09/06/2022 às 11:10, atualizado em 09/06/2022 às 11:19

Fiscalização de aquicultura garante saúde de animais e sucesso do setor

Produção de peixes, camarões e rãs é monitorada pela Secretaria de Agricultura para evitar propagação de doenças e prejuízos econômicos aos criadores

Por Catarina Loiola, da Agência Brasília | Edição: Carolina Lobo

O Distrito Federal reúne, atualmente, 788 explorações de animais aquáticos cadastradas no sistema de defesa agropecuária da Secretaria de Agricultura (Seagri). Entre as espécies desenvolvidas, destaque para a tilápia: 540 das explorações, equivalente a 68,5% do total, produzem o peixe de água doce, popular na capital federal.

O restante dos aquicultores cria tambaqui, pintado e outros peixes redondos, como pacu, tambacu e pirapitinga, bem como matrinchã, carpas, piau, tucunaré, lambari, camarão-marinho, camarão-gigante-da-malásia e rã-touro.

A Seagri acompanha a situação dos criadores para evitar a proliferação de doenças de notificação obrigatória, ou seja, que podem causar prejuízos à cadeia produtiva e ao ser humano. A pasta realiza visitas recorrentes para fiscalizar a produção, atualizar cadastros e acompanhar variações sanitárias. De 2019 até 2021 foram realizadas 84 visitas, sendo 22 em 2019, 19 em 2020 e 43 em 2021. Entre janeiro deste ano e a última segunda-feira (6), foram 24.

Atualmente, o sistema de defesa agropecuária da Seagri tem cadastradas 788 explorações de animais aquáticos | Fotos: Renato Araújo/Agência Brasília

“Olhamos para a saúde dos animais para garantir o estado sanitário adequado. Se é encontrada alguma suspeita de doença ou problema no manejo, já fazemos os procedimentos dentro da propriedade mesmo. O objetivo é manter a qualidade dos animais, porque no futuro serão consumidos por alguém”, explica o coordenador de Sanidade de Animais Aquáticos da Seagri, Ricardo Raposo. Do total de produções aquicultoras do DF, 663 são para consumo próprio e 125 são comerciais.

Monitoramento

Em caso de suspeita de variações sanitárias e em fiscalizações de rotina, são coletadas amostras do cérebro, rim, baço e fígado de animais mortos, recolhidos nos tanques, para averiguar a presença de vírus e bactérias por análise laboratorial. Também são observados sinais clínicos de doenças, como manchas no corpo, olhos saltados, escurecimento da pele e nado errático.

O coordenador de Sanidade de Animais Aquáticos da Seagri, Ricardo Raposo, diz: “O objetivo é manter a qualidade dos animais, porque no futuro serão consumidos por alguém”

Nos peixes, são controladas com rigor as doenças virais Tilapia Lake virus (TiLV) e a necrose infecciosa esplênica e renal (ISKNV, sigla em inglês) e as bacterianas Estreptococose e a Franciselose. Todas causam alta mortalidade e complicações físicas e neurais nos bichos, como manchas e letargia. Nos camarões, são controladas a doença das manchas brancas e a Mionecrose Infecciosa. E nas rãs, a Ranavirose e a Quitridiomicose.

Em 2021, houve um registro de Franciselose no DF, em que o produtor precisou fazer o despovoamento do tanque de produção, para evitar a propagação da doença. No mesmo ano, um aquicultor perdeu um cardume para a Estreptococose, em que todos os animais morreram naturalmente. Já as outras duas doenças, causadas por vírus, não têm registros na capital federal.

Segundo Ricardo Raposo, as manifestações das doenças são escassas devido à participação ativa da Seagri nas explorações e pelo modelo de cultivo do DF, que dificulta o surgimento de patógenos. “É uma parceria entre o governo e os produtores. Muitas vezes, quando uma doença é detectada no estágio inicial, conseguimos evitar que ela se espalhe, reduzindo a perda dos animais e evitando que passe para vizinhos ou contamine rios e córregos”, completa.

Vigilância

Ainda durante as visitas, são analisadas as condições da água dos criadouros, que devem estar com nível adequado de oxigênio e amônia (excremento do peixe), bem como se há itens exigidos pela fiscalização na propriedade. Exemplo disso são as composteiras, que servem para a decomposição de animais mortos e a produção de adubo.

O caseiro Anastácio Gomes, que trabalha diariamente com a produção de tilápias, conta que o apoio do GDF é essencial para os resultados da produção

Sem o artifício, os cadáveres podem ser descartados de forma incorreta e causar desequilíbrios ambientais e até infecções em outras espécies, como em cachorros que desenterram os peixes mortos e pássaros que se alimentam das carniças.

Se for verificado algum problema, o produtor recebe orientações e um prazo para cumprir a demanda. Posteriormente, sem atendimento ao ponto requisitado, pode haver a aplicação de multas.

Apoio

Em Planaltina, o caseiro Anastácio Gomes, 56 anos, trabalha diariamente com a produção de tilápias. São mais de 15 mil peixes, divididos em três tanques, que recebem café da manhã, almoço e jantar. Em todas as refeições, o cardápio é o mesmo: ração. Também há o cuidado com o nível de oxigênio da água, com medição diária.

Há quatro anos na fazenda, ele conta que o apoio do Governo do Distrito Federal (GDF) é essencial para os resultados da produção. “Essa assistência que eles nos dão ajuda bastante, antecipa o nosso lado. Com o peixe ruim, não tem como vender, né”, diz o caseiro, que tem mais de duas décadas de experiência no setor rural. Por semana, a fazenda comercializa cerca de 100 kg de tilápia para feirantes e outros distribuidores locais.

Fiscalização de aquicultura garante saúde de animais e sucesso do setor