06/05/2022 às 14:48

Pedal Cidadão: de bicicleta, rumo a um futuro diferente

Projeto retoma atividades prejudicadas pela pandemia, mas precisa de material para seguir capacitando cada vez mais pessoas em situação de rua

Por Agência Brasília* | Edição: Rosualdo Rodrigues

Davi Silva dos Santos, 42 anos, chegou ao Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) de Taguatinga e logo se engajou na Banda Vozes da Rua, projeto musical desenvolvido na unidade localizada na QNF 24.

Quase 200 bikes já foram reformadas pelo Pedal Cidadão; cada participante ganha uma e as demais são doadas a pessoas em vulnerabilidade | Fotos: Ádamo Dan/Sedes-DF

Porém, neste ano, com a necessidade de buscar novos conhecimentos para tentar voltar ao mercado de trabalho, ele iniciou no Pedal Cidadão. A iniciativa, responsável por qualificar profissionalmente pessoas em situação de rua, já capacitou quase 30 cidadãos ao longo de quatro anos.

[Olho texto=”“(O Pedal Cidadão) É uma forma de dar dignidade e cidadania a essas pessoas. Todos podemos participar dessa ação tão valiosa”” assinatura=”Mayara Noronha Rocha, secretária de Desenvolvimento Social” esquerda_direita_centro=”direita”]

“Quando eu terminar esse curso, vou colocar no meu currículo e aumentar minhas chances de voltar ao mercado de trabalho”, acredita o acolhido pela casa de passagem da região, que desde os 7 anos está nas ruas. “Morávamos no Setor O, e meus pais, apesar de servidores públicos, tinham uma condição financeira apertada por conta dos nove filhos, então decidi sair para arrumar um emprego e ajudar, mas nunca mais voltei”, explica.

Durante os últimos dois anos, o Pedal Cidadão foi severamente afetado pela pandemia, mesmo com os Centros Pop ampliando a rotina e a capacidade de atendimento. “As oficinas são presenciais e não era permitido executá-las. Além disso, o trabalho culmina num grande passeio ciclístico em 19 de agosto, quando celebra-se o Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua”, relembra o agente social Wendel Viana, idealizador do projeto.

Quem quiser oferecer ao projeto bicicletas, partes delas ou materiais gerais basta entrar em contato com o Centro Pop de Taguatinga, diariamente, das 7h às 19h

De acordo com o servidor da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), quase 200 bicicletas já foram reformadas ao longo dos anos pelos oficineiros. Perguntado para onde foram essas bikes, Viana responde com empolgação. “Esta é a melhor parte: cada participante ganha uma e as demais doamos para adultos e crianças em situação de vulnerabilidade”.

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Muitos participantes usaram o equipamento para regressar ao mercado de trabalho. Além de alguns que foram contratados por lojas de conserto, montagem e manutenção de bicicletas, outros viraram entregadores de comida por aplicativo, principalmente nas regiões de Taguatinga, Águas Claras e Samambaia.

Para conseguir as sucatas, a equipe da unidade encaminha ofícios de solicitação para delegacias de polícia, quartéis e demais órgãos de fiscalização responsáveis por fazer apreensão dessas bicicletas envolvidas em ilícitos. “Sem esse material, não tem como realizar as aulas, pois elas são majoritariamente práticas. Atualmente temos apenas 10 e mal dá para começar com essa quantidade. Qualquer bike, em qualquer estado, é de grande valia para o projeto”, frisa o idealizador.

De acordo com a secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha, trata-se de uma iniciativa fundamental para o processo de reinserção social desse público. “É uma forma de dar dignidade e cidadania a essas pessoas. Todos podemos participar dessa ação tão valiosa”, destaca.

Para oferecer bicicletas ou partes delas, bem como materiais gerais, basta entrar em contato com o Centro Pop de Taguatinga, diariamente, das 7h às 19h.

*Com informações da Secretaria de Desenvolvimento Social do DF