01/02/2022 às 13:59, atualizado em 01/02/2022 às 15:30

Abram as janelas, lá vem o fumacê!

GDF reforça ações de combate à dengue; dez carros borrifadores circulam diariamente por 12 cidades com maior número de registros

Por Rafael Secunho, da Agência Brasília | Edição: Chico Neto

Esse é o produto mais conhecido no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e outras arboviroses.  Uma fumaça branca, espalhada por um motor barulhento, mas que é “tiro e queda”: mata na hora os mosquitos adultos que sobrevoam os espaços. O inseticida de ultrabaixo volume (UBV), conhecido como fumacê, é uma das estratégias usadas pela Secretaria de Saúde (SES) na luta contra a dengue.

Produto borrifado é fundamental para garantir o extermínio dos focos do mosquito Aedes aegypti | Fotos: Joel Rodrigues/Agência Brasília

O composto usado no fumacê é feito à base de neonicotinoide, substância usada nos inseticidas, mas inofensivo a seres humanos. Durante este período chuvoso, a Vigilância Ambiental trabalha diariamente com dez caminhonetes de UBV que percorrem as cidades do DF onde foi identificada a circulação do vírus. Ao longo do mês de janeiro, 12 regiões administrativas têm recebido as visitas dos carros que borrifam o produto.

“Em Vicente Pires, por exemplo, o último boletim epidemiológico da secretaria apontou que houve um aumento significativo [de casos de dengue]”, conta o agente de Vigilância Ambiental Reginaldo Braga. “Tanto o boletim quanto as notificações dos casos feitos pelos profissionais da assistência em saúde direcionam os locais onde vamos aplicar o fumacê.”

Com a alta nos casos da dengue, as ruas de Vicente Pires têm recebido quase diariamente a aplicação do inseticida. Para aumentar a eficiência da ação, a borrifação em cada endereço é feita em três etapas, com intervalos de três dias. Cada veículo comporta 56 litros do produto, quantidade que dura em torno de quatro a cinco dias.

Horários cruciais

[Olho texto=”“Se a pessoa fecha as entradas, nós não vamos conseguir eliminar o mosquito que se encontra protegido dentro do imóvel e que pode estar infectado” ” assinatura=”Reginaldo Braga, agente de Vigilância Ambiental” esquerda_direita_centro=”direita”]

A aplicação é feita, usualmente, no início da noite ou ao amanhecer. No atual período, as caminhonetes da Vigilância Ambiental percorrem as ruas do DF no cair da tarde, a partir das 17h30. “Tecnicamente, são os horários em que a fêmea busca sangue para maturação dos ovos, e é mais fácil de pegá-la no voo”, explica o agente. “Além disso, é uma faixa horária em que normalmente as residências e imóveis comerciais estão abertos”.

A borrifação de UBV é a técnica empregada para combater o mosquito na fase adulta, quando o inseto está apto a transmitir a dengue. Na fase de larva, o Aedes aegypti é combatido por uma pastilha que elimina o filhote ainda no ciclo aquático. Há também o trabalho perifocal feito pelas equipes da SES, com visitas quinzenais a locais com grande potencial de procriação do mosquito da dengue como borracharias e ferros-velhos.

Abertura de janelas e portas

Edson Gomes, morador de Vicente Pires, elogia a ação, mas reforça: “Não devemos deixar de fazer o dever de casa, que é eliminar a água parada e limpar o terreno”

A orientação da Vigilância Ambiental é que, quando o fumacê passa pelas ruas, devem-se abrir as janelas e, se possível, também as portas das residências. “Se a pessoa fecha as entradas, nós não vamos conseguir eliminar o mosquito que se encontra protegido dentro do imóvel e que pode estar infectado”, reforça Reginaldo Braga.

Segundo a SES, foram notificados 800 casos prováveis de dengue somente na primeira quinzena de janeiro. O quantitativo recomenda aguçar a precaução. “O fumacê é um método muito importante para o combate à doença”, endossa o bombeiro Edson Gomes, 48 anos, morador da rua 10 de Vicente Pires. “Sempre deixo o carro [do fumacê] entrar na minha garagem, na área de fundo para borrifar – mas não devemos deixar de fazer o dever de casa, que é eliminar a água parada e limpar o terreno”.

Vizinho de Edson, o aposentado Raimundo Lima, 79, também elogia a ação na região onde mora: “É um serviço muito útil. É a primeira vez que vejo o carro aqui, e sei que é essencial para espantar esse mosquito perigoso”.

Arte: Agência Brasília