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15/01/2021 às 10:43
Secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, fala sobre o trabalho conjunto que resulta na redução da criminalidade no DF
Em entrevista à Agência Brasília, o secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, discorre sobre a metodologia de trabalho praticada em sua pasta para combater a criminalidade no DF. Os índices têm se revelado positivos – só em 2020, foi registrada a menor taxa de homicídios dos últimos 41 anos.
Ainda no ano passado, também foi constatada uma redução de 8,6% nos chamados CVLIs – crimes violentos letais intencionais –, indicador que exibe a menor taxa em mais de duas décadas.
Para o secretário, o trabalho conjunto das forças de segurança do DF é o responsável pela diminuição desses índices – o que sinaliza o compromisso da atual gestão do GDF com a segurança de toda a população.
Anderson Torres destaca, entre outras iniciativas, o programa DF Mais Seguro, que reúne projetos fundamentais para a sociedade. “Vamos trabalhar de forma cada vez mais específica nas regiões, quadras, ruas, becos e vielas”, garante o secretário.
Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista.
A que o senhor atribui as reduções expressivas de criminalidade este ano no Distrito Federal?
Na SSP [Secretaria de Segurança Pública], trabalhamos sempre com planejamento, estipulação de metas, monitoramento e avaliação de resultado. Tudo o que fazemos é com base em estudo e estratégia. Superamos a marca de 2019 e tivemos a menor taxa de homicídios dos últimos 41 anos. Houve redução de 8,6% nos crimes violentos letais intencionais (CVLIs), a menor taxa em 21 anos. Isso significa 40 vidas salvas ano passado. Os crimes contra o patrimônio, principais responsáveis pela sensação de insegurança, caíram quase 40%. Ou seja, mais de 30 mil roubos e furtos deixaram de acontecer. Apesar do aumento da população e da redução do efetivo, conseguimos unir ainda mais as forças de segurança em ações conjuntas com outros órgãos.
Cabe destacar o excelente trabalho realizado pelos profissionais de segurança pública do DF. Sem o empenho e profissionalismo de cada um, não teríamos chegado a esse resultado. Se houvesse uma palavra para resumir nosso trabalho, eu diria “integração”. Aliado a tecnologia e inteligência, trabalhar de forma integrada vem sendo nosso grande diferencial desde 2019. A redução desses índices significa mais qualidade de vida para a população e está em consonância com a orientação do governador Ibaneis Rocha, que é transformar o DF em um local cada vez mais seguro.
Quais são os principais projetos para que esses números continuem em queda?
Continuar garantindo mais segurança e qualidade de vida para a população. Vamos trabalhar de forma cada vez mais específica nas regiões, quadras, ruas, becos e vielas. Para isso, iniciamos no ano passado o programa DF Mais Seguro, que agrupa diversos projetos importantes com respostas cada vez mais diretas e objetivas para a sociedade. Um deles é o Cidade da Segurança Pública, iniciado no final do ano passado em Planaltina. Foi uma oportunidade nos aproximarmos e conhecermos, de perto, as necessidades da comunidade e os anseios dos agentes de segurança pública que atuam na linha de frente nessas regiões. Assim, podemos desenvolver políticas de segurança públicas mais precisas.
[Olho texto=”“Vamos trabalhar de forma cada vez mais específica nas regiões, quadras, ruas, becos e vielas”” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”centro”]
Diferentemente da média do país, o DF obteve reduções expressivas nos feminicídios. Quais foram as medidas que contribuíram para isso?
A redução desses casos, ano passado, foi grande, de quase 50%. Isso mostra que as estratégias de prevenção têm surtido efeito e são essenciais nesse processo. Vamos continuar estudando a dinâmica desses crimes, fortalecendo os canais de denúncia e capacitando os profissionais de segurança pública nas políticas de enfrentamento à violência doméstica e familiar com base na Lei Maria da Penha e outras temáticas. Os feminicídios passaram a ser prioridade na minha gestão, e, com o cenário de pandemia, ampliamos os canais de denúncia e o atendimento a essas vítimas. Inauguramos uma nova Delegacia de Atendimento à Mulher [Deam], abrimos a possibilidade de registros on-line e aumentamos as visitas do programa de Prevenção Orientada à Violência Doméstica [Provid], da Polícia Militar, que realizou, em todo o ano passado, mais de 13 mil visitas a vítimas de violência doméstica.
