22/01/2021 às 08:03, atualizado em 22/01/2021 às 08:39

‘Estamos promovendo uma revolução tecnológica’

Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação fala sobre os projetos da pasta elaborados para democratizar acesso à internet

Por Ana Luiza Vinhote, da Agência Brasília | Edição: Chico Neto

Democratizar o acesso à tecnologia é uma das principais metas da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti). Além dos diversos programas da pasta, foi lançado recentemente um de grande abrangência: Lan House Social. A população da Estrutural foi a primeira a ser contemplada com o projeto, que será expandido a todas as feiras da capital. Segundo o titular da Secti, Gilvan Máximo, o objetivo é fazer com que a tecnologia chegue a todos.

Máximo revela que a meta é tornar o Lan House Social um produto de sucesso, assim como o Wi-Fi Social. A internet gratuita já alcançou 55 pontos e 500 ônibus. São 32 milhões de acessos desde o ano passado. Por dia, 700 mil pessoas conseguem usufruir de internet gratuita na Rodoviária do Plano Piloto. O secretário adianta que outros pontos estão prontos para receber o projeto.

Em entrevista à Agência Brasília, Gilvan Máximo também destaca os resultados da primeira usina de reciclagem de lixo eletrônico da América Latina, sobre o Reciclotech e o Inovatech – programa que formou 1,8 mil alunos em mais de 40 cursos e, além de oferecer capacitação a quem não tem condições de pagar pelo ensino, também possibilitou o ingresso dos participantes no mercado de trabalho.

Para 2021, o responsável pela área de Ciência e Tecnologia adianta: “Vamos aproveitar o orçamento – de R$ 130 milhões – ao máximo para que os programas primordiais da pasta cheguem à população, principalmente àqueles que mais precisam”.

Acompanhe, a seguir, os principais trechos da entrevista.

 

Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

 

Em dezembro passado, foi lançado o Lan House Social ao lado da Administração da Estrutural. Como funciona esse novo projeto?

O Lan House Social é um espaço com computadores com acesso à internet de forma gratuita. Decidimos implementar esse projeto devido a um pedido dos feirantes, que não tinham espaço para fazer um pagamento, por exemplo. É um produto para atender às necessidades da população, fazendo com que a tecnologia esteja ao alcance de todos. Começamos na Estrutural, com dez máquinas recicladas pelo Reciclotech [programa do órgão que envolve capacitação profissional de jovens, recondicionamento de resíduos eletrônicos e preservação do meio ambiente a partir do lixo eletrônico descartado pela população]. O local funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 17h. A internet é oferecida pela Administração Regional da Estrutural, mas pelo menos uma pessoa da pasta fiscaliza o funcionamento dos computadores. Devido à pandemia do novo coronavírus, também estamos tomando todas as medidas de segurança para evitar aglomerações. A meta é fazer com que o Lan House chegue a todas as feiras da capital. No próximo ano, vamos começar  inaugurando em Ceilândia e no Gama.

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Qual é o balanço que o senhor faz sobre o programa Wi-Fi Social?

O Wi-Fi Social já alcançou 55 pontos e 500 ônibus. São 32 milhões de acessos desde o ano passado. Por dia, 700 mil pessoas conseguem usufruir de internet gratuita na Rodoviária do Plano Piloto. Já temos mais locais que estão prontos para receber o projeto, como o Hospital Regional do Gama [HRG]. Já há wi-fi gratuito em todas as UPAs [Unidades de Pronto Atendimento]. Em 2021, continuaremos com intensa agenda de inaugurações. A previsão é alcançar 200 lugares. Como presidente do Consecti [Conselho Nacional dos Secretários de Ciência e Tecnologia do Brasil], fui procurado por vários secretários de outras cidades querendo levar o projeto para a região deles. O produto não é só uma inclusão digital, mas social. Um pacote de dados de operadora é caro, e muitas pessoas não têm condições de pagar. É possível fazer chamadas de vídeo, por exemplo.

O primeiro laboratório do Reciclotech foi inaugurado em novembro do ano passado, no Gama. De que forma esse programa beneficia aqueles que participam do programa e o meio ambiente?

