27/03/2021 às 18:21, atualizado em 14/04/2021 às 09:19

Quem diria, videogame na sala de aula ajuda a socializar alunos

Projeto no Centro Educacional 34 de Ceilândia mobiliza jovens com disputa de ‘League of Legends’ e melhora sociabilidade dos estudantes

Por ABNOR GONDIM* | EDIÇÃO: ABNOR GONDIM

O professor de Educação Física David Teixeira idealizou o primeiro projeto de esporte eletrônico em escolas pública | Foto: Erasmo Cássio/SEEDF

[Olho texto=”“O professor precisa se manter sempre atualizado e compreender a realidade do estudante. Na competição, foi possível unir estudantes que eram da mesma escola e não se conheciam”” assinatura=”Davi Leonardo Teixeira, professor de Educação Física” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Como muitas crianças da geração millennial, aos 8 anos, o professor de educação física Davi Leonardo Teixeira já se dedicava aos jogos eletrônicos. No entanto, diferente de muitas famílias, os pais o incentivavam. Até jogavam com ele. A diversão se transformou em profissão e ele se tornou o primeiro professor de escola pública a criar um projeto de e-sports.

“A proposta foi implantada em 2016, no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 34 de Ceilândia, e foi muito bem recebida pelos estudantes no contraturno”, explica David. No momento, a iniciativa está sendo adaptada ao formato virtual para ser oferecido nas escolas da rede. Neste semestre, o professor coordenou o I Campeonato de League of Legends (LoL) da rede pública de ensino do DF, que contou com mais de 30 equipes de estudantes das 14 Coordenações Regionais de Ensino.

O podcast EducaDF desta semana aborda o e-sports ou esporte eletrônico como ferramenta de aprendizagem. A modalidade é praticada por jogadores profissionais que necessitam de treinamento, dedicação e disciplina. As principais competições atraem milhares de gamers e boa parte dos jogos é on-line e gratuito. Confira o podcast nas plataformas de áudio.

Segundo David, o resultado do Campeonato de LoL foi extremamente positivo. “Creio que o professor precisa se manter sempre atualizado e compreender a realidade do estudante. O e-sports proporciona a vivência de saberes escolares e valências físicas e cognitivas que estão envolvidas na prática. Na competição, foi possível unir estudantes que eram da mesma escola e não se conheciam”, destaca.

O aluno Micael Rodrigues virou uma das estrelas do LoL brasileiro | Foto: Álvaro Henrique/ SEEDF

Dilema materno

[Olho texto=”“Quando os pais veem um filho jogando, devem entender que há muito conhecimento e aprendizagem”” assinatura=”Thereza Rodrigues, mãe de uma das estrelas de jogo” esquerda_direita_centro=”direita”]

A escritora Thereza Rodrigues vivenciou o dilema que muitos pais enfrentam quando os filhos passam a se dedicar ao jogo eletrônico. “É preciso reconhecer que eles já nascem conectados e as carreiras do futuro terão como base as habilidades e as competências que os jovens desenvolvem nos jogos virtuais. Nesse sentido, quando os pais veem um filho jogando, devem entender que há muito conhecimento e aprendizagem”, explica.

Depois de compreender que o esporte eletrônico não era nocivo, a escritora incentivou o filho Micael Rodrigues. O resultado é que, hoje, ele é uma das maiores estrelas do LoL brasileiro, o pro player, ou jogador profissional — o MicaO, da INTZ. Para ajudar outros pais, ela escreveu a obra Manual de Sobrevivência para Pais da Geração Gamer.

Novas estratégias de ensino-aprendizagem

O estudante Herman Dhelison, do Centro de Ensino Médio 304 de Samambaia, participou do projeto e acredita que é uma ferramenta de ensino motivadora. “É muito bom ver a escola dar espaço a algo que é atrativo para o estudante. Além disso, pode proporcionar a inserção do jovem no mercado de trabalho em uma área que o motiva, facilitar o trabalho em equipe e a comunicação”, diz.

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Ainda de acordo com Herman, “o Campeonato me fez enxergar que eu poderia investir no meu sonho. Criei a equipe Distrito Feeder All, de LoL, com outros estudantes e elaboramos um projeto que se dispõe a ajudar gamers a ingressar nesse universo e motivar outros jovens”, argumenta Herman.

A estudante Suelen Lima, do CEF 34 de Ceilândia, prova que o ambiente do esporte eletrônico não se restringe ao público masculino e enaltece a iniciativa. “O projeto beneficiou minha vida acadêmica porque facilitou a comunicação, concentração e melhorou meu inglês. Como qualquer outra atividade, é preciso desenvolver bons hábitos como dormir bem, se alimentar de maneira adequada, ter disciplina e equilíbrio”, afirma.

*Com informações da Secretaria de Educação