Brasília, 2 de agosto de 2022 – Com sua fórmula que mistura realismo mágico, sabores da culinária mexicana e pitadas de erotismo, o romance Como Água para Chocolate, da escritora Laura Esquivel, virou um sucesso instantâneo da noite para o dia. A história, baseada nos amores e conflitos familiares da jovem Tita, vendeu milhões de livros e foi traduzida para 30 idiomas, além de ganhar uma adaptação premiada para o cinema em 1992, pelas mãos do diretor Alfonso Arau.
Passados 30 anos, a produção mexicana será destaque na abertura da V Mostra de Cinema Latino-Americano e Caribenho deste ano. O evento, que tem início nesta quinta-feira (4), no Cine Brasília, com entrada franca e aberto ao público, segue até o dia 13, celebrando a cidade idealizada por Lucio Costa. Entre os convidados especiais, estão representantes da Espanha e de Portugal.
“Inquestionavelmente, o filme [Como Água Para Chocolate] tem muitos valores estéticos, mas isso não valeria nada se não tivesse nada para contar”, avalia Laura Esquivel, atual embaixadora do México no Brasil. “Para que o público se interesse por um filme, ele deve ter personagens interessantes que vivam um conflito que prenda a atenção do espectador. Uma boa história é a chave principal para um bom filme. Como Água para Chocolate encontrou o ‘fio preto’ do cinema de sucesso: uma história interessante, bem executada e, não podemos esquecer, comercializada com inteligência.”
O Apóstolo, em cartaz no dia 8 | Foto: Divulgação
Realização do grupo da América Latina e do Caribe (Grulac) – uma das cinco entidades regionais das Nações Unidas, com apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) -, a mostra reúne filmes de 19 países, entre eles o Brasil, com o impactante Pureza, do diretor Renato Barbieri. Baseado na história real da personagem-título, o trabalho aborda tema vergonhoso em pleno século 21 e, por isso, pertinente: o trabalho escravo.
Produções raras
“Estou feliz que Pureza esteja nessa mostra, porque algumas críticas que saíram vincularam o filme a uma tradição latino-americana de fazer um tipo de cinema humanista que se faz no nosso continente”, diz. “E é bom voltar ao Cine Brasília depois do lançamento ali; Pureza tem tido uma carreira exultante nos cinemas e festivais, com 28 prêmios acumulados”, festeja o cineasta de filmes como Cora Coralina – Todas as Vidas (2015) e As Vidas de Maria (2005).
É uma oportunidade única para ver produções de países do continente latino-americano e caribenho que raramente entraram em cartaz por aqui. Além de filmes do México e do Brasil, poderão ser apreciadas pelo público produções de outros países como Argentina, Uruguai, Chile, Peru, El Salvador, Panamá, Bolívia, Paraguai, Equador, Costa Rica, Colômbia, Barbados, Nicarágua, República Dominicana e Cuba, bem como dos irmãos ibero-americanos Espanha e Portugal.
São trabalhos como o drama Avenidas (2013), da uruguaia Daniela Sparanza, e a comédia Cachimba (2004), do chileno Silvio Caiozzi. O primeiro narra as agruras e superações de três mulheres de gerações diferentes; o segundo, as aventuras e trapalhadas de um bancário que descobre uma coleção de quadros valiosos. Da Costa Rica, o destaque é a história de amor e saudade de uma neta por sua avó no comovente De Olhos Fechados.
Capital das Culturas
A quinta edição do Festival de Cinema Latino-Americano e Caribenho entrou para a lista de comemorações de Brasília como Capital Ibero-americana das Culturas 2022. O título foi concedido à capital pela União de Cidades Capitais Ibero-americanas (Ucci) e visa valorizar e promover a diversidade cultural desses países.
“Por isso, nesta edição do festival, é uma honra ter Espanha e Portugal como convidados especiais, além da apresentação inédita de um filme brasiliense durante a programação”, destaca a chefe do Escritório de Assuntos Internacionais (EAI), Renata Zuquim.
Confira, abaixo, a programação completa da V Mostra de Cinema Latino-Americano e Caribenho.
Quinta-feira (4)
?18h – Cerimônia de abertura
?18h30 – México: Como Água para Chocolate, de Alfonso Arau
Sexta-feira (5)
?18h – Argentina: Sonho Florianópolis, de Ana Katz
?20h30 – Uruguai: Avenidas, de Daniela Sparanza
Sábado (6)
?15h30 – Chile: Cachimba, de Silvio Caiozzi
?18h30 – Portugal: Ruth, de António Pinhão Botelho
Domingo (7)
?15h30 – Peru: Viagem a Tombuctú, de Carmen Rossana Diaz Costa
?18h30 – El Salvador: A Palavra do Pablo, de Artur Menéndez
Dia 8
?18h30 – Panamá: Donaire e Esplendor, de diretor Arturo Montenegro
?21h – Espanha: O Apóstolo, de diretor Fernando Cortizo
Dia 9
?18h30 – Bolívia: Juana Azurduy: Guerrilheira da Pátria Grande, de Jorge Sanjinés
?20h30 – Paraguai: Matar um Morto, de diretor Hugo Giménez
Dia 10
?18h30 – Equador: O Vigário. de Tito Jara H
?21h – Costa Rica: De Olhos Fechados, de Hernán Jimenez
Dia 11
?18h30 – Colômbia: Jinetes del Paraíso, de Talía Osorio Cardona
?20h30 – Barbados: Sonho do Panamá, de Alison Saunders
Dia 12
?18h30 – Nicarágua: As Mulheres do Wangki, de Rossana Lacayo
?20h30 – República Dominicana: De María África a María Montez, de Jesús Reyes Mota
Dia 13
?15h – Cuba: Inocência, de Alejandro Gil Álvarez
?18h30 – Brasil: Pureza, de Renato Barbieri
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