É a primeira usina de reciclagem de lixo eletrônico da América Latina. Goiás, por exemplo, já nos copiou, e há outros estados interessados. Esse projeto veio em um momento oportuno. Com o Reciclotech, a gente pretende capacitar mil jovens de 16 a 24 anos por ano e ainda pagar pelo trabalho deles. Além disso, é uma forma de preservar o meio ambiente fazendo o descarte correto desse material. Em uma só ação recente no Parque Olhos d’Água, na Asa Norte, arrecadamos 10 toneladas. A população também abraçou o projeto. Sabe aquela televisão de tubo, antiga? Se ela está na sua casa jogada e você doa, ela vira o fio de desfibramento da impressora 3D que será usada nos laboratórios de robótica. Já entregamos cerca de 200 computadores para aqueles que não têm condições de pagar por um.

[Olho texto=” “Quando grandes empresas vierem se instalar em Brasília, temos que ter mão de obra, e é isso que estamos fazendo”” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]

O programa de qualificação profissional, o Inovatech, abriu mais 6 mil vagas para 2021. Qual é a diferença dessa atividade com relação ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego [Pronatec] do governo federal? 

O Inovatech é mais forte que o Pronatec. Em países como Estados Unidos e Alemanha, 80% da população faz esses cursos técnicos. A mão de obra nesses locais é muito cara, então eles aprendem a consertar as próprias coisas, como um ar-condicionado, computador. No nosso programa, oferecemos 46 tipos de capacitação, desde a área de TI [Tecnologia da Informação], desenvolvedor de software, até ensinar ao pedreiro novas tecnologias. São cursos para pessoas que não têm condições de pagar por essa formação. Estamos promovendo uma verdadeira revolução tecnológica. Quando grandes empresas vierem se instalar em Brasília, temos que ter mão de obra, e é isso que estamos fazendo. Formamos 1.800 pessoas este ano, e muitas delas já estão no mercado de trabalho ganhando mais de R$ 4 mil.

O primeiro laboratório de testes 5G do Brasil foi inaugurado no Parque Tecnológico de Brasília (Biotic), na Granja do Torto. Qual a importância desse ambiente e qual é o papel da secretaria nesse projeto?

Somos pioneiros nessa tecnologia, que faz parte do projeto de tornar Brasília uma capital tecnológica. O 5G vai revolucionar o agronegócio, a vida das pessoas, pois a velocidade é até seis vezes maior do que essa que temos. Essa tecnologia vem para facilitar e modernizar a vida da população. Além disso, áreas como as da economia, saúde e segurança pública serão diretamente beneficiadas com a mudança na forma de navegação pela rede. É um espaço aberto ao público de forma gratuita. Isso é fundamental para termos uma cidade digital.

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Como ficou o funcionamento do Centro de Capacitação em Tecnologia e Inovação Include durante a pandemia do novo coronavírus?

Temos 13 laboratórios prontos e inauguramos dois, no Sol Nascente/Pôr do Sol e no Paranoá. Com a pandemia, tivemos que fazer algumas adaptações. O programa funcionou de forma on-line, com duas aulas por semana, entre setembro e dezembro. É muito gratificante você ver jovens da periferia tendo acesso à tecnologia – fabricando um drone na impressora 3D, desenvolvendo software – e  aos 18 cursos. É algo de primeiro mundo, e eles vão sair de lá prontos para o mercado de trabalho ou fazer o próprio serviço na comunidade. Esse projeto foi fruto da Campus Party, pois tínhamos que deixar um legado para a capital. Vamos capacitar 15 mil jovens para as profissões do futuro.

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A Campus Party se fortaleceu na capital do país. No ano passado, aconteceu no formato on-line, devido à Covid-19. Quais são as projeções para este ano?

Apesar do formato on-line, conseguimos proporcionar uma jornada enriquecedora de conteúdos, palestras e experiências virtuais. Com a vacina contra a Covid-19, a expectativa é que este ano o evento seja presencial para 200 mil pessoas. A Campus Party se tornou a maior do Brasil em número de pessoas e “campuseiros”, que são aqueles que vêm de toda parte do mundo para acampar em barracas. Esperamos cerca de 17 mil deles. O morador de Brasília gosta de tecnologia. Para se ter noção, em 2019 arrecadamos 50 toneladas de lixo eletrônico. Foi daí que nasceu a ideia de criar a Reciclotech.

Quais são os planos para este ano?

Vamos aproveitar o orçamento – de R$ 130 milhões – ao máximo para que os programas primordiais da Secretaria de Ciência e Tecnologia cheguem à população, principalmente àqueles que mais precisam. O governador Ibaneis Rocha acreditou no nosso trabalho, pois, em outras gestões, a pasta foi excluída. Neste governo ela existe, e, com o apoio de outros órgãos, vamos fazer a diferença.