15/10/2021 às 21:10, atualizado em 18/10/2021 às 09:05

‘A população se sente mais segura quando tem áreas mais iluminadas’

Com instalação de lâmpadas de LED, índices de criminalidade diminuem; presidente da CEB Ipes, Edison Garcia, anuncia investimento em energia voltaica

Por Catarina Lima, da Agência Brasília | Edição: Saulo Moreno

Fotos: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Luz de qualidade para quem tem uma emergência hospitalar durante a noite, para quem se dirige à delegacia na madrugada ou para quem quer apenas se divertir. Isso é o que oferece o programa Luz que Protege, da Companhia Energética de Brasília (CEB), responsável pela iluminação pública da capital. A iniciativa de sucesso que reduziu a violência na cidade e prevê a troca das lâmpadas de vapor de sódio por LED teve início com a comparação entre o Mapa do Distúrbio, elaborado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), e as áreas de maior violência na cidade.

De acordo com o presidente da CEB Iluminação Pública e Serviços (CEB Ipes), Edison Garcia, a maior violência acontecia justamente nos locais mais mal iluminados. A partir daí, teve início a melhoria na qualidade da iluminação da cidade. O DF registrou em 2020 e em 2021 as maiores reduções de violência dos últimos 41 anos. Ano passado, o DF teve a maior queda percentual de homicídios do Brasil (13,4%), comparado a 2019, de acordo com o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Além de melhorar a iluminação na cidade, a CEB segue com projetos arrojados. No momento, segundo Garcia, a empresa está se preparando para, em médio prazo, trocar a matriz energética dos prédios públicos do governo local. De acordo com o presidente da empresa, num período médio de tempo, toda a energia consumida pelos órgãos públicos do Governo do Distrito Federal será solar. O projeto, que está já em andamento, prevê a construção de duas usinas fotovoltaicas de 150 megawatts cada uma. A iniciativa cumpre a lei nº 6.891/2021, sancionada pelo governador Ibaneis Rocha, que estabelece que, até 2030, 75% da energia consumida por todos os prédios públicos do DF deverá ser de origem limpa.

“A gente quer trazer para Brasília dois projetos nos quais estamos trabalhando, que são usinas fotovoltaicas. Estamos avaliando a construção de usinas de 100 a 150 megawatts, usinas grandes, a serem construídas em terrenos de 200 hectares. Essas usinas vão gerar energia solar. Nosso foco é buscar em médio prazo gerar 100% de todo o consumo de energia dos prédios públicos GDF”, garantiu Edison Garcia.

Segundo o presidente da CEB, os principais consumidores de energia no governo local são a Companhia de Água e Esgoto de Brasília (Caesb) e o Metrô. De acordo com ele, cada usina deverá custar entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões. A primeira delas será financiada com 55 milhões de euros (R$ 349 milhões), fruto de um financiamento junto ao banco dos Brics, o NDB.

Edison Garcia disse que também serão investidos recursos próprios da empresa, resultado da privatização de parte da holding (CEB Distribuidora), além de participação da iniciativa privada. “A ideia é ter parceiros que, juntamente conosco, financiem as usinas fotovoltaicas”, destacou.

Confira os principais trechos da entrevista

Depois da privatização da CEB Distribuidora, o que a CEB Iluminação Pública e Serviços tem oferecido à população do DF?
Com os investimentos que serão feitos e com uma gestão mais ágil, a distribuidora prestará um serviço melhor e dará um futuro de mais tranquilidade no fornecimento de energia. Quanto à iluminação pública, digo com certeza que a população se sente mais segura quando tem áreas mais iluminadas. Hoje, as pessoas possuem um novo padrão de qualidade em termos de iluminação, devido às lâmpadas de LED que estão substituindo as de vapor de sódio.

Qual foi o critério estabelecido para a troca da iluminação antiga pela de LED?
A pergunta a ser feita é: onde você precisa de luz à meia-noite, às duas horas da manhã? E a resposta é: na porta de um hospital, de uma delegacia ou mesmo numa balada. Começamos a pensar onde precisávamos ter iluminação na madrugada. Numa conversa com o ex-secretário de Segurança Pública e atual ministro da Justiça Anderson Torres sobre como reduzir a violência com iluminação pública, ele nos apresentou o Mapa do Distúrbio, feito pela Secretaria de Segurança. Quando fizemos a sobreposição do mapa com a qualidade da iluminação, havia uma coincidência entre as áreas com falta de luz e os casos de violência. Assim, lançamos em 2019, o programa Luz que Protege, que buscou esses pontos e procurou mitigar ali a falta de luz.

Já é possível dizer que iluminação contribuiu para a redução da violência no DF?
O prefeito da 407 Norte esteve comigo para dizer da felicidade pela redução da violência e de furtos de veículos na quadra, devido à instalação da iluminação de LED. Tinha gente que escalava os prédios da quadra para furtar os apartamentos do primeiro andar. É grande a demanda da população por luz de LED. Para trocar as 305 mil lâmpadas que ainda faltam, precisaríamos de cerca de R$ 300 milhões. A CEB Iluminação Pública vai captar recursos que possibilitem fazer o investimento em dois anos, e trocar 100% das lâmpadas do DF. A fonte será o banco do Brics, o NDB, e investimentos por meio de parcerias público-privadas.