15/04/2021 às 16:47

Talento de jovem é revelado no sistema socioeducativo

Rael (nome artístico), 16 anos, já pintou 50 quadros, vendeu 19, está aprendendo a gerenciar custos e a divulgar seu trabalho

Por Agência Brasília* | Edição: Renata Lu

O plano de Rael para quando deixar o sistema socioeducativo é fazer um curso de tatuagem: “Quero estudar e dar orgulho para minha família” | Foto: Jefferson Euriques/Sejus-DF

O Dia Mundial da Arte é celebrado nesta quinta-feira (15). Na data, criada em referência a Leonardo da Vinci, a homenagem da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) também é para um pintor: o socioeducando Rael, de 16 anos. Esse é o nome artístico do adolescente que descobriu sua habilidade com a pintura na Unidade de Internação de Santa Maria.

[Olho texto=”“Quando entrei na unidade só desenhava, com lápis e caneta. Aqui, eu aprendi que também podia pintar graças às pessoas que cuidam de nós na internação. Eles viram que eu tinha um dom e compraram as coisas para mim”” assinatura=”Rael, socioeducando” esquerda_direita_centro=”direita”]

“Quando entrei na unidade só desenhava, com lápis e caneta. Aqui, eu aprendi que também podia pintar graças às pessoas que cuidam de nós na internação. Eles viram que eu tinha um dom e compraram as coisas para mim. No começo não acreditei, mas hoje eu sei que tenho um dom e que eu sou um pintor!”, lembra o adolescente, que usa giz pastel oleoso sobre papel de desenho ou tela branca.

Um dos servidores a perceber e incentivar o talento do jovem foi o especialista socioeducativo Walberth Teixeira, que mostrou ao artista como aprimorar sua técnica e a possibilidade de transformar o que era somente um passa tempo em profissão. “Apenas trabalhei um talento que já era dele”, diz. Hoje o servidor reconhece o quanto a arte faz a diferença no processo de ressocialização.

“As pinturas têm contribuído para a vazão de sentimentos reprimidos, melhorando a fala e expressividade, ajudando no autocontrole, quesitos importantes no cumprimento da medida socioeducativa. Além disso, têm contribuído para o jovem ressignificar escolhas para o futuro”, completa Walberth.

[Olho texto=”“As pinturas têm contribuído para a vazão de sentimentos reprimidos, melhorando a fala e expressividade, ajudando no autocontrole, quesitos importantes no cumprimento da medida socioeducativa”” assinatura=”Walberth Teixeira, especialista socioeducativo” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

São esses resultados que têm estimulado os demais servidores da unidade a apostarem no talento de Rael. A equipe se uniu para comprar os materiais de que o pintor precisa e chegou a abrir uma Vakinha On-line para levantar mais recursos.

Os esforços não param por aí. Após solicitação dos servidores que atendem o adolescente, a Vara de Execução de Medidas Socioeducativas autorizou a abertura de um perfil no Instagram e de uma conta bancária em nome do jovem para que ele possa vender suas obras.

“Histórias como essa nos mostram que estamos no caminho certo com os adolescentes do sistema socioeducativo. Temos uma equipe extremamente comprometida em mostrar a esses jovens o quanto eles têm potencial para mudar de vida e fazer novas escolhas”, comemora a secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani.

De setembro de 2020 até hoje, o adolescente já pintou 50 quadros. Desses, 19 foram vendidos, totalizando R$ 685,00, creditados diretamente na conta de titularidade do socioeducando e administrada por sua mãe. Com isso, Rael está aprendendo a gerenciar suas finanças, os custos de produtividade, e também a divulgar seu trabalho. E mais do que isso:  valorizar suas qualidades e sonhar.

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Depois de pintar telas, o plano para o futuro é fazer arte na pele. “Estou feliz por essa oportunidade. Quero fazer um curso de tatuagem quando sair daqui. Esse é o meu sonho! Quero estudar e dar orgulho para minha família. Eu vi que o trabalho pode me dar tudo o que eu quero”, revela o socioeducando.

*Com informações da Secretaria de Justiça e Cidadania do DF