no mercado de trabalho”, acrescenta.

[Olho texto=”Também estavam presentes no evento as mães sociais que cuidam dos acolhidos. Ao todo, a casa tem uma equipe de 20 delas, além de psicólogos e assistentes sociais. As crianças e adolescentes vão para a aula em um turno e, no outro, participam de reforço escolar, de atividades de socialização e de práticas lúdicas. Aos maiores são oferecidos cursos profissionalizantes, como design, marketing, secretariado, informática.” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”centro”]

Por isso, apesar das restrições de visitas e de festas, impostas pelo agravamento dos casos de Covid -19 nas últimas semanas, a Casa de Ismael abriu suas portas para a equipe da Secretaria da Mulher celebrar o Nosso Natal 2020. Enquanto as crianças acompanhavam curiosas o trabalho de quem decorava tetos e paredes do refeitório com bolas de plástico, laços e árvores, da cozinha vinha um delicioso cheiro de bacon.

Era arte do chef Marcelo Petrarca, que aceitou o desafio de fazer o almoço especial para a garotada. O resultado do cardápio foi um delicioso arroz carreteiro com charque e tomate, acompanhado de salada verde. De sobremesa, bolo de chocolate com calda quente à base de leite condensado. “Quem está com fome faz barulho…”, pediu o chef, diante de gritinhos e palmas dos homenageados.

A secretária da Mulher, Ericka Filippelli, também foi para a cozinha. Ajudou a dar o ponto no arroz, provou o tempero, serviu os meninos que esperavam sentados à mesa. Para ela, a ocasião é de agradecimento e momento de reflexão.

“A gente está muito feliz por estar aqui, participando de um projeto da primeira-dama para celebrar o Natal. Ao nosso lado, temos o Papai Noel, mas vocês sabem que nesta data a gente comemora o nascimento de Jesus, e é por isso que a gente faz essa festa. Ele passou por esta terra para fazer o bem, para distribuir amor, para transformar vidas, para oferecer o pão. Estamos aqui para servir vocês. Um dos melhores chefs de Brasília veio até aqui cozinhar para vocês, sabe por quê? Porque vocês são muitos especiais”, disse a secretária, antes de ter início a comilança.

Também estavam presentes no evento as mães sociais que cuidam dos acolhidos. Ao todo, a casa tem uma equipe de 20 delas, além de psicólogos e assistentes sociais. As crianças e adolescentes vão para a aula em um turno e, no outro, participam de reforço escolar, de atividades de socialização e de práticas lúdicas. Aos maiores são oferecidos cursos profissionalizantes, como design, marketing, secretariado, informática.

“Deste almoço vão sair as mais importantes mulheres e os mais importantes homens do país. Quem sabe um governador do Distrito Federal, um senador, um deputado ou uma secretária da Mulher? Tudo o que vocês quiserem ser na vida, vocês serão. Basta querer e lutar por esse querer”, profetizou Severino Cajazeiras, secretário de Atendimento à Comunidade, em uma mensagem de otimismo e de fé.

A secretária-executiva de Desenvolvimento Social, Ana Paula Marra, também esteve presente na festa da Casa de Ismael. Ela reforçou a preocupação do governo em amparar os chamados egressos, que são os adolescentes que, depois dos 18 anos, precisam deixar o acolhimento.

Pratos vazios e barriga cheia, as crianças deixaram o Papai Noel goiano e foram brincar com os presentes que ele trouxe, resultado da união de esforços e de solidariedade dos representantes do Governo do Distrito Federal.

*Com informações da Secretaria da Mulher