21/04/2021 às 15:52

Tudo por aqui teve início a partir da Praça do Cruzeiro…

Do local saíram as coordenadas para a instalação dos monumentos de Brasília. Também foi palco de grandes marcos históricos

Por Alline Martins, da Agência Brasília | Edição: Mônica Pedroso

“Visitar a Praça do Cruzeiro é mais que visitar uma cruz. É visitar um lugar onde a gente associa toda a construção do Planalto Central”, explica Elias Manoel, historiador do Arquivo Público do DF | Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

Brasília nasceu na Praça do Cruzeiro. Cinco anos antes da sua inauguração, a nova capital foi demarcada, em seu ponto mais alto, com uma cruz feita de dois galhos de madeira entrelaçados. E foi lá também que, em 1957, foram registradas todas as coordenadas, calculadas no Rio de Janeiro, para que os monumentos da nova capital fossem construídos exatamente nos locais previstos pelo projeto urbanístico de Lúcio Costa.

[Olho texto=”Juscelino Kubitschek chamava de pedra fundamental de Brasília a cruz do Cruzeiro” assinatura=”Elias Manoel, historiador do Arquivo Público” esquerda_direita_centro=”direito”]

“Visitar a Praça do Cruzeiro é mais que visitar uma cruz. É visitar um lugar onde a gente associa toda a construção do Planalto Central. Juscelino Kubitschek chamava de pedra fundamental de Brasília a cruz do Cruzeiro. Não é aquela de Planaltina, dizia ele”, conta Elias Manoel da Silva, historiador do Arquivo Público,

O servidor foi o responsável por fazer o levantamento de toda a história da Praça do Cruzeiro, que pode ser vista e revista em uma das cinco exposições virtuais preparadas pelo Arquivo Público para celebrar os 61 anos de Brasília.

Como havia uma linha reta do aeroporto à Praça do Cruzeiro, era lá o primeiro ponto para onde os visitantes se dirigiam quando chegavam para conhecer as obras da nova capital. “A Praça do Cruzeiro era o belvedere de Brasília, local privilegiado do ponto de vista da cidade. É um dos lugares históricos de Brasília, que deveria ser redescoberto”, assinala Elias.

Local da primeira missa e do primeiro batizado público, o Cruzeiro é um belo local para se contemplar o pôr do sol

Primeira missa

Apesar de hoje em dia ser famosa, apenas, pela excelente localização para se observar o pôr do sol, a praça testemunhou os principais acontecimentos da nova cidade. Muitos deles aconteceram no mesmo dia, em 3 de maio de 1957, quando foi realizada a primeira missa de Brasília, com a participação de 15 mil pessoas.

Segundo Elias, toda a liturgia foi feita associando a primeira missa em Brasília à primeira rezada em 3 de maio de 1500, após a chegada dos portugueses na América. O intuito era o de promover a visão da redescoberta do Brasil por meio da interiorização e construção de uma nova capital no coração do território brasileiro.

[Olho texto=”A atual aparência arquitetônica da Praça do Cruzeiro foi consolidada em 1974, a partir do projeto do arquiteto Oscar Niemeyer” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Antes de iniciar a celebração da missa, o Cruzeiro foi palco do primeiro batizado público. Dom Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta, arcebispo de São Paulo, batizou o menino Brasílio Franklin, cujo padrinho foi o então presidente Juscelino Kubitschek e, madrinha, sua esposa Sara Kubitschek, segundo texto autobiográfico.

Também no mesmo dia ocorreu a primeira transmissão radiofônica de um evento coletivo no canteiro de obras que se tornava a Fazenda Bananal, local da construção da nova capital. No final da primeira missa em Brasília, Kubitschek fez seu primeiro discurso oficial na nova cidade.

A atual aparência arquitetônica da Praça do Cruzeiro foi consolidada em 1974, a partir do projeto do arquiteto Oscar Niemeyer.

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Toda a renovação arquitetônica e paisagística surgiu a partir do Cruzeiro. O elemento principal da praça é uma base de planta circular, com o canteiro central gramado, onde está o Cruzeiro, rodeado por um anel de água e uma plataforma pavimentada com pedra portuguesa de cor branca, onde as pessoas circulam. A base é delimitada por um banco de concreto com formato em “C”, debaixo do qual podem ser colocadas velas.