04/10/2022 às 16:28, atualizado em 08/10/2022 às 10:32

Policiais militares garantem segurança dentro e fora das escolas

Batalhão Escolar é composto por mais de 150 profissionais e tem como objetivo a prevenção e repressão de criminalidade em unidades de ensino públicas e particulares

Por Catarina Loiola, da Agência Brasília | Edição: Chico Neto

Brasília, 26 de setembro de 2022 – A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), por meio do Batalhão Escolar, desenvolve um trabalho de combate à violência e à criminalidade em mais de 1,4 mil unidades de ensino do DF. As ações são divididas nos eixos comunitário, preventivo e repressivo.

O efetivo é composto por 158 policiais militares, divididos em quatro companhias que atendem a todas as 33 regiões administrativas. O serviço abrange desde o ensino fundamental ao superior, em escolas públicas e particulares, além de universidades, faculdades e centros interescolares.

Equipe de policiais atua a pedido das diretorias das unidades de ensino | Fotos: Renato Araújo/Agência Brasília

Todas as ações só ocorrem mediante pedido da diretoria da unidade de ensino. As instituições públicas podem acionar o Batalhão Escolar por meio do Sistema Eletrônico de Informações (SEI) do Governo do Distrito Federal. Já as particulares, que não têm acesso ao sistema, podem entrar em contato diretamente com a Polícia Militar, disponível aqui. Em caso de ocorrências nos arredores das escolas, a população pode ligar para o número 190. O caso será destinado e tratado pelo Batalhão Escolar.

Atuação

O eixo comunitário é composto por atividades educativas abertas a toda a comunidade escolar ou restritas aos estudantes. São palestras e distribuição de cartilhas sobre temas como bullying e atentados contra a vida, entre outros.

Já o eixo preventivo contempla visitas policiais às unidades de ensino que apresentam indícios de criminalidade, após pedido da diretoria. “Muitas vezes, os diretores relatam episódios de violência, como ameaças ou discussões entre os alunos, e são orientados sobre como agir”, explica o segundo tenente Ramiro, integrante do Batalhão Escolar.

Por fim, o eixo repressivo busca impedir práticas criminosas, como porte de armas e drogas, bem como violência entre estudantes ou contra os docentes. A atuação é dividida em quatro operações: Varredura, Escola Livre, Blitz e Bloqueio, implementadas a depender da situação.

“Cada eixo é uma evolução do problema, e começamos com o trabalho educativo para evitar que chegue no eixo repressivo”, aponta Ramiro. Ele lembra que os profissionais, antes de compor as equipes, passam por treinamento específico com duração de três meses.

Segurança como prioridade

Na operação Varredura, o objetivo é identificar objetos inadequados ao ambiente escolar nas bolsas e mochilas dos alunos – como entorpecentes, cigarros eletrônicos e bebidas alcoólicas – e ilícitos, como armas brancas, simulacros e armas de fogo, além de itens perfurocortantes, como canivetes e tesouras afiadas. 

[Olho texto=” “Assim que entramos em sala, explicamos todo o procedimento e a importância para a segurança do aluno. Muitos já levantam a mão e mostram os objetos”” assinatura=”Segundo tenente Ramiro, do Batalhão Escolar” esquerda_direita_centro=”direita”]

Os policiais entram ao mesmo tempo nas salas indicadas pela própria escola, para impedir troca de informações entre alunos e o possível descarte do material. Em sala, os profissionais, juntamente com representantes da direção, explicam aos alunos do que se trata a Varredura e o que motivou a operação.

O próximo passo é a vistoria das mochilas, em que os militares abrem as bolsas na frente dos estudantes. Caso seja encontrado algum item contraindicado no ambiente escolar, a pessoa responsável pelo aluno é convocada para tratar do assunto com a direção da escola.

Quando são encontradas armas brancas, simulacros, armas de fogo ou porções de drogas, como maconha, o aluno é levado para a Delegacia da Criança e do Adolescente mais próxima, e há a convocação dos pais e responsáveis. Ramiro explica que, normalmente, não há resistência dos estudantes à presença policial.

Sônia Maria Batista, avó de uma estudante de 12 anos: “Me sinto muito mais segura, porque sei que minha neta estará protegida, juntamente com os outros alunos”

 “Assim que entramos em sala, explicamos todo o procedimento e a importância para a segurança do aluno”, relata. “Muitos já levantam a mão e mostram os objetos”. Entre janeiro e agosto deste ano, foram encontrados 55 armas brancas e quatro simulacros de arma de fogo durante as operações Varredura.

Ainda no eixo repressivo, há a operação Escola Livre, acionada quando há suspeita ou registros do porte de arma de fogo entre os estudantes. Na ação, os policiais utilizam detectores de metais após a entrada dos alunos na escola para a identificação dos itens.

Já a operação Blitz busca identificar problemas na parte externa do ambiente escolar, correspondente a até 100 metros a partir da unidade de ensino. “Vistoriamos ônibus e vans escolares e verificamos se há a venda de bebidas alcoólicas ou cigarros para menores de idade, por exemplo, ou ainda se há movimento de tráfico de drogas perto da escola”, enumera o segundo tenente Ramiro.

Por fim, a operação Bloqueio é implementada em situações consideradas graves, com a execução conjunta das outras três operações (Varredura, Escola Livre e Blitz), com o apoio de outros órgãos e setores da Polícia Militar, como o Batalhão de Policiamento com Cães.

Na prática

Na última semana de agosto, o Batalhão Escolar promoveu uma operação Varredura no Centro de Ensino Fundamental 405 do Recanto das Emas. A atuação militar foi solicitada após registro de arma branca na escola. Uma equipe de 14 policiais vistoriou três salas de aula, previamente selecionadas, e encontrou uma tesoura afiada em uma das mochilas. Na semana anterior, a operação também ocorreu no período matutino, em todas as 15 turmas.

A escola atende 900 alunos no ensino regular, no período diurno, e 300 no período noturno, com a Educação para Jovens e Adultos (EJA). 

“Temos sempre procurado meios para amenizar a agressividade dos alunos e colaborar com a cultura de paz, uma vez que a escola está inserida em um cenário de vulnerabilidade”, aponta o diretor, Clóvis Fonseca. “Isso transmite segurança para os pais e também tranquilidade para os nossos alunos, que já percebem que os policiais comparecem com frequência. Sempre que há uma situação, não deixamos passar, chamamos o Batalhão.”

Avó de uma aluna de 12 anos, a aposentada Sônia Maria Batista, 56, acredita que a atuação policial no ambiente escolar é sinônimo de tranquilidade para os pais e responsáveis pelos estudantes. “Me sinto muito mais segura, porque sei que minha neta estará protegida, juntamente com os outros alunos”, afirma.

Policiais militares garantem segurança dentro e fora das escolas