28/06/2021 às 17:15, atualizado em 28/06/2021 às 17:19

População em situação de rua começa a ser imunizada

Para esse público, a Secretaria de Saúde reservou 950 doses da vacina Janssen, aplicada em dose única, com prioridade para os não abrigados

Por AGÊNCIA BRASÍLIA* | EDIÇÃO: ROSUALDO RODRIGUES

Nesta segunda-feira (28) começou a vacinação contra covid-19 na população em situação de rua do Distrito Federal. Para esse público, a Secretaria de Saúde reservou 950 doses da vacina Janssen – aplicada em dose única. As equipes do Consultório de Rua serão responsáveis pela aplicação do imunizante.

Francisco Souza, 35 anos: “Fico feliz em saber que o governo observa que nós também precisamos desta vacina” | Fotos: Geovana Albuquerque/Agência Saúde

Denise Ocampos, gerente de Atenção à Saúde de Populações em Situação Vulnerável e Programas Especiais, ressalta que é melhor imunizar a população em situação de rua com uma vacina de dose única, como é o caso da Janssen, por se tratar de um público que não costuma voltar para tomar a segunda dose.

“Foi o que ocorreu em outros estados que aplicaram vacinas que necessitavam de duas doses. Algumas pessoas perdem o cartão, outras se recusam a retornar”, ela explica. Segundo Denise, a estimativa é que, atualmente, o DF possua 2,2 mil pessoas em situação de rua.

[Olho texto=”“Estamos priorizando, neste momento, a população não abrigada, mais exposta à covid-19 e a outros agravos”” assinatura=”Denise Ocampos, gerente de Atenção à Saúde de Populações em Situação Vulnerável e Programas Especiais” esquerda_direita_centro=”direita”]

A vacinação está ocorrendo nos Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Centro Pop) do Plano Piloto e de Taguatinga e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) de Ceilândia. Também foram disponibilizadas 300 doses da CoronaVac para aplicação nos servidores da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) que atuam nessas instituições.

Prioridade para não abrigados

“Estamos priorizando, neste momento, a população não abrigada, mais exposta à covid-19 e a outros agravos. A situação de higiene em que vivem é precária, o que prejudica a prevenção. Além disso, muitos possuem comorbidades, são idosos, e isso aumenta o risco”, afirma Denise Ocampos. “À medida que forem chegando mais doses da Janssen, vamos ampliar a vacinação até que todos sejam imunizados”, acrescenta.

Denise lembra que vacinar as pessoas em situação de rua é uma maneira de dar a elas maior qualidade de vida e de prevenir a circulação do vírus em toda a cidade, já que essas pessoas circulam por todo o DF, muitas vezes sem máscaras.

Vacinado, Gilmar Melo, de 49 anos, ficou satisfeito em saber que com apenas uma dose já estará imunizado contra o vírus | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Saúde

Francisco Souza, 35 anos, disse estar grato em receber a imunização contra covid-19. “Fico feliz em saber que o governo observa que nós também precisamos desta vacina. Muitos moradores de rua estão pegando a covid-19 e morrendo. Nós também temos uma vida e ela tem valor”, afirma.

Para Gilmar Melo, de 49 anos, tomar a vacina da Janssen é um alívio. Ele afirma ainda que o deixa muito satisfeito saber que com apenas uma dose já estará imunizado contra a doença.

Vulnerabilidade

Cleomar Ferreira dos Santos, de 53 anos, foi a primeira a ser vacinada, pouco antes das 9h30 desta segunda-feira (28). Apesar da fisionomia assustada com a agulha, ela não escondeu a emoção. “É uma vitória. Eu tinha medo de não conseguir ser vacinada”, comemorou.

“E é muito bom que seja dose única, pois não é sempre que a gente consegue voltar aqui no Centro Pop. Agora, é continuar se protegendo e, depois, vida nova”, completa a cidadã, que espera poder contar com a imunização para conseguir uma colocação profissional. “Vou poder mostrar nas entrevistas de emprego que já estou vacinada e pronta para o trabalho”.

À medida que forem chegando mais doses da Janssen, a vacinação será ampliada até que toda a população em situação de rua esteja imunizada | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Saúde

Para Ivan Gomes, de 48 anos, a dose chega para coroar um grande momento em sua vida. “Virei autônomo e, após mais de ano nas ruas, estou saindo dessa situação e indo, finalmente, para minha casa.”

De acordo com a secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha, todos os usuários que estiverem na portaria dos Centros Pops vão ser vacinados, obedecendo o limite de doses. Os cerca de 180 cidadãos acolhidos no alojamento provisório montado no Estádio Maria de Lourdes Abadia (Abadião), em Ceilândia, também vão receber o imunizante.

“Trata-se de um público extremamente vulnerável, por ter contato com muitas pessoas ao longo do dia. O GDF sensibilizou-se com essa demanda, que tem o objetivo de chegar também às unidades de acolhimento e casas de passagem”, explica a gestora.

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Públicos da assistência social

Desde o início do ano, vários integrantes dos grupos prioritários atendidos pela Política de Assistência Social do DF já receberam o imunizante contra o vírus. Ainda em janeiro, 92 idosos abrigados em instituições de acolhimento foram vacinados.

Em março, 48 indígenas de diversas etnias acompanhados pelo Centro de Referência da Assistência Social (Cras) do Gama, tiveram acesso à primeira dose. Antes disso, porém, o trabalho alcançou 47 Guajajaras.

Em maio, as 17.182 pessoas com deficiência que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC) no Distrito Federal, com idade entre 18 e 59 anos, receberam mensagens de texto ou ligações telefônicas convocando-as para a vacinação contra a covid-19.

 

*Com informações das Secretarias de Saúde e de Desenvolvimento Social