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04/03/2021 às 09:12
Equipe do Hospital de Base constatou que procedimento com células-tronco e laser teve melhor cicatrização no enxerto da paciente
Um procedimento a partir de células-tronco para recuperar lesões graves, realizado no Hospital de Base, foi um sucesso e mostrou excelentes resultados no tratamento de uma paciente com hanseníase. É o que constataram os cirurgiões plásticos Márcia Moreira e Pedro Brandão, após avaliarem a recuperação de Cleuza de Oliveira, 56 anos.
De acordo com a médica, as células-tronco possibilitaram uma adesão muito boa do enxerto de pele feito na paciente para tapar os ferimentos e aceleraram a cicatrização do tecido. “Conseguimos obter melhor qualidade estética da ferida e mais elasticidade da pele, dando um ar mais natural a ela”, relata Márcia.
O procedimento ocorreu em setembro do ano passado e foi inédito no hospital. Para a extração das células diferenciadas, o HB teve a ajuda da empresa brasileira DMC, que disponibilizou aparelhos avançados para realizar a técnica, chamada de One Step. Pelo método, os profissionais conseguem retirar, com a gordura da paciente, as células-tronco, por meio de uma lipoaspiração a laser.
“Com a emissão de luz, é possível extrair uma solução mais concentrada com células-tronco, o que garante um melhor resultado no momento da aplicação do enxerto”, explica a cirurgiã Márcia Moreira.
A obtenção completa das células-tronco só é possível pela técnica de centrifugação. “Por meio da centrifugação, separa-se a gordura das células-tronco”, esclarece a especialista.
Com o material puro em mãos, os médicos conseguiram injetá-lo nas bordas do ferimento de Cleuza. Já a gordura aspirada foi passada por cima da ferida. “Esse tecido adiposo serve como um curativo biológico”, esclarece Márcia. Para finalizar, a equipe encobriu a lesão com um curativo a vácuo, como forma de impedir a exposição do local.
[Olho texto=”Cada cirurgia durou, em média, duas horas e meia” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]
Segunda fase
Em um segundo momento cirúrgico 15 dias depois, a mesma equipe, composta por dois cirurgiões plásticos, um anestesista e uma instrumentadora, aplicou um enxerto de pele, retirado da coxa de Cleuza. “Depois da aplicação, a gente percebeu, ao longo da cicatrização, que o procedimento foi mais eficaz do que quando feito sem alta concentração de células-tronco”, aponta Márcia.
Cada cirurgia durou, em média, duas horas e meia, e os gastos estimados das duas intervenções, totalmente gratuitas para a paciente, foram de R$ 60 mil.
Mudança de vida
As dores intensas devido aos ferimentos na perna de dona Cleuza viraram apenas lembranças. Depois da rápida cicatrização após as cirurgias, a manicure conseguiu retomar as atividades e, hoje, valoriza cada cicatriz em seu corpo. “Elas são reflexo da minha luta e da sorte que tive em receber um atendimento tão cuidadoso e de excelência”, agradece.
O destino de dona Cleuza poderia ser diferente, não fosse a decisão da família em levá-la a um hospital público de Brasília. Tudo começou após a moradora de Uruaçu (GO) sentir fortes dores na perna. As bolhas logo apareceram, causadas pela hanseníase. “Elas estouraram e abriram ferimentos na minha perna. Em menos de um dia, as feridas já começaram a ficar profundas”, conta. No hospital da cidade goiana, disseram que seria preciso amputar a perna. “Graças a Deus, me levaram para Brasília”, diz, aliviada.
[Olho texto=”“Foi tudo muito rápido, e aquela dor, insuportável, parou. Ganhei qualidade de vida”” assinatura=”Cleuza Oliveira, paciente” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Dona Cleuza recebeu atendimento primeiro no Hospital Regional do Paranoá, onde foi feito um curativo para evitar piora do quadro. De lá, foi encaminhada ao HB, onde o tratamento durou 68 dias. “Foi tudo muito rápido, e aquela dor, insuportável, parou. Ganhei qualidade de vida.” Atualmente, a pele da paciente está quase completamente cicatrizada, e o retorno para acompanhamento será em maio.
Plásticas de traumas no HB
O tratamento com células-tronco de feridas extensas causadas por trauma é uma prática comum no Hospital de Base. Mas, diferentemente do tratamento de Cleuza, ocorre sem o uso do laser. “Todo paciente traumático que chega com ferimentos profundos e pouca pele precisa passar por uma cirurgia plástica para repor o tecido”, comenta a cirurgiã plástica do HB Márcia Moreira.
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*Com informações do Iges-DF