[Numeralha titulo_grande=”50%” texto=”percentual médio de redução dos feminicídios, em 2020″ esquerda_direita_centro=”centro”]
Como está o DF em relação a outras unidades da Federação na questão da segurança pública?
Ano passado, o Distrito Federal foi destaque entre as unidades da Federação, de acordo com instituições independentes e imprensa. No primeiro semestre de 2020, fomos a unidade da Federação com o menor número de homicídios de mulheres, de acordo com o Monitor da Violência – parceria do G1, USP e Fórum Brasileiro da Segurança Pública. Nesse mesmo período, atingimos a terceira menor taxa de homicídios, de acordo com o Atlas da Violência, do Fórum Brasileiro da Segurança Pública. No Ranking da Competitividade dos Estados, o pilar segurança pública subiu três posições e colocou o DF como terceiro lugar geral no Brasil. Cabe ressaltar, ainda, que fomos destaque nacional na elucidação de crimes violentos contra a vida. Identificar e prender autores foi muito importante para a redução das vítimas de crimes contra a vida no DF.
Ano passado, houve uma redução expressiva nos índices criminais. Como será o desafio de superar 2020?
O desafio será maior, com certeza. Ano passado, tínhamos como meta superar o recorde histórico da menor taxa de homicídio dos últimos 35 anos. Superamos e temos agora a menor taxa em 41 anos. As chaves para esse ano são planejamento, integração e tecnologia. Temos o programa DF Mais Seguro, composto pelos projetos Cidade da Segurança Pública, Área de Segurança Integrada, o Videomonitoramento e o Atendimento de Emergência. Ele vai nortear nossas ações pelos próximos dois anos. Vamos aperfeiçoar ainda mais nossos mecanismos de gestão, tornando-os cada vez mais eficientes. Tenho certeza que essas ações vão refletir não só nos números, mas na qualidade de vida da população do DF, que é nosso principal objetivo.
O senhor acha que a pandemia pode ter interferido na redução dos crimes este ano?
Não há nenhum estudo conclusivo sobre o assunto. Desde 2019, até os três primeiros meses de 2020, a maior parte dos crimes já estava em queda. Além disso, a criminalidade não parou com a pandemia. Quando a dinâmica social mudou, devido ao cenário pandêmico, sabíamos da possibilidade de migração do crime, ou seja, alguns poderiam deixar de acontecer e outros poderiam ocorrer com mais frequência. Tivemos que nos antecipar e criar novas formas de atuação, levando em conta todas os riscos devido à Covid-19, sem comprometer o atendimento à sociedade. Além disso, a produtividade policial aumentou, pois, com a proibição de shows e eventos, foi possível concentrar esforços no policiamento e no atendimento à sociedade.
[Olho texto=”“Tivemos que nos antecipar e criar novas formas de atuação, levando em conta todas os riscos devido à Covid-19, sem comprometer o atendimento à sociedade”” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”centro”]
Sabemos que os crimes relacionados à violência contra a mulher são prioridade na sua gestão. Quais medidas estão sendo adotadas e quais os planos para ampliar a proteção das vítimas em 2021?
A violência doméstica é um problema sério, grave, que deve ser discutido, enfrentado por toda a sociedade. Mesmo fortalecendo e ampliando os canais de denúncia, o que poderia ocasionar aumento dos registros, fechamos o ano com queda de mais de 5% nos crimes relacionados à Lei Maria da Penha. Fortalecer o trabalho integrado entre os diversos órgãos de governo e sociedade civil relacionados à questão da mulher foi essencial para a redução desse tipo de crime. É preciso incentivar e facilitar ainda mais a denúncia e garantir o suporte às vítimas. Denunciar permite que a polícia, a Justiça e o Estado atuem, inibindo e interrompendo o ciclo da violência, impedindo que casos de agressão se tornem mais graves. O uso da tecnologia para ampliar e integrar cada vez mais os canais de denúncia também será importante para melhorar o tempo de resposta do Estado para esses casos.
