29/03/2021 às 16:29, atualizado em 30/03/2021 às 15:58

Inclusão e equidade marcam live sobre mulheres na Cultura

Protagonistas de diversas linguagens artísticas participaram de evento on-line; foram debatidas propostas acerca da participação feminina no setor

Por AGÊNCIA BRASÍLIA* | EDIÇÃO: ABNOR GONDIM

Dhi Ribeiro cantou em live músicas em homenagem à luta das mulheres contra desigualdade. Vídeo está disponível na pasta da Secretaria de Cultura e Economia Criativa no YouTube | Foto: Divulgação/Secec (foto tirada antes da pandemia)

[Olho texto=”“Temos a obrigação de aprofundar a discussão sobre equidade de gênero. Estamos atentos para discutir ações efetivas de políticas públicas dentro da secretaria” ” assinatura=”Bartolomeu Rodrigues, secretário de Cultura e Economia Criativa” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Com a presença de protagonistas de diversas linguagens artísticas, que refletem visões sobre identidade, empoderamento e representatividade feminina, a roda de conversa com pocket show de Dhi Ribeiro encerrou o evento “Mulheres no Giro da Cultura”, iniciativa da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) em comemoração ao mês da mulher. Durante uma semana, a ação reuniu público de 484 em torno da programação exibida no canal do Youtube da pasta.

Participaram do debate Danielly Monteiro (gerente de cultura do Plano Piloto); Dhi Ribeiro (sambista); Carla Maia (Street Cadeirante); Márcia Lobo (comunidade tradicional cigana, do Conselho Regional de Cultura da Candangolândia); Kika Carvalho (movimento Backstage); Luciana Barreto (literatura); e Dayse Hansa (Associação de Produtoras e Trabalhadoras da Arte e Cultura/Apta).

Moderada pela subsecretária de Difusão e Diversidade e Cultural, Sol Montes, e pelas assessoras de Relações Institucionais, Beth Fernandes, e de Articulação de Políticas Culturais, Mirella Ximenes, a live também contou com a presença do secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues, que abriu o evento, na sexta-feira passada (26).

“Temos a obrigação de aprofundar a discussão sobre equidade de gênero, estamos atentos para discutir ações efetivas de políticas públicas dentro da secretaria. Estou muito orgulhoso desse evento”, ressaltou o secretário, que ainda apontou um acréscimo no número de mulheres inscritas em editais da cultura. No caso do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), dos 360 projetos inscritos, 118 tinham mulheres como proponentes.

[Olho texto=”“Defendo a contratação de mulheres por meio de cotas e acredito que hoje o nosso grande desafio é o enfrentamento da desconstrução do machismo com os nossos colegas” ” assinatura=”Dayse Hansa, líder da Apta (Associação de Produtoras e Trabalhadoras da Arte e Cultura)” esquerda_direita_centro=”direita”]

É preciso ter raça

Pela voz da cantora Dhi Ribeiro, canções que simbolizam a força e a resistência feminina foram interpretadas durante o encontro. Desafios e histórias de superação foram abordados para indicar que ainda existe um longo caminho a percorrer quando se trata de equidade de gênero.

“Salve a mulher que luta, que cria, que carrega esse país como a gente carrega. Enquanto mulher, tenho que ser criativa o tempo todo e buscar caminhos inéditos na minha carreira”, pontuou Dhi Ribeiro.

Líder da Apta, Dayse Hansa apontou que a oferta de capacitação para mulheres em segmentos culturais ainda é inferior. A artista plástica e gestora cultural apontou o caminho da profissionalização e do acesso ao fomento.

“Defendo a contratação de mulheres por meio de cotas e acredito que hoje o nosso grande desafio é o enfrentamento da desconstrução do machismo com os nossos colegas. Ouçam mais as mulheres!”, pediu.

Para a socióloga e cantora Danielly Monteiro, as ações afirmativas funcionam como uma fenda possível diante de todas as injustiças históricas sofridas pelas mulheres. “Precisamos enfrentar os desafios com políticas públicas emergenciais, de médio a longo prazo, principalmente olhando o caso das mulheres”, pontuou Danielly.

Professora e jornalista, Luciana Barreto salientou a desigualdade de gênero no âmbito profissional. “Como educadora, costumo provocar meus alunos com as grandes obras da literatura. Mulheres que foram idealizadas por homens brancos de classe média e rotuladas. Chega da gente só remar contra a maré o tempo todo. Sugiro oficinas de letramento e escrita criativa para as mulheres da cultura”, solicitou.

[Olho texto=”“Hoje sou formada em cinco faculdades e faço da dança cigana uma ferramenta de inclusão e protagonismo para abraçar todas as mulheres”” assinatura=” Márcia Lobo, de comunidade tradicional cigana” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Basta de preconceito 

Profissional dos bastidores, Kika Carvalho destacou o trabalho na área técnica cultural, a chamada “graxa”. Ela considera que a área de montagem de shows e eventos, universo predominantemente masculino, pode ter mais mulheres, mas falta capacitação.

“Agora, eu imagino, vivo e enfrento essa realidade. Somos pouquíssimas e sou uma das pioneiras. O caminho que estou buscando é para que mais mulheres trabalhem e se capacitem na graxa”, reivindicou.

Carla Maia, tetraplégica e idealizadora do grupo de dança Street Cadeirante, defende cotas nos editais para pessoas com deficiência | Foto: Divulgação/Secec (foto tirada antes da pandemia)

Márcia Lobo, por sua vez, relatou o preconceito sofrido por ser cigana. Ela contou que só conseguiu estudar depois de adulta, em razão das tradições impostas pelo pai. “Hoje sou formada em cinco faculdades e faço da dança cigana uma ferramenta de inclusão e protagonismo para abraçar todas as mulheres”, ressaltou.

Idealizadora do “Street Cadeirante”, Carla Maia tetraplégica desde os 17 anos devido a um sangramento espontâneo na medula, contou que sempre quis estar em movimento. Após participar de um concurso de miss mundo cadeirante na Polônia, ela relatou que voltou querendo dançar, atividade que realizava na adolescência.

“Hoje o grupo cresceu e conta com aulas virtuais para todo o Brasil. Precisamos de vagas em editais para pessoas com deficiência, prêmios para quem faz eventos de inclusão e mais acessibilidade aos pontos de cultura”, reivindicou.

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A subsecretária Sol Montes finalizou o encontro, defendendo a descentralização dos mecanismos da cultura e a inclusão de acessibilidade e capacitação para mulheres e demais grupos.

“A gente quer ouvir a comunidade para poder fazer cada vez mais. Vocês todas são de uma riqueza imensa. É só o começo. Ouvindo vocês, vamos trilhar todas juntas”, arrematou.

A participação das mulheres como proponentes em editais lançados pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa  (Secec) não só superou a marca desejável de 30%. Foi além e alcançou a marca de 48%, no caso da aplicação de recursos da Lei Aldir Blanc, voltada para o auxílio ao setor cultural em razão da pandemia do novo coronavírus.

*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa