20/01/2021 às 16:46, atualizado em 20/01/2021 às 20:24

Indígenas começam a ser vacinados contra a Covid-19

No total, foram imunizados 47 índios. O público-alvo total é de cerca de 300

Por Agência Brasília * I Edição: Carolina Jardon

O cacique fez questão de chamar todo mundo que estava na aldeia para ir se vacinar, pois segundo ele, “a vacina é uma proteção a mais”, principalmente pelo fato de muitos saírem diariamente para trabalhar fora | Foto: Geovana Albuquerque

Os primeiros indígenas residentes no Distrito Federal foram vacinados nesta quarta-feira (20). A aplicação das doses ocorreu na Aldeia Teko Haw, localizada no setor Noroeste. Foram imunizados 17 índios da etnia Guajajara. Também foram vacinados 30 índios na Casa de Saúde Indígena (Casai), local onde indígenas de outros estados se hospedam enquanto fazem tratamento hospitalar no Distrito Federal. A responsabilidade sanitária de vacina desses índios abrigados é do DF.

O cacique da Aldeia Teko Haw, Francisco Guajajara, de 45 anos, informou que vivem no local 23 famílias, cerca de 250 pessoas. No entanto, a maioria dos indígenas trabalham fora e não estavam na aldeia na hora da vacinação.

[Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”]

Francisco Guajajara foi o primeiro a receber a dose da vacina CoronaVac para dar o exemplo ao restante da tribo. “É bom vacinar porque todo mundo está sofrendo com essa doença pelo mundo. Ninguém aqui quer morrer e a doença não escolhe quem vai atingir, pode ser rico, pobre, índio, branco”, afirma.

O cacique fez questão de chamar todo mundo que estava na aldeia para ir se vacinar, pois segundo ele, “a vacina é uma proteção a mais”, principalmente pelo fato de muitos saírem diariamente para trabalhar fora. Até hoje, não ocorreu nenhum caso de Covid-19 na aldeia.

Para Fetxawewe Tapuya, de 21 anos, estudante indígena da Universidade de Brasília, (UnB), a vacinação contra Covid-19 é extremamente necessária para a população indígena, pois a pandemia mostrou a fragilidade desses povos.

“Perdemos muitos anciões da nossa etnia que moravam em outras comunidades e outros estados. São perdas irreparáveis, pois eles repassam seus conhecimentos, costumes e valores para nós. Essa doença é muito grave e atingiu muitos índios. Por isso, estou feliz que a vacina protegerá nosso povo”, destaca.

A indígena Marta Guajajara, de 44 anos, ficou satisfeita com a aplicação das doses nesta primeira fase da vacinação. “É algo muito importante para o meu povo. Mas apesar de ninguém ter adoecido aqui eu continuo tendo todos os cuidados, usando máscara e álcool em gel”, afirma.

De acordo com Tiago Neiva, Gerente da UBS 2 da Asa Norte, a equipe retornará na Aldeia Teko Haw em outro dia, pois a estimativa de público-alvo desta aldeia é vacinar 250 pessoas e o objetivo é alcançar 100% da população indígena. Além da equipe da UBS 2 da Asa Norte, a ação contou com a participação da Vigilância Epidemiológica da Região Central e a colaboração de voluntários da Cruz Vermelha.

* Com informações da Secretaria de Saúde