Recentemente, foi encaminhada à Presidência da República a relação de emendas que ficaram fora da medida provisória que garantiu o reajuste dos profissionais da segurança pública do DF. Que tipo de benefícios essas emendas trarão para o DF? Haverá mais gastos?
São pleitos necessários para reorganizar e tornar mais dinâmica a estrutura administrativa das forças de segurança. E sem gasto extra. A sociedade muda, a criminalidade muda, a realidade política e econômica muda. Por isso, a segurança pública também precisa se ajustar a essas evoluções. Cumprimos o compromisso de garantir o reajuste das forças no início do ano e nos comprometemos a enviar as emendas em outro momento. Agora vamos continuar acompanhando para que elas sejam enviadas e aprovadas pelo Congresso Nacional.
[Olho texto=”“A sociedade muda, a criminalidade muda, a realidade política e econômica muda. Por isso, a segurança pública também precisa se ajustar a essas evoluções”” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”centro”]
As forças de segurança têm sofrido com a perda de efetivo nos últimos anos. Como a SSP pretende lidar com essa situação?
Apesar das limitações de orçamento, temos trabalhado junto ao governo para recompor o quadro das forças de segurança. Foram nomeados, desde 2019, quase três mil profissionais de segurança pública. Desses, cerca de dois mil foram policiais militares. Para este ano, estamos aguardando a liberação do concurso para agente da polícia civil, que está suspenso. Mesmo com a redução de efetivo e com o aumento da população nos últimos anos, temos conseguido reduzir os índices criminais no DF. Parte dessa conquista se deve ao aperfeiçoamento dos processos de gestão de recursos, uso de tecnologia e inteligência e, principalmente, da dedicação dos profissionais de segurança pública que estão nas ruas todos os dias em defesa da sociedade.
O trabalho integrado é o forte desta gestão. Como o senhor avalia a atuação das forças de segurança, individualmente, ano passado?
Superaram nossas expectativas, mesmo com a necessidade de fazer frente aos bons números de 2019. Nós não paramos durante a pandemia. Em todo o ano passado, por exemplo, a Polícia Civil registrou 205 mil ocorrências presenciais e outras 126 mil por meio da Delegacia Eletrônica. O total de adultos presos e menores apreendidos por cumprimento de mandados e em flagrante chegou a 8 mil. Os inquéritos instaurados por desrespeito à Lei Maria da Penha chegaram a 5,2 mil.
[Numeralha titulo_grande=”353 mil ” texto=”ocorrências policiais foram originadas, em 2020, de 450 atendimentos pelo canal 190″ esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Outro dado relevante, que impactou diretamente na redução dos crimes, foi a prisão de 209 pessoas envolvidas com o crime organizado. Quase quatro mil armas – entre revólveres, armas brancas e simulacros – foram retiradas de circulação pela Polícia Militar. Dessas, 1,6 mil eram armas de fogo. Isso implica diretamente a redução dos crimes violentos. Chama atenção o tempo médio de atendimento de emergência da corporação, que chegou a 8 minutos entre o acionamento e a chegada ao local. Durante o ano, foram feitos quase 450 mil atendimentos por meio do 190; desse total, 353 mil viraram ocorrências policiais.
[Numeralha titulo_grande=”23,7 mil ” texto=”Número de atendimentos em operações de busca e salvamento do CBMDF no ano passado” esquerda_direita_centro=”direita”]
O Corpo de Bombeiros [CBMDF] teve um importante papel no atendimento direto à sociedade. Ano passado, a instituição combateu 12,3 mil incêndios em edificação e florestais. A operações de busca e salvamento chegaram a 23,7 mil atendimentos. Além de cursos e capacitações para outros estados, os militares participaram do combate ao incêndio no Pantanal, entre outras operações de destaque no país. Cabe destacar, ainda, a atuação do Detran, que reduziu em 45% os acidentes fatais nas vias urbanas do Distrito Federal ano passado. Mesmo com a pandemia, a fiscalização, a engenharia e educação de trânsito continuaram. Foi criado, ainda, o aplicativo Detran Digital, com o objetivo de dar mais agilidade aos atendimentos à população.
* Com informações da SSP