17/04/2022 às 15:02, atualizado em 18/04/2022 às 12:04

Migração que virou filme

Jornalista brasiliense mostra em documentário a vinda de seu pai e tios para Brasília

Por Catarina Lima, da Agência Brasília | Edição: Rosualdo Rodrigues

A migração do maranhense Eliézer Alcântara Lima e de seus 11 irmãos para Brasília durou 20 anos. A saga de duas décadas acabou se tornando um documentário feito pela filha dele, a jornalista Larissa Leite. A família iniciou a mudança para Brasília logo após a inauguração da nova capital, fugindo da vida difícil na pequena Presidente Dutra, no Maranhão.

Larissa Leite, o filho Santiago e o pai Eliézer: “Contesto todos que dizem que Brasília é uma cidade estranha. Não é mesmo” | Fotos: Renato Araújo/Agência Brasília

Eliézer, hoje com 68 anos, aposentado do Banco Brasil, pai de cinco filhos, avalia que atingiu seu objetivo: conseguir equilíbrio financeiro. Já os filhos tiveram mais liberdade para buscar seus caminhos, como é o caso de Larissa, que, em vez da estabilidade do serviço público, encontrou a satisfação no instável mercado jornalístico.

[Olho texto=”“Eu lia as cartas e enxergava claramente a possibilidade do roteiro. Queria documentar a trajetória impressa ali, em papéis já desgastados pelo tempo, em movimento” ” assinatura=”Larissa Leite, jornalista” esquerda_direita_centro=”direita”]

Larissa, hoje casada, mãe de um menino de 4 anos, Santiago, e à espera de uma menina, define Brasília como uma cidade que lhe proporcionou muitas oportunidades. Criada no Guará, entre avós e tios – também vindos do Maranhão – e muitos primos, ela classifica a capital como acolhedora. “Minha infância foi muito preenchida, livre, não havia vazio”, lembra.

A convivência estreita com parentes possibilitou à jornalista ler as cartas que seu pai, tios e avós trocaram durante os 20 anos de migração. Daí surgiu a ideia de fazer o documentário Cartas de Brasília. “Eu lia as cartas e enxergava claramente a possibilidade do roteiro”, afirma.

”Queria documentar a trajetória impressa ali, em papéis já desgastados pelo tempo, em movimento, em passos que voltariam ao passado e, quem sabe, trariam novos significados ao presente, a essa história particular que, ao mesmo tempo, é de tantas famílias brasileiras que apostaram em Brasília”, conta.

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Para ela, seu pai e irmãos conseguiram proporcionar aos filhos, aqui em Brasília, uma estrutura não só financeira, mas familiar. “Gosto muito de Brasília, acho que ela possibilita muitas oportunidades. Contesto todos que dizem que é uma cidade estranha. Não é mesmo”, diz Larissa, que planeja criar seus dois filhos na capital onde cresceu.

Enquanto Eliézer e irmãos buscaram em Brasília a estabilidade, a geração de Larissa e de seus primos queria a realização profissional. “Nós, primos, tivemos a liberdade de fazer nossas escolhas. Tenho primo físico, médico… Tivemos a possibilidade de escolher entre várias profissões”, avalia a jornalista. A filha de Eliézer pensa em Brasília com carinho e diz querer retribuir à cidade o que ela deu à sua família.

Migração que virou filme